O processo de recuperação do comércio cearense foi acelerado em 2021 e a abertura de lojas superou em quase 3 vezes as perdas com os fechamentos do pior momento da pandemia, em 2020. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Brasileiro (CNC), mais de 5,5 mil novos comércios foram abertos com base nos dados do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Segundo a própria CNC, em 2020, haviam sido fechados mais de 1,9 mil comércios no Ceará em decorrência da crise causada pela pandemia.
O resultado de 2021 é bastante beneficiado em comparação a 2020 pela quantidade de dias em lockdown. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, no ano passado ainda houve alguns outros fatores que beneficiaram o setor, caso do Pronampe - que deu crédito com bons prazos e carência e o retorno do turismo no Estado.
"Com relação à abertura de lojas no Ceará, sempre vemos que os índices do Ceará são sempre melhores que a média nacional, pelas políticas que estão sendo implementadas, pela quantidade de empregos gerados, aumentando a renda da população. As pessoas estão perdendo o temor e o comércio aproveita esse maior movimento", acrescenta.
Segundo avaliação do superintendente do Shopping Iguatemi Fortaleza e coordenador estadual da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) no Ceará, Wellington Oliveira, o ano de 2021 marcou o início da recuperação, apesar da segunda onda da pandemia prejudicar o primeiro semestre. "Mas o segundo semestre foi de evolução em vendas e fluxo e de inaugurações de novas lojas". Ele lembra que o consumidor do Iguatemi foi apresentado a novidades, lojas exclusivas no Ceará e na Região, o que contribuiu para um avanço importante nas vendas na parte final do ano, desde a Black Friday até as vendas de fim de ano, que cresceram 20%.
No resultado nacional, o comércio varejista fechou o ano com total de 2.407.821 estabelecimentos ativos, o que gerou saldo positivo de 204,4 mil novos registros em relação ao fim de 2020. Destaque para o setor de hipermercados, supermercados e minimercados puxou a fila nas abertura de lojas em 2021, com 54,09 mil pontos de venda e um pouco mais de um quarto do saldo das inaugurações, aponta o estudo da CNC que, a partir de agora, será trimestral.
Gerardo Vieira Albuquerque, empresário supermercadista proprietário da Rede Center Box, destaca que conseguiu manter o ritmo das vendas após o "boom" de 2020, quando as pessoas precisaram passar mais tempo em casa e demandaram muitos itens de primeira necessidade. Ele ainda lembra que em 2021 houve uma grande proporção de novas unidades supermercadistas sendo inauguradas.
"A média de vendas é igual ou um pouco menor. O cliente está sendo dividido entre as novas lojas há uma acomodação do setor porque não houve uma entrada de dinheiro novo na economia". Para 2022, Gerardo espera continuar crescendo: "O setor deve seguir abrindo lojas pois há a possibilidade de melhor desempenho econômico e os supermercados serão mais demandados".
Na vice-liderança entre os segmentos, estão as lojas de eletrodomésticos e utilidades domésticas (38,72 mil), seguidas por lojas de artigos de vestuário, calçados e acessórios, com 28,34 mil novos pontos de venda. A liderança dos setores de supermercados e eletrodomésticos é reflexo do consumo doméstico que ganhou prioridade com o isolamento social.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará, Luiz Gastão, diz que "recebe com alegria os dados apresentados", que demonstram um crescimento do comércio nacional. Sobre o Ceará, destaca que a abertura de mais de 5,5 mil novos estabelecimentos comerciais comprova que o Estado segue a mesma "tendência positiva".
DESEMPENHO DO COMÉRCIO EM 2021
Abertura de estabelecimentos comerciais - Por UF (em milhares)
SP: 55,69
MG: 18,38
PR: 15,16
RJ: 14,10
BA: 11,89
RS: 11,16
SC: 9,42
GO: 8,21
PE: 6,39
PA: 6,23
CE: 5,51
MA: 4,88
Demais UFs: 37,41
Abertura de estabelecimentos por segmentos (em milhares)
Hiper e Supermercados: 54,09
Utilidades domésticas e eletroeletrônicos: 38,72
Vestuário, Calçados e Acessórios: 28,34
Materiais de construção: 21,66
Farmácias e Perfumarias: 18,52
Comércio automotivo: 16,71
Móveis e Eletrodomésticos: 10,78
Demais segmentos: 15,59
Abertura de estabelecimentos segundo porte (em milhares)
Micro: 158,23
Pequenas: 29,99
Médias e grandes: 15,38
Fonte: CNC
EMPREGABILIDADE NO VAREJO - CEARÁ - 2021
Comércio
Admissões: 110.963
Desligamentos: 91.157
Saldo: 19.806
Fonte: Caged
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO AMPLIADO (%)
2011: 6,6
2012: 8
2013: 3,6
2014: -1,7
2015: -8,6
2016: -8,7
2017: 4
2018: 5
2019: 3,9
2020: -1,4
2021: 4,5
Fonte: IBGE