Na Grande Fortaleza, 155,4 mil pessoas saíram da linha da pobreza em 2022, comparado com 2021. Em percentual, a taxa de pobreza caiu de 42,3% para 38,2%. Já na faixa da extrema pobreza também houve redução de 13,9 mil pessoas.
As informações estão presentes na décima terceira edição do “Boletim Desigualdade nas Metrópoles”, produzido em parceria pelo Observatório das Metrópoles, PUCRS Data Social, e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
As reduções, porém, não foram suficientes para representar um resultado satisfatório, quando se compara a região metropolitana cearense com as outras do País. Isso porque Fortaleza aparece como a sexta capital com a maior taxa de extrema pobreza do Brasil, como 6,3%.
Aliás, pelo estudo, na ordem, a primeira região metropolitana com a taxa de Extrema Pobreza mais alta, é Salvador (10,9%), seguida por Recife (9,7%), João Pessoa (9,2%), Maceió (7,1%) e Grande São Luís (6,9%).
No Brasil, 3,4 milhões de pessoas residentes nas metrópoles saíram da situação de pobreza, e 1,8 milhões deixaram a extrema pobreza. Dois pontos são apontados como determinantes para esse resultado. São eles: o crescimento da renda média e a melhora da distribuição de renda, que levou à queda da desigualdade no conjunto das metrópoles brasileiras.
Segundo o coordenador do PUCRS Data Social e um dos autores do estudo, Andre Salata, Fortaleza segue a tendência geral do País de redução nas taxas de pobreza e extrema pobreza.
Porém, diferente de outras regiões em que o aumento da renda ocorreu por conta da melhora da inserção no mercado de trabalho, ele afirma que no Estado e na região Nordeste como um todo, o que fez a diferença foram os programas de transferência de renda.
A diminuição da desigualdade entre as pessoas, medido pelo coeficiente de Gini (que leva em consideração a distribuição de rendimentos entre os indivíduos de uma população, variando de zero a um, onde zero representa a completa igualdade, em que todos teriam a mesma renda, e um representa a completa desigualdade, em que uma só pessoa deteria toda a renda) de 0,545 em 2021 para 0,543 em 2002.
Pela série histórica, o melhor índice que a grande Fortaleza já atingiu de 2012 até 2022 foi de 0,522, em 2014 e o pior resultado foi em 2019, com o Gini em 0,582.
“Com esses coeficientes, pode-se dizer que Fortaleza está melhor do que estava no período da pandemia, e até pré-pandemia, já que 2019 foi o pior ano e depois os auxílios emergenciais colaboram com uma pequena melhora, mas ainda se está longe de atingir o que se teve de melhor nesses anos.”
Pela primeira vez, depois da pandemia, se tem uma pequena recuperação da renda média, e sai de R$1.350 para R$1.430 e a renda das pessoas mais pobres também tem uma pequena recuperação, subindo de R$ 265 para R$ 361. "E esses fatores têm impacto direto nos índices de pobreza e extrema pobreza", comenta Salata.
Sobre a projeção para este ano, analisando o comportamento que vem ocorrendo nos últimos anos, o coordenador da pesquisa acredita que a melhora nos índices não deve ser na mesma intensidade que se viu nos dois últimos anos.
Salata ainda aponta que o que pode e deve ser levado em consideração para a diminuição da desigualdade é a valorização do salário mínimo, “que está recomeçando e deve ganhar força”.
Além disso, ele destaca a evolução dos programas de transferência de renda, “focalizados nas pessoas que mais precisam e podendo fazer, atingindo mais pessoas que se encontram nas piores situações, com a mesma verba”.
Os indicadores de renda na Grande Fortaleza
Evolução da taxa de extrema pobreza
2012 - 4,89%
2013 - 5,21%
2014 - 5,4%
2015 - 5,87%
2016 - 7,11%
2017 - 5,93%
2018 - 5,78%
2019 - 5,68%
2020 - 6,57%
2021 - 6,69%
2022 - 6,3%
Evolução da pobreza
2012 - 42,1%
2013 - 36,2%
2014 - 37,3%
2015 - 39,7%
2016 - 41,1%
2017 - 40,1%
2018 - 37,3%
2019 - 37,8%
2020 - 34,6%
2021 - 42,3%
2022 - 38,2%
Evolução do Índice de Gini
2012 - 0,543
2013 - 0,526
2014 - 0,522
2015 -0,534
2016 - 0,539
2017 - 0,552
2018 - 0,572
2019 - 0,582
2020 - 0,559
2021 - 0,545
2022 - 0,543
Renda média por classe social no Ceará (em R$)
40% mais pobres
2012 - 378,59
2013 - 407,69
2014 - 407,27
2015 - 382,92
2016 - 362,72
2017 - 377,81
2018 - 398,53
2019 - 397,15
2020 - 417,13
2021 - 358,97
2022 - 404,34
50% intermediário
2012 - 1.254,49
2013 - 1.281,23
2014 - 1.248,30
2015 - 1.275,64
2016 - 1.218,54
2017 - 1.235,16
2018 - 1.280,04
2019 - 1.325,72
2020 - 1.481,37
2021 - 1.246,29
2022 - 1.248,99
10% superiores
2012 - 6.093,99
2013 - 6.008,45
2014 - 5.881,68
2015 - 5.981,57
2016 - 5.826,89
2017 - 6.421,64
2018 - 7.442,18
2019 - 8.199,97
2020 - 7.493,57
2021 - 5.954,00
2022 - 6.474,74
Renda média
2012 - 1.385
2013 - 1.403
2014 - 1.374
2015 - 1.389
2016 - 1.330
2017 - 1.409
2018 - 1.542
2019 - 1.620
2020 - 1.652
2021 - 1.353
2022 - 1.433