Responsável pelo equipamento usado na planta de eletrólise da usina piloto de hidrogênio verde (H2V) da EDP Brasil - inaugurada na semana passada -, a Hytron diz já estar de olho nas dezenas de projetos de geração do combustível em desenvolvimento no Ceará, nos demais estados do Brasil e também no Exterior.
A informação é do sócio-fundador da empresa, o cearense Daniel Lopes, que voltou ao Estado na semana passada para a inauguração oficial da Pecém H2V pelo CEO da EDP Brasil, João Marques da Cruz.
A unidade instalada ao lado da UTE Pecém teve investimento de R$ 42 milhões para a geração e conta com uma usina solar com capacidade de 3 megawatts e um módulo eletrolisador de última geração para produção do combustível, com capacidade de 250 Nm3/h do gás.
O projeto piloto, na prática, serve como uma vitrine aos envolvidos. Enquanto a EDP busca compradores para o H2V, a Hytron procura participar dos projetos mais robustos em desenvolvimento e que envolvem mais recursos.
"Nós temos estruturados, como apoio a esses grandes players, engenharia nessa etapa (de estudos) muito focada no fornecimento dos equipamentos, que é de fato o que a gente faz dentro da cadeia de valor do hidrogênio, e obviamente no momento da escolha dos fornecedores", afirmou em entrevista ao O POVO.
Estão no alvo da empresa, no Brasil, os investidores que assinaram memorandos de entendimento com todos os estados do Nordeste - apenas no Ceará são 24 documentos selados entre setor privado e poder público.
"Esses projetos que estão em estudos são investimentos de bilhões de dólares e ninguém faz um investimento desse sem um estudo adequado. Os estudos devem durar entre um e dois anos para serem finalizados e isso leva uma realidade de início de implantação das usinas de grande porte para 2025, que está aí”, comenta, apontando a iminência do desenvolvimento dessa indústria no Ceará.
O aumento de clientes nesta região do País, inclusive, pode fazer com que a empresa atue com mais força no Nordeste. Perguntado se faz parte dos planos da Hytron ter bases ou mesmo fábricas no Nordeste, especialmente no Ceará, o sócio-fundador da empresa disse entender “que esse é um caminho inevitável à medida que a demanda exista”, mas observou que a decisão não cabe somente a ele.
Hoje, a Hytron conta com um centro de pesquisa e inovação, em Sumaré (SP), e uma fábrica de equipamentos em Belo Horizonte (MG). A indústria faz parte do Grupo Neuman&Esser de Aachen, da Alemanha. A empresa fundada por Lopes e os sócios em 2003 passou a integrar o grupo multinacional em 2020.
“A gente conseguiu estruturar o desenvolvimento da tecnologia para produção e purificação do hidrogênio por diversas formas. A eletrólise, como é o caso aqui do Pecém, mas também hidrogênio a partir do etanol ou de biocombustíveis como o biometano e nessa estruturação, a gente chegou em um ponto que precisava expandir o nosso mercado para além das fronteiras do Brasil”, afirmou o executivo sobre a expertise da empresa e como formularam a parceria.