O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Ceará (Sindicam-CE), Clóvis Fava Filho, descartou a possibilidade de uma greve nacional da categoria e até da paralisação prevista para o próximo dia 25 de julho, tal como chegou a ser anunciado no mês passado pelo Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), entidade criada em setembro de 2020.
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O CNTRC é uma das diversas instituições que representam os caminhoneiros no País, surgidas após a greve da categoria realizada em 2018. Na época, caminhoneiros de 24 estados (incluindo o Ceará) e do Distrito Federal fizeram uma paralisação que durou cerca de dez dias com bloqueios de rodovias, causando desabastecimento de mercadorias e de combustível.
Entre as principais reivindicações daquele movimento, estavam o estabelecimento de uma tabela regulando preços mínimos de frete, além da redução no preço do diesel, combustível utilizado nos caminhões. As duas pautas foram atendidas pelo então presidente Michel Temer, após tensas negociações. “Essa foi uma vitória nossa. O problema é que muita gente ainda aceita pegar frete por valores abaixo do definido por lei”, criticou o presidente do Sindicam-CE, ao comentar também o reajuste médio de 5,8% na tabela dos fretes autorizado, também ontem, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Desde o ano passado, o fantasma de uma nova paralisação voltou à tona, após uma sequência de reajustes de combustíveis. Nesse contexto, um protesto de caminhoneiros autônomos bloqueou, ontem, a CE-155, estrada de acesso ao Porto do Pecém. Na pauta dos manifestantes, novamente aparece a questão dos altos preços do diesel. Outra reclamação feita no ato foi quanto às condições das estradas, notadamente da própria via em que foi realizada a manifestação. Os dois fatores, segundo os profissionais estariam diminuindo a produtividade da categoria e aumentando os custos com a manutenção dos veículos.
Para Clóvis Fava Filho, no entanto, o ato foi um movimento isolado. “Não contaram com nosso apoio, embora seja um direito deles de realizar o protesto. Nós e a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), estamos em diálogo constante com as autoridades governamentais, principalmente o Governo Federal. Não existe necessidade, motivo e nem momento adequado para se fazer uma greve e paralisar o País, quando mal se tem mercadoria para transportar e muita gente está parada por essa razão”, acrescentou.
Por sua vez, o presidente da Câmara Setorial de Logística do Ceará, Marcelo Maranhão, classificou a manifestação realizada no Pecém de “pacífica”. Ele firmou que ela foi idealizada pelos próprios profissionais autônomos, sem a contribuição das empresas e disse que a atual situação dos autônomos é quase insustentável, por conta do aumento dos custos. Ele lembrou ainda que "todos os produtos que entram e saem do Porto do Pecém têm participação dos caminhoneiros autônomos".
Sobre as reivindicações de ontem e a possibilidade de uma paralisação geral dos caminhoneiros, O POVO fez uma série de consultas às entidades estaduais e nacionais. O Complexo do Pecém informou, por meio de nota, que a manifestação atrasou em pouco mais de 2 horas a entrega de algumas mercadorias, mas não chegou a comprometer a movimentação de cargas no Porto”.
A Superintendência de Obras Públicas (SOP) do Ceará limitou-se a dizer que “executa atualmente mais de 450 km de novas rodovias no Ceará: 91 km de duplicação; 284 km de pavimentação e 77 km de restauração". "Nesta conta estão os mais de 20 km em duplicação da CE-155, ligando a BR-222 e o Porto do Pecém. A SOP trabalha também no novo Pacote de Recuperação Funcional”.
Já o Ministério da Infraestrutura disse que “mantém uma agenda permanente de diálogo com as verdadeiras e principais entidades representativas da categoria” e acrescentou que “avança, com recursos próprios, em diversas obras, entre elas, da BR-222/CE”. Já o Ministério da Economia disse que não comentaria o assunto.