Com o lançamento do Corredor de Hidrogênio Verde entre os portos do Pecém, aqui no Ceará, e de Roterdã, nos Países Baixos, feito ontem, com transmissão ao vivo para o World Hydrogen Summit 2023, na cidade holandesa, um próximo passo precisa ser dado: assinaturas de contratos firmes e a curto prazo para a viabilização real do novo combustível.
O pedido de auxílio neste ponto foi feito pelos empresários envolvidos nos projetos de desenvolvimento do H2V no Porto do Pecém, ao governador Elmano de Freitas (PT) e ao primeiro-ministro do Reino dos Países Baixos, Mark Rutte, que esteve presente no evento.
Com a assinatura, o Complexo do Pecém e o Porto de Roterdã criam um corredor de ponta a ponta da cadeia de suprimentos para hidrogênio verde, incluindo produção no Pecém e recebimento e distribuição no Porto de Roterdã, para atender à demanda nos Países Baixos e em outros países da Europa.
O acordo inclui o compromisso da Parceria de Portos Verdes (Green Ports Partnership) entre o Estado do Ceará e a Holanda.
Assinaram a criação do corredor: o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Porto de Roterdã (Havenbedrijf Rotterdam), AES Brasil, Casa dos Ventos, Nexway, Fortescue e EDP.
Exaltando que o feito era uma marco para a humanidade e um importante passo para a descarbonização mundial, o governador Elmano ressaltou que o Ceará está preparado para a produção de energias renováveis e exportação do H2V e que há uma grande discussão com vários ministérios para que o governo brasileiro tenha um Plano Nacional de Hidrogênio Verde.
“A reforma tributária é uma das facetas dele, tratando da parte de crédito, da regulamentação interna e no mercado internacional.”
Já o primeiro-ministro Mark Rutte destacou que o Porto do Pecém tem excelentes condições para fornecer H2V para a Europa. “Vocês têm o espaço, a indústria, o Governo disposto a apoiar e as empresas. Basicamente, vocês têm toda a infraestrutura, inclusive em termos de conhecimentos. Diria que são as condições ideais.”
Porém, com relação a ajuda no fechamento de contratos, ele destaca que ao seu ver, os governos não devem estar envolvidos nos contratos comerciais.
“O que podemos fazer é unir as empresas e as instituições de ensino e, algumas vezes, o Governo pode ser um primeiro comprador. Todos grupos industriais têm de estar comprometidos em reduzir emissões e em reduzir custos, e aqui vocês têm uma alternativa fantástica.”
O vice-presidente de operações do Porto do Pecém, Fábio Grandchamp, demonstrou apoio aos esforços de descarbonização da Europa e pediu ajuda aos governos para incentivar os consumidores a fecharem contratos de compra no curto prazo.
“Hoje temos esses quatro projetos que estão mais avançados e, com a criação do corredor, começamos a ter esses projetos com expectativa de fazer a decisão final de investimento no meio do ano que vem. Só aí a gente conseguiria começar a produzir hidrogênio verde no final de 2026. Atualmente se tem um investimento bastante privado que deve chegar na casa de U$ 10 bilhões e o porto com R$ 1 bilhão, em infraestrutura, para suportarmos esse escoamento, e também o investimento dos nossos parceiros, para a infraestrutura comum, com mais R$ 1,2 bilhão.”
O presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueiredo, e outros representantes brasileiros, como o senador Cid Gomes (PDT) que estão na World Hydrogen Summit, participaram de forma virtual.
Conexão
Na World Hydrogen 2023, o presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueiredo, firmou parceria com outras 13 instituições de cinco países com o intuito de acelerar os projetos de inovação em hidrogênio verde.
Durante um ano, essas instituições (universidades, hubs de inovação e portos) trabalharão em conjunto buscando soluções inovadoras para a cadeia de hidrogênio verde. A iniciativa é da holandesa Platform Zero e conta com representantes de seis países (Austrália, Brasil, Chile, Países Baixos, Portugal e Reino Unido).
As negociações em torno do Hidrogênio Verde
Empresas que assinaram criação do corredor marítimo de Hidrogênio Verde:
Complexo Industrial e Portuário do Pecém
Porto de Roterdã (Havenbedrijf Rotterdam)
AES Brasil
Casa dos Ventos
Nexway
Fortescue
EDP
Investimentos confirmados para o hub de Hidrogênio Verde no Ceará
Empresas com áreas reservadas:
AES Brasil (80 hectares) - US$ 2 bilhões
Fortescue (121 hectares) - US$ 6 bilhões
Casa dos Ventos (60 hectares) - Valor não divulgado
Investimento do Porto do Pecém em infraestrutura: R$ 2,2 bilhões
Outros memorandos de entendimentos assinados pelo Governo
Enegix Energy
Qair
Neoenergia
Diferencial Energia
Eneva
H2Helium
Hytron
Engie
Transhydrogen Alliance
White Martins / Linde
Eren
Cactus Energia Verde
Casa dos Ventos
Stolthaven
H2 Green Power
Comerc / Nexway
Enel Brasil
HDF
ABB
Mitsui / Caetano Bus
Alupar
Fonte: Governo do Ceará