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ArcelorMittal Pecém: indústria automotiva e linha branca nos planos futuros
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ArcelorMittal Pecém: indústria automotiva e linha branca nos planos futuros

| Verticalização | Erick Torres afirmou que acesso ao Porto do Pecém e contatos do grupo internacional dão acesso a mercados em qualquer parte do mundo
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USINA trabalha com capacidade máxima de 3 milhões de toneladas de placas de aço (Foto: Arquivo/CSP)
Foto: Arquivo/CSP USINA trabalha com capacidade máxima de 3 milhões de toneladas de placas de aço

O próximo investimento robusto a ser feito na ArcelorMittal Pecém é a chamada verticalização da produção, segundo afirmou com exclusividade ao O Povo, Erick Torres, CEO da siderúrgica instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

O processo consiste em atribuir mais valor à planta, que teria, além das placas de aço e bobinas - itens básicos para as indústrias automotiva e linha branca.

A expectativa é de que a viabilidade seja atestada em três anos e a execução e finalização do projeto de adequação aconteça dentro de mais três ou quatro anos, no máximo.

Atualmente, a siderúrgica atende esses dois mercados, mas não diretamente, porque as placas de aço produzidas são a base para a laminação e as bobinas.

"Essa laminação é uma possibilidade dentro dos nossos projetos de visão de futuro da planta da ArcelorMittal Pecém. Hoje, se você pensar qual investimento a gente faria após a compra por US$ 2,2 bilhões que a gente fez, seria a verticalização através da conversão de placas em bobinas e lâminas", afirmou o executivo, que participa de uma série de entrevistas feitas pelo O POVO para o Anuário do Ceará.

Siderúrgica opera na capacidade máxima

Perguntado qual seria o foco da produção das bobinas ou lâminas, se o mercado brasileiro ou o internacional, Torres disse considerar essa divisão irrelevante dada as opções da ArcelorMittal.

Ele cita o Porto do Pecém como equipamento-chave nessa atuação, assim como os contatos do grupo em todo o mundo.

"Então, a gente tem acesso ao mercado externo com uma facilidade muito grande e tem um mercado interno, que tem o Nordeste todo crescendo", acrescentou. Hoje a Arcelor está presente em 60 países.

Sem citar qual seria o investimento necessário, a indústria precisa estabelecer um processamento de laminação para a unidade. No Brasil, a ArcelorMittal atua no segmento de aços planos, aços longos e mineração.

Nos planos, a companhia produz 10,5 milhões de toneladas, sendo a unidade do Pecém responsável por 3 milhões anuais - capacidade máxima.

A afirmação de Torres sobre a falta de preocupação de qual mercado atender, de certa forma, tranquiliza por não trazer dúvidas sobre os interesses da Arcelor no Ceará e ainda deve colaborar nos planos do Governo do Ceará em atrair mais empreendimentos ao Estado.

Sonho cearense de uma montadora

Com uma modesta participação na indústria de linha branca, com uma indústria local instalada no Distrito Industrial de Maracanaú, o Ceará almeja há décadas a captação de uma montadora.

Negociações já foram feitas e desfeitas desde a afirmação do Complexo do Pecém como um dos mais competitivos do Nordeste ainda sem sucesso e acumulando pequenos desgostos, como o fechamento da Troller pela Ford em 2021.

Com uma indústria de base produzindo bobinas quentes e frias no mesmo parque, no entanto, a chance de atrair uma montadora de grande porte ganha outro elemento competitivo.

A ArcelorMittal Pecém domina quase metade da pauta de exportação do Estado em uma escalada que iniciou em 2016, após o início da operação. A produção é usada pelas indústrias de petróleo, química, maquinários pesados, torres eólicas e infraestrutura em geral.

Os destinos dessa produção chegam, pelos contratos firmados até a compra da unidade, para Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Itália, México, Polônia e Turquia.

 

 

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Empresa executa conversão da siderúrgica para gás natural

Outro investimento robusto planejado pela ArcelorMittal Pecém, segundo adiantou o CEO Erick Torres, é a conversão da planta para abandonar o uso de carvão, no qual o gás natural é enxergado como um caminho para o hidrogênio verde. É uma agenda da transição energética brasileira e da qual, ressaltou, o governo precisa participar incentivando medidas como a executada na planta do Pecém.

"A gente precisa de políticas claras de investimentos para que a gente possa caminhar nesta estruturação. Quando observamos as referências da Europa, do Canadá, onde há sim um financiamento robusto e direto é dos governos, vemos que precisamos começar a enxergar isso como o horizonte final", afirmou, classificando como "boa sinalização" a fala do presidente Lula a respeito do projeto de lei para regulamentação do hidrogênio verde.

No Pecém, hoje, o CEO contou que o processo de transição está em curso numa fase onde o desempenho da usina é observado a partir das mudanças, numa ação que mira garantir a operação com rendimento maior a partir do uso da mesma quantidade de combustível.

Simultaneamente, o uso de carvão vegetal e a aplicação de gás natural também já é feito na ArcelorMittal Pecém. É um processo de duração estimada entre 5 e 10 anos, de acordo com ele.

"Como é que está a visão da próxima fase? Aí partimos para uma reestruturação do processo de produção do aço. Teremos troca de equipamentos, rever a forma de produção base da matéria-prima, utilização do hidrogênio, reutilização do carbono em algum outro tipo de processo e isso ainda é, como eu disse, muito embrionário e está ainda em laboratórios", observou.

Por isso, Torres ponderou sobre a meta da empresa de ter zero emissões de carbono em 2050. Segundo o executivo, "até 2050 não significa que eu vou trocar todo o carbono pro hidrogênio". "Tem parte disso que eu vou precisar reutilizar o carbono e existem tecnologia para isso", arrematou.

Hidrogênio

Uso do hidrogênio como combustível único é considerado embrionário para a aplicação na indústria siderúrgica pela ArcelorMittal e virá como uma fase posterior, após a conversão completa da unidade para gás natural

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