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Sem exportação para China, impacto no preço da carne é pequeno no Brasil
Economia

Sem exportação para China, impacto no preço da carne é pequeno no Brasil

O país asiático suspendeu as exportações de carne brasileira após a confirmação de dois casos de "vaca louca". Especialistas afirmam, no entanto, que não há risco de carne contaminada chegar à mesa do consumidor no Ceará
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AUTORIDADES afirmam que não há risco para humanos no consumo de carne (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves AUTORIDADES afirmam que não há risco para humanos no consumo de carne

Apesar de confirmação pelo Ministério da Agricultura de dois casos atípicos no País do chamado “mal da vaca louca”, como é conhecida a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), o que levou inclusive, à suspensão temporária das exportações de carne para China, o risco de carne contaminada chegar à mesa do consumidor é zero, na avaliação do Governo e especialistas. Por outro lado, o embargo chinês ao produto pode aumentar a oferta de carnes no mercado interno e, com isso, reduzir preços.

Pelo menos é o que se espera, considerando que a China é hoje o destino de 59% das receitas e do volume exportado pelo Brasil em carne bovina (in natura e processada) desde o início do ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frigoríficos.

E o cenário mais favorável às exportações, com consequente redução da oferta no mercado doméstico, tem sido um dos principais fatores por trás da alta no preço dos produtos. No Ceará, a carne bovina tem alta acumulada de 11,3%, segundo o IBGE.

Porém, o consumidor não deve criar muita expectativa de que haverá uma baixa mais consistente nos preços. O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, por exemplo, avalia que as exportações serão retomadas em breve.

Ele ressalta que há uma distinção muito grande entre os protocolos sanitários entre a doença considerada clássica e a atípica. E é nesta última situação que se enquadram os dois casos identificados, de forma preventiva pelo Ministério da Agricultura (antes do gado ir para o abate), em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG).

Sanchez explica que, no caso clássico, que gerou diversos problemas sanitários no mercado mundial, na década de 90, é necessária a interrupção das exportações e tratamento do problema até que haja a reabertura, sendo que diversos países deixam de comprar os produtos, perdendo-se a janela de consumo.

Já no caso do atípico há uma interrupção momentânea até que a contraprova verifique a atipicidade. Em caso positivo as exportações são restabelecidas. “O protocolo cordial com os chineses é de interrupção do fluxo mediante ao primeiro teste positivo, mas o restabelecimento se dá após a contraprova atípica por agente internacional”.

O economista Ricardo Eleutério, do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), também pondera que há ainda outros fatores que pesam para que haja de fato uma retração dos preços. Desde o tempo de duração do embargo chinês, à possibilidade da mercadoria ser negociada a outros países e não ao mercado interno, mas principalmente, a pressão inflacionária do mercado interno.

“É cedo para fazer um prognóstico de queda nos preços. Mas, de maneira geral, há muitas pressões domésticas sobre o preço da carne: os insumos que ficaram mais caros, escassez hídrica e mesmo a alta nos gastos de energia, e o setor demanda muito, podem fazer com que o consumidor não sinta tanto essa redução de preços mesmo com o embargo chinês”.

 

Entenda o caso

No último dia 4, o Ministério da Agricultura confirmou dois casos atípicos do chamado "mal da vaca louca", como é conhecida a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), em frigoríficos do Mato Grosso e Minas Gerais.

Os casos foram detectados durante inspeção "ante-mortem", procedimento laboratorial preventivo usado para avaliar animais que apresentam idade avançada. Esses animais assim que foram identificados foram separados do rebanho e não chegaram a ir para o abate.

Há riscos para o consumo humano?

Segundo o Ministério da Agricultura, não há riscos para o consumo humano. Isso porque trata-se de um caso atípico. De acordo com a pasta, todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá.

Mesmo assim, além da notificação, o Governo brasileiro suspendeu de forma voluntária as exportações à China, maior parceiro comercial do produto no Brasil.

Se não há risco,
porque foram suspensas exportações para China?

O Governo Federal decidiu pela suspensão das exportações de carne bovina para a China, seguindo o compromisso de protocolo sanitário firmado entre os dois países. O Ministério da Agricultura informou que a suspensão das vendas para a China seguirá até que as autoridades do país asiático concluam a avaliação das informações repassadas sobre
os casos.

Há dois anos, quando o Brasil também registrou um caso atípico do mal da vaca louca, as exportações para a China ficaram suspensas por quase 15 dias. (Com agências)

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