O Grupo Aço Cearense mais que duplicou a produção, saindo de 380 mil toneladas de aço por ano para 850 mil toneladas a partir da operação de uma nova laminadora - em atividade na planta industrial da subsidiária Sinobras, localizada em Marabá (PA). O equipamento permite que a companhia atenda a indústrias de transformação com segmentos de corte e dobra e fio máquina, os mesmos atendidos pelas gigantes do setor.
Na prática, isso indica que a Aço Cearense vai atuar na oferta de vergalhões para construção civil e ainda em matéria-prima para fabricação de pregos e parafusos, entre outros itens da indústria de transformação do aço. Estes segmentos, hoje, são dominados pelas gigantes ArcelorMittal, Gerdau e Usiminas.
“Isso significa que a participação que a gente tinha de mercado neste segmento precisa crescer na mesma proporção (de duplicação da produção). Lembrando que o nosso mercado é 100% nacional, inclusive, nessa ampliação”, estimou Ian Corrêa, vice-presidente de Operações do Grupo.
Em entrevista exclusiva ao O POVO, ele conta que os planos tiveram início em 2014, mas foram suspensos em 2018 - devido à crise nacional que levou a empresa à recuperação judicial. Mas, já em 2020, foram retomados e a empresa injetou US$ 400 milhões em infraestrutura e equipamentos.
Em operação desde novembro do ano passado, a nova laminadora deve estimular o surgimento de novos players próximos aos polos de produção no Pará e no Ceará, segundo estimou o executivo. A ideia é atuar com pequenas construtoras e indústrias, fornecendo crédito e cargas de porte equivalente ao ritmo de produção delas.
“Para se fazer um paralelo, quando foi criada a Aço Cearense, todo polo moveleiro de aço estava situado nas regiões Sul e Sudeste. Com o advento da Aço Cearense em Fortaleza, hoje, o maior polo de móveis de ferro e aço é aqui na Região Nordeste. Por quê? Justamente porque teve matéria prima e oferta desenvolvida”, comparou.
A estratégia levou a empresa à colocação de maior distribuidora de aço do Norte e Nordeste, com mercado pulverizado. Com cerca de 150 caminhões próprios faz a entrega de cargas nas áreas de influência da siderúrgica, no Pará, e da metalúrgica, no Ceará - localizada em Maracanaú. As demais regiões vão por caminhoneiros autônomos e, em menor proporção, por cabotagem.
“Para se ter ideia, nosso maior cliente não corresponde a 3% das nossas vendas. A nossa pulverização é eficiente. Nós temos mais de 16 mil clientes ativos no Brasil todo, em todos os estados. E nossa distribuição própria é só do Pará e do Ceará”, revela Corrêa.
Já com produtos no mercado para estimular o desenvolvimento de novos nichos mais próximos da produção, o Grupo executa os passos necessários para atender com mais precisão a nova clientela.
O executivo explica que o laminador foi adquirido da italiana Danieli, a qual tem cerca de 45 pessoas treinando o pessoal da Aço Cearense atualmente, assim como dando os ajustes precisos no equipamento - em operação desde novembro de 2023.
"Neste primeiro semestre de 2024, nós estamos nessa curva de aprendizado, tanto de performance de equipamento quanto de pessoal. A partir do segundo semestre de 2024, nós entramos na parte de produção. Em junho, teremos a virada de chave para performance e excelência profissional", conta, apontando novembro de 2024 como data para atingir a capacidade total.
Ceará
Com 2 mil, dos 4,5 mil funcionários, no Ceará e capacidade ociosa, a Aço Cearense mira a indústria de energias renováveis para ampliar a atuação no Estado. A ideia é fornecer tubos de aço para bases de torres e demais estruturas de parques fotovoltaicos
Câmbio
Importando aço do exterior e comprando sucata no Brasil para dar conta da produção, a empresa diz sofrer com a volatilidade do câmbio. Mas projeta uma estabilidade para o dólar abaixo dos R$ 5 neste ano, o que favorece o negócio