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Represamento de preços dos combustíveis pode fazer gasolina subir 18%
Economia

Represamento de preços dos combustíveis pode fazer gasolina subir 18%

Caso o reajuste repondo essa defasagem fosse feito hoje, a gasolina poderia subir R$ 0,75. No caso do diesel, preço da Petrobras está 20% abaixo do mercado. Resultado da eleição pode influenciar na forma como será feito o repasse, avalia especialista
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PREÇO dos combustíveis está represado desde meados de setembro (Foto: Samuel Setubal/ Especial Para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/ Especial Para O Povo PREÇO dos combustíveis está represado desde meados de setembro

Gasolina e diesel devem ter os preços elevados após o fim das eleições presidenciais. O represamento de preços dos combustíveis no Brasil formou uma bolha que está prestes a estourar, avalia consultor no setor de Combustíveis e Energia consultado pelo O POVO. Atualmente, o valor da gasolina nas refinarias da Petrobras está com preço 18% abaixo do mercado internacional, enquanto o do diesel está 20% abaixo, contrariando a atual política de preços da estatal em pleno mês eleitoral.

Bruno Iughetti entende que o resultado da eleição deve afetar diretamente em como a Petrobras deve repassar esses aumentos, já que a atual diretoria é alinhada aos interesses do atual governo.

A estatal está há 56 dias sem alterar o preço da gasolina e há 38 dias sem reajustar o diesel. E, de acordo com levantamento da Abicom, para alinhar os preços com o mercado internacional as refinarias brasileiras deveriam elevar, em média, a gasolina em R$ 0,75 por litro e o diesel em R$ 1,25 por litro.

Na avaliação de Iughetti, o solavanco maior deve ser no preço do diesel. “Tem a dúvida do processo de precificação adotado pela Petrobras tenha um cunho político, pelo atual patamar de defasagem. Isso compromete as importações principalmente de diesel. Acho que até a semana seguinte às eleições teremos um quadro de majoração de preços significativo”.

O País importa entre 20% e 30% do volume de diesel que consome. Ao praticar preços abaixo da paridade internacional, a Petrobras desestimula a atuação de importadores e aumenta o consumo de estoques.

O consultor segue a mesma linha da Abicom, que afirma que a Petrobras vem segurando os aumentos das últimas semanas. Em meados de setembro, os preços dos combustíveis no mercado internacional voltaram a subir na esteira da cotação do barril de petróleo. Mesmo assim, a Petrobras ainda não reajustou o valor de seus produtos nas refinarias.

Na contramão de importadores de combustíveis e consultorias do setor, a Petrobras sustenta que seus preços para gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 10-10-2022: Aumento de 50 centavos nos postos de gasolina. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 10-10-2022: Aumento de 50 centavos nos postos de gasolina. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo) (Foto: Samuel Setubal/ Especial Para O Povo)

O diagnóstico foi apresentado na quarta-feira, 26, ao conselho de administração da empresa. A diferença se deve a diferentes metodologias adotadas pela estatal e pelos demais agentes e especialistas.

Sobre a expectativa de que após a eleição presidencial os preços devem subir, a Petrobras refuta, afirmando que “utiliza uma metodologia diferente” para medir a defasagem e que seus preços, no momento, estão alinhados ao mercado internacional. Na avaliação da Petrobras, os preços dos combustíveis estiveram desalinhados recentemente, mas, no momento, não registrariam defasagem em relação ao mercado internacional. Nas contas da área técnica da estatal, a gasolina "está alinhada" e, o diesel, "praticamente zerado".

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