A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) foi adquirida pela ArcelorMittal por US$ 2,2 bilhões. O anúncio foi feito ao mercado ontem, 28, pela multinacional com sede em Luxemburgo. A CSP é o maior empreendimento industrial já instalado no Ceará e é responsável por metade da pauta exportadora do Estado, além de empregar direta e indiretamente cerca de 22 mil pessoas. A entrada da segunda maior companhia siderúrgica do planeta eleva as expectativas sobre a economia cearense.
O Governo do Ceará, segundo afirmou o secretário Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico e Trabalho), espera que mais investimentos sejam viabilizados e mais negócios sejam atraídos a partir da ampliação da siderúrgica no Complexo do Pecém. Isso porque, já no comunicado, o CEO global da ArcelorMittal, Aditya Mittal, falou em dobrar a capacidade de produção da siderúrgica instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Maia destaca que o Estado vem se notabilizando como bom destino para o setor siderúrgico, visto que, além desse negócio, há um ano e meio, a brasileira Gerdau adquiriu a Siderúrgica Latinoamericana (Silat), que pertencia ao grupo espanhol Hierros Añón, por US$ 110 milhões.
"Esses grandes grupos estão vendo potencial no Ceará e eu não tenho nenhuma preocupação sobre a continuidade e crescimento do projeto", reforça o secretário.
"O setor mantém sua posição a pleno vapor no Ceará e deverá reforçar suas exportações de aço, ampliando mercados nas Américas", comenta Sampaio Filho, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec).
Ricardo Coimbra, diretor da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), destaca que esse investimento deve potencializar a participação do Ceará na balança comercial brasileira a partir do crescimento da produção projetado.
"Pelo objetivo da compradora, a ideia é ampliar sua capacidade de produção, fortalecendo seus mercados e fazendo novos investimentos. Isso pode ser muito interessante para alavancar as atividades correlatas à CSP e fortalecer a economia do Estado, com a possibilidade de atrair outras empresas."
Com US$ 5,4 bilhões aplicados para a instalação de uma siderúrgica no Ceará, Vale, Posco e Dongkuk ainda estavam contabilizando o retorno do investimento aplicado em 2012 para uma operação iniciada em 2016. "A dívida de mais curto prazo a gente conseguiu equacionar. Tem uma dívida ao longo dos anos que varia entre US$ 3 bilhões e US$ 2,5 bilhões, que temos até 2032 para pagar", afirmou o presidente da CSP, Marcelo Botelho, em entrevista exclusiva ao O POVO em dezembro do ano passado.
A capacidade instalada para produção de 3 milhões de toneladas de aço seria a primeira fase do projeto. Havia planos para adicionar a capacidade de laminação com foco na indústria automobilística e de eletroportáteis da chamada linha branca, que não chegou a ser desenvolvido.
A Vale detinha 50% das ações da CSP, em conjunto com seus sócios sul-coreanos Posco (20%) e Dongkuk (30%). O negócio representa a saída da Vale do setor de siderurgia. Desde o ano passado, a mineradora buscava compradores para a sua parte na siderúrgica cearense, e chegou a se reunir com quatro potenciais compradores. No fim, escolheu a proposta da ArcelorMittal, gigante mundial em siderurgia, com plantas em 16 países.
Outro ponto destacado pela CEO da ArcelorMittal, Aditya Mittal é de "aumentar significativamente sua capacidade de produção de placas e adicionar capacidades de laminação e acabamento com emissões de baixo carbono". O grupo também está atento à formação de um hub de hidrogênio verde (H2V) no Ceará e o potencial de geração de energias renováveis.
"Na CSP, estamos adquirindo um negócio moderno, eficiente, estabelecido e rentável, que irá melhorar ainda mais a nossa posição no Brasil e agrega valor imediato à ArcelorMittal", disse a CEO em comunicado ao mercado.
Peso da CSP na economia local
Localizada em uma área de 571 hectares, a CSP integra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, dentro da primeira Zona de Processamento de Exportação brasileira e teve US% 5,4 bilhões em investimento para uma capacidade de produção de 3 milhões de placas de aço por ano.
A siderúrgica gera 22 mil empregos diretos e indiretos em sua cadeia produtiva. Trabalham dentro da usina cerca de 4 mil pessoas diariamente, entre empregados diretos (cerca de 2.600) e terceirizados.
Desde o início das operações, de 2016 a julho de 2021, a siderúrgica adquiriu R$ 6,5 bilhões em compras locais. Em 2021, adquirimos R$ 1,3 bilhão de fornecedores de 32 municípios cearenses.
Em seis anos, a usina já investiu cerca de R$ 40 milhões em projetos sociais, culturais e de incentivo ao empreendedorismo na região onde está instalada, alcançando cerca de 23 mil pessoas.
Fonte: CSP