Gasolina e diesel devem ter os preços elevados após o fim das eleições presidenciais. O represamento de preços dos combustíveis no Brasil formou uma bolha que está prestes a estourar, avalia consultor no setor de Combustíveis e Energia consultado pelo O POVO. Atualmente, o valor da gasolina nas refinarias da Petrobras está com preço 18% abaixo do mercado internacional, enquanto o do diesel está 20% abaixo, contrariando a atual política de preços da estatal em pleno mês eleitoral.
Bruno Iughetti entende que o resultado da eleição deve afetar diretamente em como a Petrobras deve repassar esses aumentos, já que a atual diretoria é alinhada aos interesses do atual governo.
A estatal está há 56 dias sem alterar o preço da gasolina e há 38 dias sem reajustar o diesel. E, de acordo com levantamento da Abicom, para alinhar os preços com o mercado internacional as refinarias brasileiras deveriam elevar, em média, a gasolina em R$ 0,75 por litro e o diesel em R$ 1,25 por litro.
Na avaliação de Iughetti, o solavanco maior deve ser no preço do diesel. “Tem a dúvida do processo de precificação adotado pela Petrobras tenha um cunho político, pelo atual patamar de defasagem. Isso compromete as importações principalmente de diesel. Acho que até a semana seguinte às eleições teremos um quadro de majoração de preços significativo”.
O País importa entre 20% e 30% do volume de diesel que consome. Ao praticar preços abaixo da paridade internacional, a Petrobras desestimula a atuação de importadores e aumenta o consumo de estoques.
O consultor segue a mesma linha da Abicom, que afirma que a Petrobras vem segurando os aumentos das últimas semanas. Em meados de setembro, os preços dos combustíveis no mercado internacional voltaram a subir na esteira da cotação do barril de petróleo. Mesmo assim, a Petrobras ainda não reajustou o valor de seus produtos nas refinarias.
Na contramão de importadores de combustíveis e consultorias do setor, a Petrobras sustenta que seus preços para gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional.
O diagnóstico foi apresentado na quarta-feira, 26, ao conselho de administração da empresa. A diferença se deve a diferentes metodologias adotadas pela estatal e pelos demais agentes e especialistas.
Sobre a expectativa de que após a eleição presidencial os preços devem subir, a Petrobras refuta, afirmando que “utiliza uma metodologia diferente” para medir a defasagem e que seus preços, no momento, estão alinhados ao mercado internacional. Na avaliação da Petrobras, os preços dos combustíveis estiveram desalinhados recentemente, mas, no momento, não registrariam defasagem em relação ao mercado internacional. Nas contas da área técnica da estatal, a gasolina "está alinhada" e, o diesel, "praticamente zerado".
PRESSÃO
O preço do diesel tem sido o principal pressionado no mercado externo por conta do início do inverno no hemisfério norte, que se soma à queda de oferta por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia
DEFASAGEM
Relatório do Centro Brasileiro de Infraestrutura, chefiada pelo economista Adriano Pires, indica que a gasolina da Petrobras tem sido vendida abaixo do preço de importação há 6 semanas