O desenvolvimento da chamada ‘economia do mar’ ou ‘economia azul’ tem potencial para transformar o Ceará em uma liderança continental nos próximos dez anos nesse segmento. Essa é a avaliação de um dos principais especialistas mundiais no assunto, o economista português Miguel Marques, que participou ontem do painel de encerramento do Fórum Brasil Portugal, iniciado na última quarta-feira, 7.
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Para ele, desde que o Estado continue investindo “em alterar o paradigma tecnológico de procedimentos e de infraestrutura fabril, em dez anos será uma potência do continente americano”. O economista destacou que o Ceará já possui o maior número de ligações de cabos submarinos da América Latina e que outros setores como a indústria pesqueira e o turismo litorâneo também estão contribuindo para o crescimento dessa cadeia econômica ligada aos oceanos.
Marques acrescentou que o Estado deveria investir mais fortemente em energias oceânicas renováveis, principalmente na implantação de usinas eólicas ‘off shore’, ou seja, construídas no mar. Nesse quesito, o especialista lembra que a Europa detém a liderança mundial nesse tipo de tecnologia, mas chama a atenção para os pesados investimentos que a China tem feito e que credenciam o país asiático para tomar essa dianteira até 2026. Voltando a falar sobre o Ceará, ele citou ainda o potencial da produção de hidrogênio verde.
Durante o debate foram apresentados alguns números da indústria pesqueira no Ceará, incluindo a geração de empregos diretos e indiretos. “O Estado tem uma produção anual de 8 a 9 mil toneladas de atum e a esse produto temos agregado valor com o uso de novas tecnologias, inclusive algumas ainda não utilizadas no Brasil”, explica Paulo Gonçalves.
Ele acrescenta que “em termos de mão de obra, temos 4 mil pessoas embarcadas na pesca da atum, 10 mil na produção lagosteira, de 35 a 40 mil na de peixes vermelhos, além de mais 5 mil trabalhadores na parte industrial. Mas vale lembrar que para cada pessoa empregada de forma direta no setor, temos outras quatro empregadas de forma indireta, dando suporte”.
Também ontem, outro painel discutiu ‘A Sustentabilidade do Agronegócio’, quando foi destacada a modernização da agropecuária cearense na direção de produzir mais com menos impactos ambientais e de apostar na diversificação de culturas, mas também foi debatida a questão das mudanças climáticas e a gestão dos recursos hídricos nesse contexto.
Saídas
Especialistas apontaram a modernização da agropecuária cearense na direção de produzir mais com menos impactos ambientais e de apostar na diversificação de culturas
Agro
No Fórum Brasil Portugal também foi discutida a sustentabilidade do agronegócio e como a questão da gestão dos recursos hídricos impacta esse contexto e o futuro da produção no Estado