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Sem produção de gás, Ceará mira opção de navio em alto-mar no Pecém
Economia

Sem produção de gás, Ceará mira opção de navio em alto-mar no Pecém

Nova operação seria realizada por empresa estrangeira, que garantiria abastecimento de gás natural ao Estado em larga escala. Presidente da Cegás diz que implantação poderia ocorrer em até 8 meses
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O processo de negociações para que o Porto do Pecém receba um novo navio regaseificador está próximo de um desfecho. Conforme o presidente da Companhia de Gás do Ceará (Cegás), Miguel Nery, uma companhia estrangeira deve assumir a operação.

Os esforços para atrair um novo navio de regás são realizados por meio de parceria que envolve a participação da administração portuária e a Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), que atua no segmento de transporte de gás natural por meio de gasodutos terrestres.

Ainda de acordo com Miguel, a chegada do novo navio de regás não é condicionada à instalação de uma nova termelétrica movida a gás natural na região do Complexo do Pecém.

Vale lembrar que no fim de 2023 foi confirmado que a instalação da termelétrica Portocém foi suspensa após o abastecimento de gás natural via navio de regás não ser garantido para 2024.

Essa situação ocorreu num período entre o fim do contrato com a Petrobras em dezembro de 2023 e o cancelamento do acordo de fornecimento com a Shell após decisão da empresa.

A falta de um navio regaseifeficador, prejudicou os planos de instalação da Portocém, o que significaria um aporte de quase R$ 5 bilhões, com capacidade de produção de 1.572 MW de energia, além da geração de 1,7 mil empregos.

A partir dessa situação, a Cegás passou a depender somente do volume de gás natural repassado via tubulações da TAG, vindas de Guamaré, no Rio Grande do Norte, a 383 km do Porto do Pecém. Esse fornecimento garante o nível de abastecimento, mas não permite ampliações para a demanda dos mercados industrial, residencial ou automotivo.

Na época, O POVO publicou que o montante de gás natural que chegava ao Estado via tubulações terrestres era inferior a 1 milhão de metros cúbicos (m³). Já o navio de regás da Shell ofertaria 9,5 milhões de m³ visando atender especialmente a demanda das usinas termelétricas, como a Portocém.

O novo acordo para atração do navio de regás dessa empresa estrangeira ocorreria via ancoragem offshore, já que a operação de regás no Píer 2 do Porto do Pecém foi desmobilizada após a saída do navio da Petrobras e o espaço será destinado às operações do hidrogênio verde.

Dentro desse contexto, Miguel destaca que a empresa estima que em oito meses poderia iniciar a operação, ainda restando finalizar a negociação para viabilizar a ancoragem offshore e a construção de um gasoduto submarino. "A expectativa que nós temos é de que com as obras seja possível a criação do Pier Zero".

"Essa empresa opera em outros portos do mundo e nos afirmou que tem tecnologia para, independentemente de se ter disponível, ela faria ancoragem offshore", pontua.

Conforme O POVO apurou, ainda não há previsão sobre o tamanho e capacidade do navio de regás que essa empresa internacional traria ao Ceará. Mas, conforme o presidente da Cegás, a ampliação da oferta de gás natural a partir desse acordo proporciona um novo fôlego aos planos da empresa de avançar no processo de conversão da indústria cearense e interiorização.

Atualmente, a rede da Cegás possui um sistema de mais de 600 km de gasodutos de distribuição que atende 11 municípios da Região Metropolitana de Fortaleza. Há ainda três municípios (Canindé, Quixadá e Fortim) atendidos por carretas de Gás Natural Comprimido (GNC).

A Companhia deve finalizar o ano de 2024 com quase 35 mil clientes e o foco agora é investir na interiorização, principalmente para a Região do Cariri.

Segundo o presidente, uma indústria em fase de instalação na região já estaria em negociação para que sua demanda de energia seja atendida pela Cegás. Inicialmente, a rede de gás seria abastecida por carretas.

"Estamos discutindo a viabilidade e em vias de fecharmos um contrato com uma empresa âncora. E essa empresa, garantindo uma demanda firme, vai nos permitir a gente dar continuidade à implantação da rede para atender a população", diz. (Colaborou Armando de Oliveira Lima)

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