A Petrobras verbalizou pela primeira vez a possibilidade de investir em hidrogênio verde no Ceará. De acordo com o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a possibilidade está no radar e pode ocorrer em projeto conjunto com outra empresa de mesmo porte.
Neste momento, a companhia segue à espera da regulamentação do hidrogênio verde e eólica offshore no Congresso, mas destaca que o trabalho em torno da formação de hub de H2V no Ceará é fruto de uma mobilização que ocorre há muito tempo.
No entendimento do presidente da Petrobras, é possível até mesmo que o Ceará se torne um polo de suprimento de hidrogênio até para o mercado nacional, ainda conjecturando a possibilidade de que o combustível se torne uma opção para a cadeia logística do Brasil no futuro.
Dentro dos interesses da Petrobras em relação ao hidrogênio verde, Prates destaca que há a ideia de rever o uso da Usina Termelétrica Vale do Açu-RN, que foi inaugurada em 2008. "Vamos ter de refazer os planos".
Neste contexto, o Ceará se coloca como o estado com maior potencial para liderar essa nova cadeia industrial em formação e hoje tem, de longe, a maior quantidade de projetos do País.
Estudo da GIZ (sigla em alemão para sociedade alemã para a cooperação internacional), adaptado com os dados já divulgados pelo Governo do Estado, indica a existência de 30 projetos pensados para o Complexo do Pecém, de um total de 57 em desenvolvimento no território brasileiro.
A quantidade alcançada em pouco mais de dois anos desde o lançamento da ideia do hub de hidrogênio verde (H2V) reúne gigantes internacionais do setor que podem aplicar um investimento total estimado em US$ 30 bilhões.
A posição da Petrobras sobre hidrogênio verde se mostra cômoda para tomada de decisão, conforme assumiu o próprio Prates, que sustenta que há capital tecnológico em desenvolvimento para tal, mas que os primeiros passos em H2V devem vir em parcerias estratégicas "com empresas de mesmo tamanho e experiência global".
"Recentemente, nós lançamos novas diretrizes que dão ideia de quais serão os novos investimentos nos próximos quatro anos. Estamos trabalhando internamente, mas já lançamos essas diretrizes incorporando a possibilidade, sim, de investimento em hidrogênio, que é um investimento que demora e precisa de maturação, que é uma análise que toda indústria está fazendo conjuntamente", pontua.
As afirmações ocorreram em evento no Rio Grande do Norte, que tratou sobre os planos de exploração da Margem Equatorial Brasileira. A partir desse movimento, há a perspectiva de que a Petrobras também entre fortemente nos investimentos em energias renováveis, além da exploração petrolífera, aí entrariam em energia eólica, além do H2V.
O investimento em eólica offshore faz parte do interesse da Petrobras, aponta o presidente. A empresa tem o potencial de sair na frente na disputa com outros players de mercado que desejem investir em eólica offshore, pois o projeto que regulamenta a exploração eólica no mar tem dispositivo que dá prioridade para empresas que já possuem empreendimentos, como plataformas petrolíferas credenciadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e que desejem realizar esse processo de transição de sua matriz produtiva no mar.
Dentro dessa vantagem, Jean Paul diz que existem até projetos pilotos de energia eólica que estão parados, além de plataformas que estão hibernando, inclusive no litoral do Ceará, que a Petrobras pretende utilizar.
OFFSHORE
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia (MME), o potencial brasileiro é estimado em 700 GW em locações offshore com baixa profundidade, um volume que corresponde a mais de 30 vezes a capacidade de geração instalada hoje no mundo.
Prates avalia furar mais poços no campo de Pitu, no RN
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, destacou ainda que vai perfurar mais dois ou três poços no campo de Pitu, na bacia Potiguar, localizado na Margem Equatorial brasileira.
Ele informou que aguarda o licenciamento para a exploração do local, um dos poucos ativos que restaram no Estado após os desinvestimentos feitos pela gestão anterior da estatal.
"Os dois poços viriam em sequência ao da Foz do Amazonas, mas pode ser que seja mais simples e vamos ver qual processo vai evoluir mais rápido. Saindo (o licenciamento) vamos trazer a sonda que estava na Foz", informou Prates.
Ele explicou que a descoberta de Pitu ocorreu em 2015, mas foi deixada de lado apesar do interesse da empresa. Agora, o objetivo será conhecer melhor o reservatório, e se a campanha for bem-sucedida, será a volta da produção da Petrobras em águas profundas do Estado.
"Ainda não saiu o licenciamento, mas a intenção é de perfurar, enfatizando todo o meu respeito ao licenciamento do processo ambiental", disse ele, rebatendo notícias de que haveria pressão da empresa para obter a licença para a exploração na bacia da Foz do Amazonas que foi negada pelo Ibama.A Petrobras entrou com recurso e aguarda a liberação da licença.(Agência Estado)
Potencial eólico offshore da Margem Equatorial será mapeado
Um protocolo de intenções para desenvolver ações e estratégias voltadas à transição energética, energias renováveis e descarbonização no Brasil foi assinado ontem pela Petrobras e o Senai-RN.
A iniciativa traz como possíveis desdobramentos a ampliação e o aprofundamento do mapeamento do potencial eólico offshore na Margem Equatorial Brasileira (faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte). A parceria pretende detalhar o potencial da região, que preliminarmente indica uma capacidade instalada de 51 gigawatts.
Também estabelece o compromisso da criação de um Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) de referência para pesquisa e desenvolvimento desses setores.
A assinatura do documento ocorreu em evento realizado na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, em Natal.
Segundo o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o potencial eólico offshore do País para impulsionar a empresa em direção à transição energética justa.
"A Petrobras está caminhando com diligência, mantendo foco em operar de forma sustentável. Ao mesmo tempo avançando na descarbonização e atenta às oportunidades de ampliar sua atuação em novas matrizes como os combustíveis com conteúdo renovável, energia eólica e solar", disse.
Segundo o Senai, a parceria pode contribuir para ampliar a segurança energética dos estados e evitar, por exemplo, episódios como o de 2020, quando o Amapá enfrentou 22 dias de interrupção de energia elétrica, causada por fortes chuvas e descargas atmosféricas, que afetou cerca de 90% da população.
O diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, analisou como muito oportuna essa união de esforços do órgão com a Petrobras.
"Essa parceria abre perspectivas para a criação de um ambiente de discussão estratégica para o Brasil sobre temas em que o país caminha para alcançar cada vez mais destaque aos olhos do mundo." (Lennon Costa)