A usina de biometano da GNR Fortaleza prevê ampliar a produção em mais de 30% em 2024. Atualmente, a operação produz 90 mil m³ de biometano por dia, que chegaria a 120 mil m³ por dia no próximo ano.
Toda produção da planta é comprada pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás) e é destinada aos diversos segmentos atendidos pela empresa estatal, como o atendimento de empresas, residência e até a distribuição para abastecimento veicular.
A GNR Fortaleza é a única usina autorizada pela ANP a injetar biometano diretamente na rede de gás natural, distribuído pela Cegás. O biometano é proveniente do Aterro Sanitário na Região Metropolitana de Fortaleza.
Thales Motta, diretor da GNR Fortaleza, destaca que há um potencial de ampliação de negócios em todo Brasil envolvendo a produção de biometano e o exemplo do Ceará é visto como diferenciado. Outro diferencial é a sua pegada de carbono, gerando ativos ambientais (CBIO e GAS-REC).
"Esse é o exemplo mais bem acabado de sucesso de um empreendimento que usa tecnologia brasileira de ponta no aproveitamento de biometano. Esse modelo vem evoluindo, já fizemos uma expansão de produção em 2021 e já planejamos entregar em 2024 uma nova expansão", afirma.
O executivo destaca que a operação cearense representa entre 15% e 20% do gás consumido no Ceará.
Desde a inauguração da planta, em 2018, já foram produzidos mais de 132 milhões de m³ de biometano, o que seria suficiente para suprir o consumo residencial de uma cidade de 2,5 milhões de habitantes por um ano.
A operação da planta de biogás ainda evita que, anualmente, cerca de 610 mil toneladas de gases do efeito estufa sejam lançados na atmosfera.
Pioneros em produção de biometano a partir do lixo, a usina cearense retira o gás de dois morros de lixo, o do atual aterro sanitário que recebe cerca de 5 mil toneladas de resíduos sólidos diariamente coletados na RMF e do antigo aterro, inaugurado em 1991 e que encerrou suas operações, mas ainda assim gera gás metano.
A partir do que se obtém no aterro, o biometano é o produto final que advém do refino do biogás que remove outros gases, como o dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio.
Thales destaca que a planta está apta a negociar créditos de carbono a partir do programa RenovaBio, iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) e pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), da ONU.
Sobre as perspectivas de futuro, Thales destaca que são desenvolvidos estudos em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para melhorar o aproveitamento de biogás do aterro.
"Estamos com um pleito na ANP para mudança na regulamentação do biometano que permitiria ampliarmos a produção em mais 20% a 30% aqui", destaca.
EXTRAÇÃO
O processo de extração do biometano do lixo alocado no novo aterro sanitário, em Caucaia, ocorre a partir de uma série de dutos que tem o poder de sugar à vácuo o gás para a estação de separação e tratamento da GNR Fortaleza. O processo de controle de qualidade é rígido e automatizado, num processo que tem atraído empresas europeias, que visitam a planta para conhecer os processos.