Com capacidade de produção de 6,62 milhões de toneladas por ano de hidrogênio e amônia verde, o Ceará possui potencial de geração cinco vezes maior do que todo o restante do Brasil nos projetos com pré-contratos ou que já estão em operação.
Os números são de um levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), que também identificou que nos demais estados existem outros nove projetos que, somados, possuem capacidade de produzir 1,05 milhão de toneladas por ano.
O Estado possui hoje quatro pré-contratos assinados para produzir as fontes de energia na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, que fica dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp): AES Brasil, Casa dos Ventos, Fortescue e Cactus.
Além disso, a EDP já está em operação no Estado e, em dezembro do ano passado, desenvolveu sua planta-piloto de hidrogênio verde.
A planta de hidrogênio verde tem a expectativa de gerar combustível limpo com garantia de origem renovável, além de traçar um caminho com análises de cenários de escalabilidade, considerando todos os elos da cadeia de produção do hidrogênio.
Já a amônia verde é produzida a partir do hidrogênio verde e é uma forma do gás produzida com o uso de fontes de energia renovável.
Além dos quatro pré-contratos, o Ceará possui ainda mais de 30 memorandos de entendimento (MoU) já assinados para produção e exportação de hidrogênio verde no Complexo do Pecém, que significa uma reserva de área na ZPE para empreendimentos da cadeia produtiva de hidrogênio verde no Ceará.
O número de MoU do Estado representa dois terços de todos os já assinados no País para o hidrogênio verde, que registrou um total de 51.
Os principais polos fora do Ceará são Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, e Uberaba, em Minas Gerais. Os projetos localizados em São Paulo e Santa Catarina, não tiveram capacidade divulgada.
Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) destacou que mais importante que a capacidade de produção é a expectativa criada pelos projetos anunciados.
"Aqui no Ceará as empresas que anunciaram suas pretensões somam mais de 30 bilhões de dólares. Mas quais desses projetos vão se realizar? Não sabemos. Quatro das 34 empresas que assinaram os Memorandos de Entendimento já pagam por suas áreas reservadas no Complexo do Pecém", disse.
Já para o secretário-executivo de Energia da Secretaria da Infraestrutura do Estado, Adão Linhares, os números apresentados são uma consequência natural do trabalho que está sendo feito no Ceará no ponto de vista de qualidade de projeto de energias renováveis.
Ele até disse que outros complexos devem se desenvolver, principalmente em outros estados do Nordeste, como Pernambuco e Bahia, mas o que faz a diferença para o Ceará é a localização estratégica.
"O Porto do Pecém tem uma logística privilegiada. Não tem nenhum porto igual, nem no Nordeste e nem no resto do Brasil com a essas características de facilidade de transporte de hidrogênio para Europa e para América do Norte, e essas vantagens competitivas se repercutem exatamente nesse diferencial", disse.
Adão também destacou o aspecto pioneiro do Ceará com o hidrogênio verde e a governança para assegurar as empresas, e destacou que espera uma grande geração de emprego e renda no Estado.
"Se a gente olha para trás e vê o que aconteceu com a energia eólica e energia solar, não vai ser diferente com o hidrogênio. É a segurança jurídica que o Estado do Ceará oferece. Os contratos de incentivo de apoio e suporte que o Estado oferece para os investidores no Ceará são uma garantia e não se quebram", completou.
Capacidade de produção
AES Brasil Energia
Hidrogênio verde: 365.000
Amônia verde: 2.200.000
Casa dos Ventos
Hidrogênio verde: 365.000
Amônia verde: 2.200.000
Fortescue
Future Industries
Hidrogênio verde: 300.000
Cactus
Hidrogênio verde: 190.000
Amônia verde: 1.000.000