Sem acordo entre o Sindicato dos Bancários no Ceará e o Banco do Brasil (BB), os funcionários das agências declararam greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira, 16. Ou seja, não há atendimento, apenas transações por meio do caixa eletrônico.
Importante lembrar que a greve não atinge os municípios de Iguatu, Sobral, Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, por não estarem na base sindical. No restante, 26 unidades são afetadas na Capital e cerca de 70 em todo o Estado.
O POVO visitou quatro agências em Fortaleza e todas apresentaram uma movimentação tranquila. Porém, com a maioria das pessoas chegando ao local sem saber que havia uma paralisação.
Uma delas é Maria Ormisa, aposentada de 76 anos, que chegou na agência da Avenida Francisco Sá, no Bairro Carlito Pamplona, para sacar o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), abono salarial pago pelo Banco do Brasil.
"Não sabia que estava em greve. Descobri agora que cheguei e não consegui sacar o meu dinheiro". Ela explicou que um funcionário informou que a quantia poderia ser retirada no caixa eletrônico, mesmo sem atendimento. Contudo, não sabia como mexer no aparelho.
No local, haviam poucas pessoas tanto esperando pelo atendimento quanto atos sindicais. Por outro lado, na agência da Avenida Duque de Caxias, no Centro, diversos grevistas estavam em frente à instituição, com um carro de som explicando as suas reivindicações.
Edmilson da Silva, de 87 anos, também não sabia da greve, mas foi acompanhar a sua irmã para desbloquear o cartão, problema que conseguiu ser resolvido sem atendimento.
Por fim, as agências da Avenida General Osório de Paiva, na Parangaba, e da Avenida Pontes Vieira, no Dionísio Torres, registraram uma movimentação parecida: com poucos indivíduos realizando transações no próprio banco e poucos grevistas no local.
A categoria reivindica melhorias nas gratificações, novas funções com maiores salários, aumento Participação nos Lucros e Resultados (PLR), alterações nas métricas de metas, entre outras propostas apresentadas na ACT. Confira as principais:
Em nota de resposta o Banco do Brasil explica que para a data base de 2024 foram realizadas diversas rodadas de negociação por mais de 2 meses que resultaram proposta final aceita pelas entidades sindicais para deliberação na assembleia de funcionários.
A instituição afirma que "a proposta foi aprovada em diversas assembleias em todo país e algumas regiões ainda estão avaliando".
Além disso, acrescenta que os "clientes BB contam com atendimento via App, Internet Banking, Correspondentes Bancários e Central de Relacionamento pelo telefone 4001-0001 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 729 0001 (demais localidades)".
Em assembleia híbrida realizada na última quinta-feira, 12 de setembro, 57,93% dos 1.046 bancários participantes votaram a favor da deflagração da greve, iniciada nesta segunda-feira, 16. O aviso foi publicado 72 horas antes, na última sexta-feira, 13.
A paralisação ocorre após o BB não aprovar a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que é um ato jurídico de caráter normativo específico para cada empresa que gera obrigações entre os empregadores e empregados.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, José Eduardo Rodrigues Marinho, o BB é o único que enfrenta dificuldade na assinatura.
"O único banco que enfrenta dificuldade é o Banco do Brasil e a gente tem uma pauta para tentar reabrir negociações com o banco que, infelizmente, vai ser cada vez mais difícil, pois mais de 70% dos funcionários do banco já estão com o acordo assinado", explica.
A assinatura do Banco do Nordeste do Brasil, BNB, ocorreu na última quinta-feira, 12. Já a Caixa Econômica Federal, que também não aprovou a proposta de primeira, irá realizar a assinatura do ACT às 14h desta segunda-feira, 16, após assembleias realizadas nos dias 4, 5, 11, 12 e 13 de setembro.
Além disso, o presidente explica que os motivos que motivaram a decisão de começar a greve são vários, como bancários trabalhando doentes, carreira estagnada, cobrança de metas. (Colaborou Maria Clara Moreira)