O potencial já observado na exportação e volume de produção das culturas de frutas frescas, hortaliças e ainda da pecuária leiteira cearenses devem ser os focos do início da gestão de Amílcar Silveira à frente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) para o período de 2022 e 2025.
Em entrevista exclusiva ao O POVO, o presidente eleito da Faec afirma que vai trabalhar na atração de investidores para os três segmentos, além de dar apoio aos produtores locais. Silveira diz ver oportunidades para captar novas indústrias de lacticínios para o Estado que possam reforçar os pecuaristas, e também de grandes produtores de frutas frescas e hortaliças.
"Não é fácil produzir na região semiárida. É preciso assistência técnica, políticas públicas e a Faec vai fazer a sua parte, de organizar o produtor, porque nós somos dispersos, e captar essas ajudas", assegurou, falando em agendar encontros com o governador Camilo Santana e a ministra Tereza Cristina (Agricultura).
Eleito com o apoio da família de Flávio Saboya, ex-presidente da Federação por 11 anos, Silveira diz estar de passagem, defendendo uma renovação constante dos quadros da instituição, mas se orgulha de o seu mandato "ser o primeiro em que produtores rurais estão à frente da Federação."
Para a articulação dos produtores rurais, o presidente eleito fala na criação de um centro de inteligência e diz procurar apoio de grandes produtores, como a Agrícola Famosa - líder na produção de melão no País e com sede no Ceará - para a construção de canais de vendas para pequenos produtores. "A Famosa está constituindo uma empresa na Inglaterra, sabe o caminho e nós devemos procurar essa ajuda", adiantou.
Já quando o assunto é água, Silveira volta a ressaltar o trabalho dos cearenses ¬- "a pecuária leiteira dobrou de produção no período de seca" - e diz cobrar políticas públicas eficientes para o uso do insumo, sem poupar críticas à Companhia de Água e Esgoto do Ceará.
"A Cagece desperdiça 47% da água que consome e isso pode ser utilizada para nós, produtores. Acho que a eficiência da Cagece deve ser melhorada. Não vejo investimento dela em ser eficiente. Água é um insumo finito. A nós, custa caro. Veja o valor da transposição, bilionário. As pessoas precisam tratar com mais zelo", criticou.
Desburocratização é outra palavra constante no discurso de Silveira. Ele cita o percentual de "apenas 15% das fazendas de camarão cearenses" com licenciamento liberado pela Secretariado Meio Ambiente do Estado do Ceará (Semace) e compara com, segundo ele, "os 95% de fazendas licenciadas no Rio Grande do Norte e os 90% licenciados no Piauí.", como exemplo de burocratização que trava os financiamentos dos produtores e promete esforços para ampliar esse percentual no Estado.
Por fim, ele defende que o porte dos produtores não seja classificado pelo hectare plantado, mas pelo faturamento, e arremata com a promessa: "Imaginamos que a Faec tem que ser protagonista do agronegócio do Ceará."