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Seara Praia Hotel encerra as atividades e dará lugar a superprédio
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Seara Praia Hotel encerra as atividades e dará lugar a superprédio

Por meio de comunicado no Instagram veio a confirmação de que as atividades serão encerradas nesta sexta-feira, 31, após 40 anos de funcionamento
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Seara Praia Hotel, em 1982 (Foto: Reprodução/Seara Praia Hotel/Arquivo 1982)
Foto: Reprodução/Seara Praia Hotel/Arquivo 1982 Seara Praia Hotel, em 1982

Após 40 anos de funcionamento, o Seara Praia Hotel encerra suas atividades nesta sexta-feira, 31. A informação foi confirmada no Instagram oficial do hotel. No lugar, a construção de um superprédio.

Por meio de comunicado, destaca-se o agradecimento aos hóspedes, colaboradores e parceiros do hotel de quatro estrelas localizado na Praia de Iracema.

"É com um misto de sentimentos que anunciamos o encerramento das atividades do Seara Praia Hotel", diz o comunicado.

A gestão do hotel também comunicou aos parceiros comerciais e fornecedores que sua equipe está à disposição para resolver eventuais pendências e garantir um encerramento transparente e satisfatório para todas as partes.

Nos comentários da publicação, hóspedes lamentaram o encerramento das atividades.

Funcionários informaram nos últimos dias que, após o fechamento do hotel, o prédio será demolido para que uma torre residencial seja construída no endereço.

E pessoas que tentavam reservar hospedagem não encontravam datas disponíveis a partir de fevereiro.

Além do hotel, também serão afetados os serviços do Cobogó Restaurante, que funciona nas dependências do hotel, do Ocre Lobby Bar e do Jang Rooftop.

Nos últimos anos, outros hotéis localizados na avenida Beira Mar foram demolidos, como o Ponta Mar, Vela e Mar, Samburá e o Esplanada.

Para a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Ivana Bezerra, o movimento de substituições de hotelaria por prédios residenciais demonstra a transformação e reposicionamento da Beira-Mar.

Ivana entende que o mercado vai se ajustar naturalmente e o hóspede que quiser ficar na Beira Mar continuará com boas opções de quatro e cinco estrelas.

A Prefeitura de Fortaleza promoveu um ajuste na legislação para oferecer incentivos tributários para instalação de hotéis em outras áreas da Cidade, lembra Ivana. A tendência do momento é a Praia do Futuro.

"Há incentivos para a construção de novos hotéis na Praia do Futuro, mas também existem outros incentivos em diferentes áreas da cidade que muitos desconhecem. Alguns hoteleiros com quem conversei também apontaram essa diversificação de investimentos", afirma.

Para a presidente da ABIH-CE, as mudanças acontecem em outros mercados e fazem parte do processo de adaptação do setor na Capital.

"Não é necessário que todos os hotéis estejam na Beira Mar, há bons empreendimentos em outras regiões da cidade, como na Aldeota. Além disso, estou sabendo de um hotel que deve ser lançado na Rua da Paz (no bairro Meireles)", pontua.

Segundo dados da ABIH-CE, o nível de ocupação hoteleira no fim de 2024, no período de Réveillon, chegou a 94%. Em janeiro, a expectativa é que alcance a marca de 80%, superando o resultado de 2024, de 78%.

Portanto, segundo Ivana, o setor hoteleiro de Fortaleza segue bem, inclusive com pelo menos dois lançamentos previstos para a Praia do Futuro. "O setor não está enfrentando uma crise de disponibilidade, pois a taxa de ocupação raramente ultrapassa os 90%. Períodos de lotação são exceções, e não a regra".

O início do movimento de venda de hotéis para construção de prédios residenciais na Beira-Mar

O período de "assédio" aos donos de hotéis da Beira Mar se iniciou na pandemia, quando uma crise afetou o setor, impactado pela falta de demanda.

Ao mesmo tempo, o mercado imobiliário se mostrava aquecido para construção de imóveis residenciais, com capacidade de aquisição de terrenos mesmo com custos elevados em áreas nobres, como a orla de Fortaleza.

Conforme O POVO mostrou em dezembro de 2021 - época em que os primeiros hotéis eram adquiridos por construtoras, já existiam pelo menos oito projetos de torres residenciais de luxo de mais de 40 andares e 165 metros de altura, com preços de unidades superando a marca de R$ 1,5 milhão.

Na semana passada, o primeiro desses superprédios foi inaugurado: o One Residencial, no Mucuripe. A torre da construtora Colmeia possui 166 metros. A mesma empresa prepara um outro lançamento no bairro, o Sky, com 170 metros, com previsão de entrega em 2026.

No Sky, cada apartamento custará, em média, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, com quatro vagas de garagem para cada unidade.

Em 2023, O POVO publicou reportagem em que revelou que a Prefeitura de Fortaleza arrecadou R$ 174 milhões para liberar 21 projetos de superprédios.

A medida foi possível graças ao novo limite de teto da Capital estabelecido pelo Plano Diretor com a criação da Outorga Onerosa de Alteração de Uso.

Esse é um instrumento jurídico-administrativo que flexibiliza a utilização do solo e permite construções acima dos parâmetros estabelecidos nas diferentes zonas da cidade.

Em contrapartida, o construtor paga, em dinheiro, por esse solo "criado" cada vez mais para o alto.

O perfil é de megaedifícios de alto padrão, entre 200 e 800 metros quadrados por apartamento, ambiente opulente, estética chamativa e estruturas suntuosas — heliponto em vários deles.

O valor arrecadado vai para o Fundo de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza (Fundurb). A quantia financeira pode ser substituída, em valor correspondente, pela doação de imóveis ao Município ou pela execução de obras de infraestrutura urbana.

Entre 2020 e 2022, o Fundurb arrecadou R$ 174.771.413,00 com pagamentos da Outorga Onerosa, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seuma) de Fortaleza.

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