O Ceará registrou entre janeiro e outubro a terceira maior queda no volume exportado do Brasil, de 8,7%, tendo desempenho nesse quesito melhor apenas que Amapá e Pará, que caíram 29,8% e 28,5, respectivamente. Os dados constam do relatório mensal Ceará em Comex do Centro Internacional de Negócios (CIN).
No total, o Estado vendeu para Exterior pouco mais de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 10,7 bilhões) nos dez primeiros meses deste ano, ante US$ 2,2 bilhões em 2021. Além das exportações cearenses, amapaenses e paraenses, também as vendas do Espírito Santo para outros países recuaram no período analisado, cerca de 2%.
Em comum, os quatro estados tem a cadeia produtiva do ferro como carro puxador das exportações. No caso do Ceará, além de sofrer os impactos da redução das compras chinesas do produto e dos efeitos da guerra russo-ucraniana, o Estado também foi impactado pela mudança no controle da principal produtora de itens ligados ao minério (incluindo o aço), a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A empresa foi adquirida pela multinacional ArcelorMittal por R$ 11,4 bilhões.
Segundo o economista Alex Araújo, após a operação, a companhia está “fazendo um ajuste em sua linha de produção, que está priorizando o mercado dos chamados aços sustentáveis. Tais produtos têm um processo de produção mais ecologicamente correto”. Vale lembrar que somente os produtos semimanufaturados de ferro e aço respondem por 48,8% da pauta exportadora cearense e que qualquer abalo nessa cadeia tem forte impacto sobre os resultados das vendas do Estado para o Exterior.
Apesar do desempenho negativo, Araújo acredita que passada a fase de ajuste na linha de produção de ferro e aço na CSP, os números de exportação do Ceará tendem a se recuperar gradativamente. “Ao longo dos próximos meses, a gente vai paulatinamente recuperando a capacidade de produção e, portanto, de exportação, já que a fábrica utiliza quase todo o processo de produção para a venda ao Exterior”, pondera o economista.
Por outro lado, o setor calçadista teve avanço expressivo nas exportações. Dois tipos de produtos dessa indústria estão entre os cinco mais vendidos pelo Ceará para outros países: as sandálias de borracha ou plástico, que tiveram aumento de 20,4% no volume comercializado para fora do País, e os calçados de borracha ou couro, que avançaram 70,7%, no período.
“Com essa questão da pandemia, houve um reposicionamento das cadeias globais e o mercado começou a diversificar por conta dos problemas com o nosso principal concorrente no comércio de calçados, que é a China. O mercado tem reaberto espaço e é importante que a indústria calçadista local esteja aproveitando esse momento”, ressalta Araújo.
Aparecendo, respectivamente, na terceira e na quinta posição na pauta exportadora cearense, as castanhas de caju e as ceras vegetais também apresentaram queda nas vendas para outros países entre janeiro e outubro deste ano, na comparação com período equivalente de 2021, registrando quedas de, respectivamente, 29,5% e 9,3%.
Já no que se refere aos países para os quais o Ceará mais exporta, a liderança segue sendo dos Estados Unidos, que comprou US$ 579,8 milhões (R$ 3 bilhões), acompanhado de perto pelo México, que adquiriu US$$ 521,9 milhões (R$ 2,7 bilhões), contra apenas US$ 89,2 milhões (R$ 475,4 milhões) da Itália, nosso terceiro maior comprador.
Entre os municípios, os destaques seguem sendo São Gonçalo do Amarante e Fortaleza, com os portos do Pecém e do Mucuripe, respectivamente como principais pontos de escoamento. Na sequência aparecem Maracanaú, Sobral e Caucaia.