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Juros bancários encareceram até 120% desde que a Selic começou a subir
Economia

Juros bancários encareceram até 120% desde que a Selic começou a subir

|PANORAMA| Estudo da Anefac, aponta ainda que piora no cenário observado desde 2021, foi acentuado neste ano por crise nas Americanas e endividamento das famílias
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Estudo da SBVC mostra que as 300 maiores varejistas faturaram mais de R$ 1 trilhão (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Estudo da SBVC mostra que as 300 maiores varejistas faturaram mais de R$ 1 trilhão

As principais linhas de crédito disponíveis para pessoas físicas e jurídicas tiveram variações em suas taxas de juros variando entre 22,36% e 120,03% desde o início do processo de alta da Selic pelo Banco Central (BC), iniciada em 2021, aponta levantamento da Associação Nacional de Executivos (Anefac).

De janeiro daquele ano até abril de 2023, a Selic, considerada a taxa básica de juros do Brasil, aumentou quase sete vezes, passando de 2% para 13,75%.

Segundo a Anefac, acompanhando esse movimento, o crédito para pessoa física ficou 35,51% mais caro no período analisado. Já o destinado às pessoas jurídicas teve alta ainda mais expressiva, de 49,49%.

Outros fenômenos, tais como as crises que atingiram a Americanas (e, em menor grau, a Oi e a Itaipava), o baixo crescimento econômico e o endividamento elevado das famílias associado à queda na renda, também contribuíram para a piora no cenário de crédito no País.

A linha de crédito que registrou a maior elevação foi o capital de giro ofertado às empresas, que passou de 13,08% ao ano para 28,78% ao ano, mais que dobrando no período analisado. Para pessoas física, a linha de crédito que mais encareceu foi o CDC, que teve elevação de 69,63%.

Por sua vez, o cheque especial destinado à pessoa física, teve a menor alta, embora em patamar elevado. Quem tomou esse tipo de empréstimo em janeiro de 2021 pagava 127,76% ao ano.

Já quem acionou essa modalidade de crédito em abril deste ano passou a pagar 156,33%, uma elevação de 22,36%. Já para pessoa jurídica, a linha que menos encareceu foi a chamada conta garantida, que teve elevação de 35,12%.

Cenário de crédito

Sobre o cenário de abril, a Anefac avaliou que “das seis linhas de crédito pesquisadas para pessoa física, três tiveram suas taxas de juros elevadas no mês (juros do comércio, cartão de crédito, e empréstimo pessoal-financeiras), duas tiveram suas taxas de juros reduzidas no mês (CDC-Bancos-financiamento de veículos e empréstimo pessoal-bancos) e uma teve sua taxa de juros mantida no mês (cheque especial)”.

Já das três linhas de crédito ofertadas à pessoa jurídica pesquisadas “uma teve sua taxa de juros reduzida no mês (capital de giro) e duas tiveram suas taxas de juros elevadas (desconto de duplicatas e conta garantida)”. Conforme o diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, “a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito possam ser elevadas nos próximos meses”.

O economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec), Ricardo Coimbra, a maior elevação das taxas de juros para pessoas jurídicas “está mais relacionada com o spread, ou seja, com as variáveis relacionadas principalmente à inadimplência e também ao custo de captação deste recurso”.

Em linhas gerais, Coimbra, avalia que “tudo isso vem gerando uma retração no crédito e na atividade econômica como um todo, dificultando o processo de recuperação. Na medida em que você tem taxa de juros num patamar muito elevado dificulta os setores produtivos e até o setor financeiro porque ele vai ter um menor volume das operações”.

Já o sócio da M7 Investimentos, Thomaz Bianchi, enfatiza que “muitas empresas dependem do crédito para financiar suas atividades, seja para investir em novos projetos, comprar equipamentos ou mesmo para capital de giro. Com o aumento das taxas de juros, as condições para o crédito empresarial tendem a ficar mais restritas”.

