Os produtores de flores e plantas ornamentais do Ceará querem voltar a exportar US$ 5 milhões por ano. A meta é chegar nesse patamar em cinco anos.
A afirmação é do produtor, exportador e presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais, Gilson Gondim, que também ressalta que o negócio de floricultura tem crescido a passos largos no Estado.
“Nesses últimos anos, mesmo com todas as crises, o mercado das flores cresce na ordem de 10% ao ano ou mais. E nós, aqui no Ceará, estamos muito focados na exportação.”
O Estado já foi o segundo maior exportador do Brasil. Porém, com a grande estiagem nos anos de 2013, 2014 e 2015, o principal player que estava instalado aqui, que era de um grupo Holandês, foi embora, o que fez com que todo o setor caísse muito em produtividade.
Atualmente, segundo o empresário, a exportação do Ceará chega a valores em torno de US$ 500 mil por ano. Para este ano, no entanto, ele projeta um já um incremento em torno de U$ 150 mil.
O presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais ressalta que a expectativa do segmento é aumentar a exportação em 30%.
Ele revela que o aumento nos custos de produção ocorreram, mas que a produção brasileira é muito competitiva.
“Houve, evidentemente, um aumento com relação a insumos e fertilizantes, por exemplo. Mas a floricultura é um produto que tem um valor de mercado mais elástico. Então, ela suporta melhor essas variações.”
Especificamente com relação a exportação, Gondim pondera que o preço do frete dobrou de valor por aqui, mas teria ficado mais de cinco vezes mais caro para o mercado asiático, principal concorrente do Brasil para venda de flores nos mercados americano e europeu.
“O frete aumentou tremendamente. Só para se ter uma ideia, o nosso frete era em torno de dois dólares por quilo e passou para quatro dólares por quilo. Porém, o deles (na Ásia), passou de quatro dólares/kg para 25 dólares/kg. Isso nos tornou mais competitivos ainda. A gente teve esse conhecimento, está aproveitando essa oportunidade, vai desenvolvendo e vai em frente.”
Sobre o mercado interno, ele comenta que há um crescimento na ordem de 10% a 12% ao ano.
Durante a pandemia, o produtor conta que houve uma importante evolução no mercado. “As pessoas passaram mais tempo em casa e acabaram demandando mais produtos na floricultura, o que também foi positivo.”
O inverno deste ano, avaliado como regular para o produção de flores e plantas ornamentais, já que proporcionou algum armazenamento de água nos açudes e subsolo, deixa o segmento otimista.
“A gente tá incrementando para que a coisa aumente mais. É uma atividade que tem tudo a ver com o estado do Ceará, porque não consome muita água e dá uma receita elevada”, disse Gondim.
Ele ainda reforça a vocação do Estado para essa cultura. “O Ceará tem 3,2 mil horas de sol por ano e o que faz a planta crescer é a iluminação. Lógico que tem que dar nutriente e água, mas a nossa expectativa é a melhor possível. Essa é uma atividade interessante e nós estamos trabalhando forte para fazer e desenvolver ainda mais.”
Sobre o setor como um todo, o presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais revela que não estão vindo novos investidores para cá. Ele destaca que no início dos anos 2000, o Governo do Estado fez um forte trabalho de cooptação de investidores para esse setor, mas que o movimento foi se perdendo ao longo dos anos.
Na realidade atual, o aumento de investimentos tem vindo dos produtores já existentes, além de produtores de outras áreas, como os da fruticultura e de outras atividades, que têm migrado para o mercado de flores e investidores de outros segmentos que veem na floricultura uma boa oportunidade.
“Aparece uma oportunidade de negócio, a gente analisa e o Ceará tem grandes empreendedores que estão investindo. Então, não precisa vir de fora. Dá para crescer com os investimentos que estão vindo daqui.”