As 12 lideranças que formaram a comitiva portuguesa em visita ao Ceará estabeleceram os segmentos da economia do mar com o qual devem selar novos acordos comerciais com parceiros cearenses. Miguel Marques, sócio fundador da construtora internacional Skipper & Wool e um dos articuladores do grupo, informou que "vários negócios na área da fileira alimentar do mar, logística do transporte marítimo, portuária, ciência e tecnologia" foram iniciados.
Com mediação da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), responsável por tomar a iniciativa e visitar as autoridades portuguesas em comitiva cearense organizada em junho deste ano, os novos negócios buscam, de acordo com Marques, "elevar o patamar da Fiec para ser uma instituição líder em nível internacional nos temas da economia azul."
"Não encontro entidades pelo mundo, e viajo bastante, que tratem de forma tão integrada, trabalhem tantas áreas ao mesmo tempo. O que há de novo aqui é a realização da economia azul e do mar. A nova era da economia do mar é isso: pôr todas as indústrias a trabalhar na mesma perspectiva. É inovador, está dentro do que de melhor se faz no mundo e vai ser seguido a nível internacional", destacou o executivo.
Não à toa, a Casa da Indústria, sede da Fiec, foi palco dos dois dias de apresentações e reuniões entre os representantes de governo, setor produtivo e academia portugueses e cearenses.
"O nosso objetivo é fazer negócio. Esses nossos amigos portugueses estão vendo como a gente trabalha. Somos o maior exportador de lagosta, de peixes vermelhos, estamos no atum também, então, a Federação quer que a gente entenda a empresa que já trabalha com exportação e se reorganize. Estamos desenvolvendo vários estudos no Observatório da Indústria, o Sindifrios (Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará) está fazendo um espetacular trabalho e a gente precisa acionar cada vez mais esses setores, mostrar que a gente tem qualidade e que precisa entrar mais no mercado europeu", ressaltou Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec.
Como exemplo de negócios já em curso a partir do contato da Fiec com as autoridades portuguesas na missão cearense realizada em junho, os grupos citam as parcerias entre o Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindifrios-CE) e a estatal portuguesa Doca Pesca, a partir de um memorando assinado ainda em junho.
No documento, as empresas acertaram a promoção de cooperação técnica e formativa para gestão de infraestrutura de apoio à pesca, organização da primeira venda do pescado, sistema de rastreabilidade do pescado, gestão da segurança alimentar e certificação, sistema de informática de apoio à gestão e implementação do conceito de porto de pesca sustentável.
Outra parceria fechada e revelada nesta visita é do estaleiro privado Indústria Naval do Ceará (Inace) e a portuguesa Navex. O contrato fechado entre as duas, de acordo com o diretor executivo João Silva, da Navex, consiste numa concorrência do governo dos Açores para a construção de um navio oceanográfico.
Ainda em curso, o valor do contrato para construção e manutenção ainda está sendo discutido, ao mesmo tempo que as duas alinham as estratégias de atuação.
Mas Miguel Martins desenha mais possibilidades no futuro a partir da sinergia observada entre os grupos, com foco na economia do mar e as oportunidades que surgem. "Europa vive um conflito e os temas de alimentos e energia são críticos e achamos que o mar pode dar uma contribuição positiva para atenuar esse efeito", arremata.
Compex
A comitiva também visitou a Compex, empresa cearense exportadora de pescados. A média de venda é de 400 toneladas/ano