“No caso dos consumidores, os empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e imóveis e outros tipos de crédito ficaram mais caros, uma vez que as taxas de juros cobradas pelos bancos tendem a refletir as mudanças na Selic”, acrescenta. Ele conclui dizendo que “isso afeta negativamente o consumo e a economia como um todo”.

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Para se livrar das dívidas

1) Identifique todas as suas dívidas;

2) Tendo recursos aplicados, resgate os mesmos para usar nestes pagamentos mesmo que sejam parciais;

3) Reduza suas despesas mensais (comprometa sua família nesta cruzada);

4) Analise sua capacidade de pagamento para propor acordo a seus credores (qual o valor mensal que posso dispor?);

5) Estabeleça prioridades. Na hora de pagar ou renegociar, priorize as mais caras (juros maiores) e as que geram penalidades, como condomínio, luz, água e telefone;

6) Se for possível peça um empréstimo mais barato para liquidar as dívidas mais caras;

7) Não sendo possível, renegocie com seus credores condições de pagamento que possa cumprir;

8) É importante propor algo que consiga cumprir para não ficar novamente inadimplente após algum tempo. Isto desacredita você;

9) O ideal é negociar antes de entrar nas listas de proteção ao crédito;

10) Mude seus hábitos de gastos para não voltar novamente a mesma situação (não gastar mais de que ganha, não usar cheque especial e rotativo do cartão de crédito).

Fonte: Anefac

Taxa de juros

PESSOA FÍSICA

Como era em Janeiro/2021:

Linhas de crédito

Cartão de crédito 

Taxa mês: 11,19%

Taxa ano: 257,10% 

Cheque especial

Taxa mês: 7,10%

Taxa ano: 127,76%

Empréstimo pessoal (financeiras)  

Taxa mês: 6,21%

Taxa ano: 106,06% 

Juros do comércio

Taxa mês: 4,66% 

Taxa ano: 72,73%

Empréstimo pessoal (bancos)

Taxa mês: 3,18%

Taxa ano: 45,59%

CDC (bancos/financiamento de automóveis)

Taxa mês: 1,34%

Taxa ano: 17,32%

Taxa média - Taxa mês: 5,61% Taxa ano: 92,59%

 

Como é em abril/2023

Linhas de crédito

Cartão de crédito

Taxa mês: 14,76%

Taxa ano: 421,78%

Variação*: 64,05%

Cheque especial

Taxa mês: 8,16%

Taxa ano: 156,33%

Variação*: 22,36%

Empréstimo pessoal (financeiras)

Taxa mês: 7,32%

Taxa ano: 133,44%

Variação*: 25,81%

Juros do comércio

Taxa mês: 5,56%

Taxa ano: 91,42%

Variação*: 25,69%

Empréstimo pessoal (bancos)

Taxa mês: 4,09%

Taxa ano: 61,77%

Variação*: 35,49%

CDC (bancos/financiamento de automóveis)

Taxa mês: 2,17%

Taxa ano: 29,38%

Variação*: 69,63%

Taxa média  

Taxa mês: 7,01%

Taxa ano: 125,47%

Variação*: 35,51%

 

PESSOA JURÍDICA

Como era em janeiro/2021

Linhas de crédito

Conta garantida

Taxa mês: 6,52%

Taxa ano: 113,39%

Desconto de duplicatas

Taxa mês: 1,20%

Taxa ano: 15,39%

Capital de giro

Taxa mês: 1,03%

Taxa ano: 13,08%

Taxa média

Taxa mês: 2,92%

Taxa ano: 41,20%

Como era em abril/2023

 

Conta garantida

Taxa mês: 8,05%

Taxa ano: 153,22%

Variação*: 35,12%

Desconto de duplicatas

Taxa mês: 2,07%

Taxa ano: 27,87%

Variação*: 81,09%

Capital de giro

Taxa mês: 2,13%

Taxa ano: 28,78%

Variação*: 120,03%

Taxa média

Taxa mês: 4,08%

Taxa ano: 61,59%

Variação*: 49,49%

Fonte: Anefac
*dados comparativos entre janeiro de 2021 quando a Selic estava a 2% ao ano com abril de 2023, com a taxa em 13,75%

Fonte: Anefac

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