Logo O POVO+
O mercado imobiliário de luxo que vai mudar a paisagem de Fortaleza
Reportagem

O mercado imobiliário de luxo que vai mudar a paisagem de Fortaleza

Em crescente, demanda no mercado de luxo promove lançamentos de projetos que primam pelas inovações e arquiteturas ousadas. Edifícios com mais de 40 andares e até 165 metros de altura poderão ser vistos nos próximos anos na orla de Fortaleza
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Fortaleza, Ce, BR - 09.12.21 Construção de prédios arranha-céus na orla de Fortaleza. (Fco Fontenele/O POVO (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Fortaleza, Ce, BR - 09.12.21 Construção de prédios arranha-céus na orla de Fortaleza. (Fco Fontenele/O POVO

O mercado imobiliário cearense tem mobilizado grandes investimentos em novos projetos. Indo na contramão do cenário macroeconômico brasileiro, os novos empreendimentos carregam inovações e arquitetura ousada e tem no mercado de luxo sua grande demanda. Fortaleza tem em andamento, pelo menos, oito projetos com mais de 31 andares e até 165 metros de altura.

De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) houve uma expansão de 31% neste ano nas vendas de imóveis de alto padrão, avaliados acima de R$ 1,5 milhão.

O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, destaca que é visível o apetite desse segmento, tanto que surgem inúmeros novos projetos, superando inclusive a oferta de novos terrenos. Por isso se torna comum ver prédios mais antigos sendo demolidos para construção de novos, especialmente na orla de Fortaleza.

"No mundo todo o mercado de luxo vem numa crescente. Tudo para atender essa demanda sempre crescente por sofisticação", diz.

Mas não são luxuosos projetos em que apenas os donos dos apartamentos observam essas mudanças. Nos próximos anos, a transformação na paisagem da Cidade deve se tornar nítida: Fortaleza corre no lançamento de "arranha-céus".

A corrida das construtoras para a construção de edifícios cada vez mais altos iniciou após mudança na legislação do Município, em 2015, que aumentou o limite de altura dos prédios da Cidade. Na área da orla, por exemplo, o limite subiu de 72 metros para 165 metros de altura.

Ao O POVO, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma) explicou que a Outorga Onerosa de Alteração de Uso do Solo (OOAU) consiste em um mecanismo que visa a recuperação da terra por meio de pagamento de uma contrapartida ao Município, que é destinada ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (Fundurb).

Cada projeto é remetido à análise da Comissão Permanente de Avaliação do Plano Diretor (CPPD), que é composta por representante da sociedade e gestão pública. "Esse tipo de empreendimento faz parte do processo de consolidação e verticalização de uma cidade, mecanismo importante no sentido de dar compacidade, evitar grandes deslocamentos casa-trabalho, dar mais acesso às infraestruturas e equipamentos urbanos", enfatiza a coordenadora de Desenvolvimento Urbano da Seuma, Camila Girão.

No mercado imobiliário, a liberação permite que Fortaleza dê um passo a mais nos seus projetos. Isso é o que afirma o diretor presidente da Construtora Colmeia, Otacílio Valente, que será uma das primeiras construtoras a entregar "arranha-céus" em Fortaleza, segundo a previsão de entrega das obras. O executivo lembra que até a lei ser aprovada, Fortaleza ficava atrás até de outras capitais nordestinas, como Natal, João Pessoa e Recife que já possuíam projetos nesse tipo.

Recife, por sinal, junto de Rio de Janeiro e São Paulo são as únicas brasileiras no top-100 do ranking da Emporis,  das cidades do mundo com mais arranha-céus. A primeira é Hong Kong, com 1.979 edifícios com mais de 31 pavimentos. Ainda segundo a Emporis, Fortaleza possui oito projetos com essas características, atualmente todos estão em construção ou com planejamento divulgado.

O maior prédio nessa lista é o One, da Colmeia, que terá 165 metros de altura e 52 pavimentos. Otacílio destaca que Fortaleza já era uma cidade "reconhecida por projetos arquitetônicos elogiados, inovadores e encantadores". Com a possibilidade de realizar esses projetos, ele acredita que o setor entra em um novo momento.

Com relação aos critérios técnicos, o presidente da Colmeia diz que os prédios acima de 100 metros, necessitam de um cálculo diferenciado por conta do vento do litoral, e é uma preocupação estrutural. No caso do One, o projeto passou por testes em túnel de vento em um laboratório especializado de Londres, o mesmo do Burj Al Khalifa, de Dubai.

A extravagância e inovação são também características dessa evolução no mercado de luxo. Exemplo disso é o projeto do edifício Edge, da Diagonal Engenharia. Ele terá 147 metros de altura e 44 pavimentos com 36 apartamentos, além de ser o primeiro do Ceará com elevador especial para carros.

João Fiuza, presidente da Diagonal, uma série de cuidados pensando neste perfil de cliente são tomados no projeto. Inovações em elevadores, reconhecimento facial nos acessos, carregadores para veículos elétricos, garagens com estrutura para carros mais baixos, além de segurança, ensaio em túnel de vento, combate à incêndio, além de conectividade e sustentabilidade. "São coisas que não podemos deixar de lado".

"São todas inovações que trazemos que são incrementos, cuidados para nos diferenciar no mercado. Temos hoje uma empresa madura, portfólio diferenciado de projetos e acreditamos que esses produtos geram desejo nos clientes", diz.

EDGE

Primeiro edifício com a tecnologia Skydrive, que é um elevador de carros que permite ao morador estacionar na sala de casa. O valor aproximado de cada unidade é de R$ 4,2 milhões e o projeto tem previsão de entrega para 2024.

ONE

Futuro maior edifício de Fortaleza, com 165 metros e 52 pavimentos, o Condomínio One possui opções de apartamentos com 600 m² a 604 m², com até cinco suítes em condomínio fechado. O valor aproximado de cada unidade chega a R$ 8 milhões e deve ser finalizado até junho de 2023.

O que você achou desse conteúdo?