A Petrobras anunciou em seu Plano Estratégico para o período 2023-2027 que vai ampliar em 50% os investimentos na exploração da Margem Equatorial, em relação à previsão anterior. O montante previsto para a região que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, passando pelo Ceará, saltou de US$ 2 bilhões (quase 10,4 bilhões) para US$ 3 bilhões (cerca de 15,6 bilhões).
A área exploratória é tida por especialistas como tendo potencial comparável ou superior à região do Pré-Sal. Conforme antecipou O POVO em matéria publicada no dia 16 de novembro, a descoberta de grandes reservas de petróleo em países vizinhos do Brasil como Guiana e Suriname foi uma das responsáveis por acelerar o interesse da companhia em buscar por esse e por outros hidrocarbonetos nas regiões Norte e Nordeste.
O consultor em petróleo e gás, Ricardo Pinheiro, disse acreditar que Ceará e Rio Grande do Norte saem na frente nessa exploração, que atrai também o interesse de outras empresas do setor. Juntos, os dois estados contam, por exemplo, com 36 dos 83 blocos a serem concedidos pela Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Derivados (ANP) à iniciativa privada, em leilão previsto para acontecer no próximo dia 16.
Ele acrescenta que o fato de Ceará e Rio Grande do Norte já contarem com estrutura em campos como os de Pitu, no caso potiguar, e de Paracuru, no caso cearense, é uma das principais razões para essa previsão. “Eles já encontraram indícios de óleo nos dois estados, que também enfrenta menos dificuldade de obter licenciamento ambiental que a região da foz do Rio Amazonas”, explica o especialista.
Ao comentar o Plano Estratégico da Petrobras, Pinheiro avalia que “o investimento na Margem Equatorial foi muito bem equacionado. A companhia foi arrojada nessa decisão. Esse montante de US$ 3 bilhões já se aproxima mais do que investe no Pré-Sal. Além disso, o custo diário para extrair petróleo de regiões com alta profundidade é muito alto e isso mostra que ela está apostando alto”.
Na mesma direção, o ex-diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe, lembra que se consideradas as previsões feitas no início de 2022, a aposta em investimentos na exploração dessa região duplicou. “No início deste ano, a Petrobras falava em US$ 1, 5 bilhão. Então, em menos de 12 meses essa projeção dobrou. Isso demonstra o apetite pela Margem Equatorial e o tamanho que ela tem”, exalta.
Além do interesse nessa área potencialmente rica em petróleo, Duailibe destaca outros pontos apresentados no planejamento quinquenal da Petrobras, entre os quais a aposta no hidrogênio e o aumento no investimento em refino. Vale lembrar que o hidrogênio verde (H2V) é uma das grandes expectativas do governo e de investidores no Ceará para alavancar a economia estadual.
“Quando ela fala de hidrogênio e crédito de carbono, dá um passo em relação aos planos anteriores, na redução de sua pegada de carbono”, pontua o ex-diretor da ANP.
“Acredito também que no próximo governo vai ter um incremento na política de refino, que foi descontinuada no atual, e esse planejamento sinaliza nessa direção”, conclui.