O Ceará é a segunda unidade da federação do Norte e Nordeste com mais usinas de biogás. Os dados são de um levantamento de mercado do Centro Internacional de Energias Renováveis e Biogás (CIBiogás), que divulgou números do setor durante o ano de 2022.
O estudo identificou que o Estado registrou um total de seis plantas em operação e produção biogás, o dobro do que havia sido registrado em 2021, deixando o Estado atrás apenas de Pernambuco, com nove, entre as duas regiões.
Entre as plantas, três são da agropecuária, duas do saneamento e uma da indústria.
Outras unidades que mais se aproximam são Bahia e Alagoas, com quatro, e Tocantins, com três. Os demais estados das duas regiões só possuem uma ou nenhuma usina.
Apesar do bom resultado regional, o número ainda é bem abaixo do que é visto nas demais regiões do Brasil. São 163 usinas no Centro-Oeste, 324 no Sul e 366 no Sudeste, que totalizam 885 unidades no Brasil no ano passado, 114 a mais do que o registrado em 2021.
Os estados em destaque são Minas Gerais, com 274 plantas, Paraná (198), Santa Catarina (82), São Paulo (74) e Goiás (74). Estes cincos juntos concentram cerca de 79% das plantas em operação no País.
O Ceará, no entanto, destaca-se em termos de volume de biogás para fins energéticos, sendo o sexto que mais produz no Brasil, com 149 milhões de normal metro cúbico por ano (Nm³/ano).
O índice é liderado por São Paulo (1,01 bilhão Nm³/ano), Rio de Janeiro (389,5 milhões Nm³/ano) e Minas Gerais (312,7 milhões Nm³/ano). Pernambuco foi o melhor do Nordeste, na quinta colocação nacional, com 160 milhões Nm³/ano.
Já os estados que mais cresceram em plantas entre 2021 e 2022 são São Paulo (21% no número de plantas), Paraná (18%), Santa Catarina (17%) e Goiás (16%).
O consultor nas área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, vê os resultados do Ceará com bastante otimismo. Ele ressaltou que o biogás é mais uma alternativa aos biocombustíveis, e disse que o número de plantas só não é maior no Estado por uma prioridade em outras fontes de energia.
"Nós estamos, aqui no Ceará, oferecendo o maior grau de interesse de oportunidades com o hidrogênio, onde nós já temos praticamente 40 protocolos de intenção, e temos também a nosso favor a energia eólica, que são dois sustentáculos da economia de consumo. Eu vejo com muito positivismo que a gente também desenvolva numa escala crescente o biogás", analisa.
Já o diretor de infraestrutura da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e sócio da Nexbio, Expedito Parente Júnior, destacou que a concentração maior de usinas no Sul e Sudeste acontece por uma questão cultural, pois a atividade econômica dessas regiões são sempre polos agropecuários.
No entanto, ele destacou que aqui no Ceará a gente tem um grande projeto de referência nacional e mundial, que é o gerado no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia (ASMOC).
"O biometano que é gerado lá representa cerca de 15% do consumo de gás da distribuição e de gás natural do Ceará, isso é um valor extremamente relevante dizer que isso é proveniente de uma fonte renovável. Poucos lugares do mundo tem essa participação tão grande", explicou.
Volume de biogás produzido para fins energéticos em 2022 (em Nm³/ano)
São Paulo - 1.017
Rio de Janeiro - 389
Minas Gerais - 312
Paraná - 271
Pernambuco - 160
Ceará - 149
Fonte: CiBiogás