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Endividamento em Fortaleza cai para o menor nível desde janeiro de 2024
Economia

Endividamento em Fortaleza cai para o menor nível desde janeiro de 2024

O montante ainda representa uma queda de 3,6 pontos percentuais (p.p.) em relação à janeiro e de 1,4 p.p. na comparação com fevereiro de 2024
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 A diretora institucional cita o pagamento a prazo como "um grande gargalo do endividamento" (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES A diretora institucional cita o pagamento a prazo como "um grande gargalo do endividamento"

A taxa de consumidores endividados em Fortaleza foi de 70,8% no mês de fevereiro. O resultado foi o mais baixo da Capital desde janeiro de 2024, quando o índice também foi de 70,8%.

O montante ainda representa uma queda de 3,6 pontos percentuais (p.p.) em relação ao mês imediatamente anterior (74,4%) e de 1,4 p.p. na comparação com fevereiro de 2024.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira, 12, são da pesquisa Perfil do Endividamento do Consumidor em Fortaleza, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).

De acordo com a diretora institucional da entidade, Cláudia Brilhante, esses números representam um comportamento mais cauteloso do consumidor.

“O consumidor procurou, quando recebeu qualquer dinheiro extra, como o décimo terceiro, um terço de férias, quitar suas dívidas. Então, foi um processo, ele veio melhorando a sua condição econômica, priorizou seus débitos e também o pagamento à vista”, explicou Cláudia.

A pesquisa mostrou também uma diminuição no número de pessoas com contas atrasadas, que passou de 20,6% para 18% na variação mensal, e de 21,5% para 18% na anual.

Entretanto, quando considerado os consumidores inadimplentes, ou seja, que possuem dívidas que venceram a mais de 90 dias, que no mês chegaram a 10%, houve um leve aumento de 0,2 p.p. em relação a janeiro (9,8%), porém se manteve abaixo ao observado em fevereiro do ano passado (11,1%)

No que concerne ao do perfil dos fortalezenses endividados, segundo a Fecomércio, há predominância do gênero feminino (71,8%), com idade de 25 a 34 anos (77,9%) e renda familiar de até cinco salários mínimos, ou R$ 7.590 (71,6%).

Em relação às dívidas, elas possuem o prazo médio de 71 dias e suas principais causas são:

  • Desequilíbrio financeiro: 59%
  • Necessidade de destinar recursos para outras finalidades: 39,7%
  • Esqueceu de pagar: 11,4%
  • Contestação da dívida: 9%

Além disso, o comprometimento da renda da família fortalezense para o pagamento de contas é de, em média, 43,8%, 0,8 p.p. a mais do que era destinado em janeiro (43%).

Já, considerando o valor do endividamento, ele costuma ser de R$ 1.828, com prazo médio de oito meses para seu vencimento total. Os gastos que mais contribuíram para essas dívidas foram:

  • Alimentação: 59,4%
  • Aluguel residencial: 20,7%
  • Tratamento de saúde: 15%
  • Outros: 13,5%
  • Educação: 12,1%

O cartão de crédito é o instrumento mais utilizado pelos consumidores, citado por 82,6% dos entrevistados, o segundo mais falado foi "outros" (23%) e o financiamento bancário, como de veículos e imóveis, foi o terceiro e foi apontado por 14,7% das pessoas.

Para a diretora institucional, a escolha pelo pagamento a prazo com o cartão de crédito é “um grande gargalo do endividamento”, ela cita como exemplo a compra de alimentos, que são os itens mais adquiridos por esse meio, sendo apontado por 65,5% dos indíviduos.

“As pessoas fazem supermercado no cartão de crédito, e isso é uma bola de neve sem fim. Porque ela vai e compra R$ 300, na próxima semana, ela já vai precisar comprar novamente, e aí, ela nem pagou ainda. Então, quando chega no final do mês, ela não consegue pagar a fatura, paga o mínimo e vira um devedor”.

Ela ainda complementa que se os consumidores entendessem a importância de prestar essa maior atenção aos pagamentos à prazo, “haveria uma redução de 10% a 12% no endividamento”.

A pesquisa também revela que 74,9% dos fortalezenses afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos gastos e rendimentos, 15,1% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 10% informaram não possuir orçamento nem controle das finanças.

Confira os principais motivos para o desequilíbrio financeiro:

  • Não fizeram orçamento e controle dos rendimentos e gastos, ou os fizeram de modo ineficaz: 62,4%
  • Aumento de gastos essenciais ou surgimento de novas necessidades previstos: 23,6%
  • Compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário: 22,9%
  • Gastos imprevistos: 15,4%
  • Desemprego: 11,9%

Índice de confiança dos consumidores em fevereiro

O Índice de Confiança do Consumidor de Fortaleza (ICC) registrou 118,4 pontos em fevereiro, alcançando o terceiro mês seguido de queda. O valor representou uma redução de 2,2% em comparação com janeiro (121,1 pontos). No mesmo período do ano passado o valor também estava mais alto, com 122,1 pontos.

A piora do ICC decorreu das variações dos seus dois componentes: o Índice de Situação Presente (ISP), que apresentou um recuo de 4,4%, passando de 116,2 para 111 pontos, e o Índice de Expectativas Futuras (IEF), que foi de 123,3 pontos, 0,9% menor do que o de janeiro (124,3 pontos).

Segundo a Cláudia Brilhante, esse resultado é um reflexo natural do calendário econômico, porém destaca um cenário ainda positivo.

"A confiança do consumidor segue em um patamar elevado, mesmo com a queda sazonal. O mercado de trabalho aquecido e a melhora da renda têm sustentado essa percepção”, ressaltou

Entretanto, mesmo com as taxas de confiança reduzidas, 68,4% dos consumidores possuem boas expectativas em relação à sua situação financeira há um ano, enquanto apenas 26,4% dos respondentes as consideram ruim.

Essa perspectiva se torna ainda mais positiva se considerado os próximos 12 meses, já que dentre os consumidores 82,3% considera que ela será boa ou ótima.

Por outro lado, quando se refere a situação do país no decorrer deste ano, a porcentagem negativa sobe, chegando a 38,8%.

Além disso, houve queda expressiva na intenção de compra mensal. Em fevereiro o índice na Capital foi 33,7%, 12 p.p. menor do que o registrado em janeiro (45,7%) e 3,4 p.p. mais baixo do que o do mesmo período do ano passado. (41,1%).

Cláudia cita essa situação como prejudicial ao varejo no curto prazo, mas reforça que há uma estimativa de “retomada gradual à medida que os consumidores recuperam fôlego financeiro e identificam novas oportunidades para o consumo”.

Dentre os itens mais procurados, estão: móveis (19,1%), televisão (18,7%), geladeira (17%), vestuário (15,6%) e fogão (10,5%).

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