O dia 26 de fevereiro de 2020, uma Quarta-Feira de Cinzas que dura até hoje, marcou a chegada da Covid-19 no Brasil. Já a mesma data de 2022, um sábado, pode marcar um reinício para o Carnaval e toda a cadeia produtiva que ele envolve. O avanço da vacinação se reflete em otimismo entre organizadores de alguns dos maiores eventos carnavalescos do Estado.
Cidades como Aracati, Fortaleza e Guaramiranga, que os recebem, já vacinaram mais da metade de suas respectivas populações adultas, com ao menos uma dose, e mais de 20% com as duas doses ou com dose única. Esses números estão acima da média nacional, aliás. A abertura de inscrições (iniciada no último domingo, 1°) para realização de 20 eventos-teste, no Estado, com até 300 pessoas, também ajuda a alimentar tais expectativas positivas.
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Maria Amélia Mamede, diretora do Festival Jazz & Blues, confirmou à reportagem que inscreveu uma proposta de evento-teste para verificar a viabilidade de realizar o tradicional evento carnavalesco alternativo em Guaramiranga. “A gente já a encaminhou por e-mail e nós temos muito interesse. Temos acompanhado, inclusive, um pouco do que tem acontecido em outros locais que realizam eventos-teste, especialmente na Holanda. Lá eles realizaram alguns deles, também durante picos pandêmicos”, citou ao defender a importância experiência.
Além de mirar os eventos-teste do Governo do Estado, a organizadora do festival afirmou que também está em contato com as autoridades daquele município do Maciço do Baturité, primeiro no Ceará a vacinar toda a sua população adulta com ao menos uma dose. “A projeção deles é que até agosto concluam a vacinação com as duas doses e 15 dias depois devem autorizar os primeiros eventos, obedecendo alguns critérios. Daí, a gente quer fazer uma versão menor do Jazz & Blues em setembro já para avaliar como pode ser feito em fevereiro do próximo ano”, antecipa.
Quem também está de olho nos eventos-teste com vistas ao Carnaval de 2022 é o cantor, compositor e produtor cultural Pingo de Fortaleza, que comanda o Maracatu Solar. Ele afirma que “a coisa deve caminhar nessa direção, embora com algumas medidas de restrição. Nós, por exemplo, começamos em julho com aulas híbridas da nossa orquestra, onde vinte alunos ficam em um galpão, com distanciamento social e tem funcionado”. Ele acrescenta que a decisão se deu “numa perspectiva de que a coisa está melhorando e acho que é até uma necessidade social já que essa é a maior festa brasileira”.
Pingo de Fortaleza diz que também tem acompanhado experiências de outros países com eventos-teste. “Vimos que em alguns lugares já chegaram a testar com cinco mil pessoas. Acho importante realizar esses testes para que você possa constatar o percentual de público que pode ter nesse momento. Quer dizer, o teste vai ser sempre proporcional à realidade do momento que estamos vivendo na pandemia e se precisarem podem contar com a gente para ajudar com isso”, afirmou. A cidade que o artista adotou como sobrenome tem hoje 54,7% de sua população adulta vacinada com uma dose e 20,5% com o ciclo vacinal completo.
Por sua vez, Luan Mota, secretário da Cultura de Aracati, município que tem um dos maiores carnavais de praia do Estado e do País, há total interesse na realização de eventos-teste visando realizar a festa popular no ano que vem. “A gente obedece e louva os protocolos, encara isso com muita responsabilidade, acreditando na vacinação, mas de antemão podemos dizer que, sim, nós estamos nos preparando para o Carnaval e devemos realizar eventos desse tipo previamente”, disse. Por lá, 61,6% da população adulta tomou a primeira dose e, 31,4%, também, a segunda dose.