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Com parques híbridos, geração de energia deve ampliar em 35% no Ceará
Economia

Com parques híbridos, geração de energia deve ampliar em 35% no Ceará

| REGULAÇÃO | Norma regulamentadora assinada pela Aneel permite que parques de produção de energia sejam complementados, o que diminui a ociosidade nas linhas de transmissão
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Aneel assina regulamentação de sistema de energia hibrida, na sede da FIEC. (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Aneel assina regulamentação de sistema de energia hibrida, na sede da FIEC.

A capacidade de geração de energia do Ceará deve ser ampliada em 35% com a regulamentação dos parques de geração de energia híbridos, segundo estimativa do Sindicato das Indústrias de Energia do Ceará (Sindienergia-CE).

Com o novo marco legal, assinado ontem, está permitido o desenvolvimento de sistemas solares e eólicos (e de outros tipos de energia) de forma complementar utilizando a mesma infraestrutura de armazenamento e distribuição.

A expectativa é que a assinatura destrave investimento no setor de energia, especialmente dos grandes players do mercado, que esperavam as regras para ter segurança jurídica.

Ainda de acordo com a estimativa do Sindienergia-CE é de que a cada 10 MW de energia gerados num parque eólico, será possível incrementar a geração com solar fotovoltaica e produzir mais 3,5 MW de energia no espaço ocioso entre os aerogeradores.

A assinatura da norma regulamentadora foi realizada ontem, em Fortaleza, pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone. Segundo ele, o novo regulamento deve contribuir para a expansão das energias renováveis no Brasil e destacou o papel do Ceará neste processo.

Ele enfatiza ainda que a potencialidade de geração das eólicas - maior durante a noite - e da solar durante o dia foi analisada e as regras servem de estímulo para a maior eficiência do sistema, pois a linha de transmissão já está construída e paga na tarifa pelo consumidor, além de toda infraestrutura já estarem prontas, seja eólica e hidrelétrica, exemplifica.

"Estamos atuando em prol da eficiência e redução de custos. (Até então,) Uma usina eólica que gera mais energia à noite deixava a linha de transmissão ociosa durante o dia. Um investimento caro, embutido na conta de energia do consumidor. E esse regulamento vai permitir que sejam instaladas placas solares e a linha de distribuição também possa transmitir elétrons durante o dia, otimizando o uso da infraestrutura reduzindo custos aos consumidores", destaca.

Luiz Carlos Queiroz, presidente do Sindienergia-CE, destaca que muitos empreendimentos devem ser beneficiados e investimentos da ordem de bilhões de reais devem ser feitos no setor nos próximos anos a partir da medida. "Aproveitando os parques que já temos, a infraestrutura, a medida vai permitir investimentos rápidos, mais baratos, diminuindo também o custo final da energia".

Para o empresário Fernando Cirino Gurgel, que é investidor do setor de energia, o setor como um todo deve ser beneficiado, já que está em vias de fato a regulamentação da energia eólica offshore. Para ele, a oportunidade de exportar energias renováveis para outros países, assim como já é feito para outras regiões do País, é uma grande oportunidade para o Ceará. "Devem vir mais investimento, pois estamos com esse desafio de gerar energia para os empreendimentos em hidrogênio verde, o que é uma oportunidade belíssima para nós e vai demandar muito das fontes renováveis. Serão muitos investimentos".

Líder em investimento em energias renováveis no Brasil, a Casa dos Ventos, controlada pelo empresário cearense Mário Araripe, já observa a nova regulamentação como uma forma de vantagem relativa que deve beneficiar principalmente o Nordeste. "Vamos otimizar a transmissão e, no Brasil, temos uma escassez de estrutura de transmissão. A geração de renováveis está no Nordeste e a demanda está no Sudeste, então essa transmissão não pode ficar ociosa, seja no caso do solar durante a noite ou do eólico durante o dia". Ele enfatiza ainda que a Casa dos Ventos tem em construção em torno de 1,7 GW em eólica e vai acoplar em torno de 600 MW de solar a partir das novas regras.

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OFFSHORE

Segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, o anúncio de outro marco regulatório importante para o setor de energia deve ser anunciado ainda neste ano, em Fortaleza. Trata-se da regulamentação da geração de energia eólica offshore, que deve ser assinada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, até o dia 20 de dezembro.

ÁREAS DESÉRTICAS

Com praticamente 25% de área desertificada compondo seu espaço territorial, o Ceará tem aí um potencial para ampliação de seu potencial em energia solar fotovoltaica, destaca o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante. Lembrando que essas regiões, vistas até então como improdutivas, seja do ponto de vista da agricultura e pecuária, agora rearranjam seu potencial para a indústria de energia.

FRENTE PARLAMENTAR


Danilo Forte, deputado federal (PSDB-CE) e líder da Frente Parlamentar das Energias Renováveis esteve na solenidade e destacou que a energia é um insumo básico para qualquer atividade. E, para que o Brasil consiga recolocar sua economia em nível de crescimento de pelo menos 3% ao ano, a demanda por energia deve saltar. "Precisamos que o Brasil chegue à capacidade de produzir 450 GW de energia para que a demanda para o desenvolvimento seja atendida. E vamos chegar nesse nível com energias renováveis, ainda mais porque as térmicas são condenadas pela questão da emissão de carbono".

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