O Ceará subiu uma posição no ranking nacional com o maior número de municípios (passando de 73 para 84) a receberem a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), os chamados royalties da mineração, no 1º semestre de 2022, na comparação com período equivalente do ano passado.
Agora, o Estado é o 9º do Brasil nesse quesito. No Nordeste, apenas a Bahia aparece à frente, com 173 municípios.
As informações foram divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) durante apresentação do desempenho semestral do segmento no País e revelam um avanço da atividade no Estado, em um contexto nacionalmente adverso, no qual os números de produção, faturamento e exportações apresentaram quedas expressivas.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará (Simagran-CE), Carlos Rubens, a expansão da atividade no Estado decorre em grande parte da exploração das rochas ornamentais, que apresentaram crescimento significativo em termos de exportação.
“Há dez anos, nós exportávamos cerca de US$ 10 milhões e ano passado exportamos perto de US$ 38 milhões desse tipo de rocha. Nossa estimativa é que a gente passe de US$ 40 milhões, principalmente, considerando que tivemos um crescimento de 45% no 1º semestre desse ano”, detalha.
Além das rochas ornamentais, ele observa que a mineração cearense também tem crescido na exploração de manganês.
“Hoje, temos duas zonas importantes de produção com vistas à exportação. Uma em Ocara e outra em Pentecoste. Essa é uma das principais novidades do nosso segmento nos últimos dez anos. Então, esses dois grupos de produtos, as rochas ornamentais e o minério de manganês estão relacionados diretamente ao crescimento no número de municípios que recebem CFEM no Estado”, constata.
No contexto nacional, o grande peso do minério de ferro (cerca de 60%) em termos de produção, faturamento e exportação associado a queda na demanda chinesa pelo produto ajudou a derrubar o desempenho do setor no 1º semestre de 2022.
A produção mineral brasileira nos seis primeiros meses deste ano caíram 9% na comparação com período equivalente do ano passado. Já o faturamento e a exportação do segmento de mineração no País recuaram, ambos, em torno de 24%.
Para o presidente do Ibram, Raul Jungmann, além do cenário de restrições no principal comprador do ferro brasileiro, a China, que inclusive adotou lockdowns severos para a contenção da Covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia também teve papel importante para derrubar os números do setor não só no País como também em escala global.
Na coletiva em que apresentou os números da mineração brasileira, ele também criticou projetos aprovados ou em tramitação no Congresso que retiram recursos do CFEM e destinam para outros setores.
Brasil
Responsáveis por 77% do faturamento do setor de mineração no País, as mineradoras que atuam nos Estados de Minas Gerais e Pará amargaram, respectivamente, quedas de 26% e 37% no faturamento no primeiro semestre deste ano ante o primeiro semestre de 2021