O secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do Ceará, Francisco Maia Júnior, disse que os investimentos feitos em projetos de transição energética, notadamente o hidrogênio verde, e a modernização do agronegócio devem converter o Estado na segunda maior economia da região Nordeste, superando Pernambuco e ficando atrás apenas da Bahia.
A declaração foi dada durante o 3º Seminário Agrosetores, que reuniu, nesta semana, expositores, palestrantes, produtores e pesquisadores do segmento. Na ocasião, foram apresentados, também, diversos projetos de inovação no agro, tanto em relação a novos produtos como a expansão de determinadas culturas, tais como a cajucultura, a caprinocultura e a meliponicultura, entre outras.
“Tem uma economia nova surgindo no Ceará, com essa transição energética. Eu não tenho dúvidas de que o Estado, nos próximos 30 anos, a continuar esse ciclo virtuoso, possa se tornar a segunda maior economia do Nordeste. Ainda estamos distantes da régua que mede a economia baiana, mas a continuar esse ritmo de aceleração não vai demorar muito para superarmos a economia pernambucana, pois temos cadeias produtivas fortes se formando aqui na área de energia, no agronegócio, no setor têxtil e de moda”, destacou Maia Júnior.
Somente o agronegócio projeta dobrar o montante exportado nos próximos 10 anos. “Lançamos um projeto Semente do Futuro. Nossa ideia é trabalhar em conjunto com centros de pesquisa, governos e universidades. por meio de um planejamento estratégico. Atualmente o Estado exporta 18%. Nossa meta é dobrar esse número ao longo desse período”, detalhou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Almílcar Silveira. Ele acrescenta que já foram escolhidos dois principais segmentos para alcançar esse objetivo. "Nossos pontos de partida são: a fruticultura e a carcinicultura. A criação de camarão em cativeiro, por exemplo, reúne cerca de 1.300 produtores”, pontua.
Maia Júnior lembrou, contudo, que tanto o Ceará quanto o Brasil têm perdido oportunidades, particularmente no agronegócio, para alguns países da América Latina. “O agro cresceu muito aqui nos últimos 35 anos, mas o potencial para expansão é muito maior e precisamos recuperar terreno que estamos perdendo. O Peru, por exemplo, que é o maior exportador de mirtilo (também conhecida como blueberry) do mundo, movimenta o equivalente a todas as exportações cearenses no agronegócio somadas. O Equador exporta sozinho mais banana que o resto do mundo. Temos muito mais possibilidades de concorrer com esses países se nos organizarmos mais”, enfatizou.
Por sua vez, o secretário-executivo do Agronegócio da Sedet-CE, Silvio Carlos Ribeiro, disse acreditar que a superação desses gargalos passa por investimentos em pesquisa e modernização. Para ele, o Estado tem caminhado nessa direção. “O setor da agricultura irrigada já é muito moderno no Ceará. Ele utiliza as tecnologias mais modernas do mundo: irrigação localizada, automação, sensores, internet das coisas”, cita. “Na parte de pesquisa, a gente tem procurado fazer que isso se expanda para outras culturas e pelas diversas regiões cearenses, com o programa Cientista-Chefe, com apoio das universidades e da Embrapa também”, acrescenta.
Com foco nesses dois pilares, Sílvio Carlos também acredita que a própria participação do agronegócio na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que gira em torno de 5% tende a aumentar, já a partir de 2022. “Com a recarga do Castanhão, passando para 1 bilhão de m³ de água, além da transposição do Rio São Francisco, da eficiência do uso do insumo e da troca de culturas com menor consumo, em breve teremos uma maior participação do setor agropecuário no PIB nos próximos anos", conclui.