A preocupação com os efeitos da seca sobre os produtores rurais cearenses em 2024 levou a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) a iniciar atividades independentes das que o governo cearense está planejando.
O presidente da instituição, Amílcar Silveira, afirmou que não obteve retorno das demandas que já levou ao Estado e prepara uma ação para garantir alimento à pecuária local.
"O governo não nos ouviu ainda. Eu lamento isso porque quem sabe a realidade do campo somos nós. Procurei o secretário Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico) ontem (quarta-feira, 17), disse a ele a nossa preocupação, o nosso receio do que possa acontecer e vamos tentar levar volumoso aos produtores rurais. Nós não somos governo, mas temos 400 homens em campo e eles vão identificar onde estão os maiores problemas e vamos tentar levar ação", afirmou ao O POVO.
Para enfrentar a possível estiagem apontada no ano passado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a Faec vai acionar as agroindústrias em atividade no Ceará. O objetivo é obter subprodutos "seja de bolacha, seja de resto de fruta, seja de bagaço de cevada, seja resto de algodão", por doação ou compra, e produzir alimentos para os rebanhos.
Os técnicos em atividade no Estado serão os responsáveis por mostrar quais serão os produtores a receber o volumoso. Segundo adiantou Amílcar, a iniciativa terá início a partir da próxima semana.
"Não vale ficar de braço cruzado e eu estou preocupado com a inércia do governo", afirmou durante almoço da Faec com representantes do judiciário, ontem.
Também presente ao evento, Silvio Carlos, secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), ressaltou que as reuniões do grupo de ações designado pelo governador Elmano de Freitas (PT) para definir a estratégia de enfrentamento à seca acontecem desde o ano passado envolvendo diversas secretarias.
O plano, disse ele, deve ter as primeiras medidas apresentadas entre o fim de janeiro e o início de fevereiro de 2024. Como O POVO informou em primeira mão, Elmano buscou apoio do governo federal para traçar as medidas locais logo na primeira semana do ano.
Entre as definições esperadas pelo setor produtivo está a liberação das águas da Transposição do Rio São Francisco. O governador explicou, em visita ao O POVO, que o Estado estuda juntamente com a União qual período do ano é mais adequado para liberar as águas pelo leito do Rio Salgado e do Eixão das Águas até que cheguem ao Castanhão.
"Desde a produção, trazer forragem, volumoso e a ação focada nos subprodutos da indústria, como a Faec propôs, fazem parte do que foi levado ao governador. Ele tem entendido bem pela experiência que tem na pecuária e está muito preocupado com isso", afirmou Silvio.
Ele acrescentou ainda que o ano de 2024 não é tão preocupante por conta das reservas atuais. Mas admitiu que é preciso efetivar medidas agora para que os demais anos, no caso de uma estiagem persistente, não preocupem.
Comissão intermedeia 40 conflitos fundiários no CE
Criada no meio do ano passado pelo Tribunal de Justiça do Ceará a partir de determinação do Conselho Nacional de Justiça, a Comissão Regional de Solução de Conflitos Fundiários intermedeia 40 questões.
A maioria delas, revela a presidente da comissão, desembargadora Vanja Fontenele Pontes, corresponde a ocupações de terrenos. Jaguaruana, Caucaia, Massapê e a ocupação de frente ao Aeroporto Internacional Pintos Martins foram dadas como exemplo por ela, que estava no almoço com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará.
"A comissão procura humanizar o processo. Tem a incumbência, juntamente com o poder público, os ocupantes e os proprietários, de buscar soluções para que as pessoas possam deixar aquele local, se for o caso, e ter moradias e locais de trabalho de maneira digna."
Crítica
Não vale ficar de braço cruzado e eu estou preocupado com a inércia do governo"
Amílcar Silveira presidente da Faec