As negociações da Value Port para instalação de um porto seco em Quixeramobim (a 212 km de Fortaleza) avançaram e novos negócios foram confirmados. São empresas dos setores de logística, rações, avicultura, laticínios, calçados, minerais e energia. Até o momento, 18 pré-contratos já foram firmados. A partir do avanço do projeto, já se estuda a construção de um aeroporto no município.
O CEO da Value Global Group, Ricardo Azevedo, reuniu uma comitiva de empresários de diversos setores para apresentar o projeto de porto seco e visitar as obras da Transnordestina. Na ocasião, ele estabeleceu compromisso com a expansão da infraestrutura logística, inclusive buscando oportunidades de investimentos com foco no Porto do Pecém.
"Dessa forma, cargas que antes eram destinadas a outros portos, como Salvador, passam a ser escoadas por Pecém", afirma.
Ainda segundo Ricardo, a experiência do grupo na operação logística com operações de grande porte em outros continentes contribuirá com o fechamento de parcerias que podem conectar empresários da região a mercados maiores.
"Nosso modelo de negócio inclui operação logística, armazenagem, locação e gestão de infraestrutura. Estamos investindo para oferecer serviços completos, como mercado, restaurante, estacionamento para caminhões, hotelaria e abastecimento de combustível com parcerias estratégicas, como a Vibra (Ex-BR Distribuidora)", completa.
Participaram da reunião empresários cearenses, baianos, paulistas, cariocas e catarinenses. Dentre os quais, o empresário Amarílio Macêdo, do Grupo J. Macêdo, que tem interesse em investir no setor de mineração.
Outro projeto que já é conhecido é o de Airton Carneiro, presidente da Rações Carneiro e produtor rural que investe na cultura do algodão, também participaram Glauco Pinheiro, empresário do setor de avicultura (Disk Frango), Wellington Josias, da cooperativa de leite do município, e João Carneiro Neto, produtor de leite com capacidade de produção de 12 mil litros por dia.
"Diria que a partir de hoje temos o início do Porto Seco José Dias de Macêdo, em Quixeramobim. Todos esses empresários estão animados e, com certeza, estarão com a Value Port dentro do terminal", afirma o secretário do Desenvolvimento Econômico do município, Afrânio Feitosa.
Ele destaca que o movimento econômico gerado a partir da instalação de um polo logístico e industrial deve mudar o patamar do município e que a pauta do momento é instalar um aeroporto regional em Quixeramobim.
Desejo antigo da gestão, eles se apoiam ao fato de que a movimentação logística do município demanda também transporte aéreo em melhores condições do que a atual oferta na região, que conta com a operação do Aeroporto Regional de Quixadá.
Segundo Afrânio, existem desvantagens estruturais no equipamento do município vizinho, que não opera à noite e não há possibilidade de ampliação. Enquanto isso, Quixeramobim avança no desenvolvimento de um projeto de aeroporto que já foi apresentado ao Governo do Estado.
"É um projeto ousado do município, estamos conversando com dois grandes operadores aeroportuários com larga experiência, que gerem tanto aeroportos regionais e em capitais. (Seria um diferencial importante) Ter porto seco e aeroporto, pois já temos um parque industrial que exige isso, as operações e os executivos de fora já necessitam", aponta.
O secretário enfatiza que o projeto segue em andamento junto ao Governo do Ceará, mas não define prazo. "São tratativas que estão avançando, mas são demoradas".
*O jornalista viajou a Quixeramobim a convite da Value Global Group.
Projeto de tancagem em Quixeramobim observa transferência de empresas do Mucuripe
Com projeto de implementação de área de tancagem dentro do espaço logístico onde será feito o porto seco de Quixeramobim, a Value observa o movimento de transferência da área de tancagem do Porto do Mucuripe, em Fortaleza.
A confirmação foi feita pelo CEO da Value, Ricardo Azevedo, que destacou a intenção de atrair mais empresas do setor de combustíveis - além da Vibra, que já tem parceria assinada com a empresa.
A intenção é a formação de um parque de tancagem com localização estratégica no Sertão Central, para atender todo Interior do Estado.
"Assim que o Parque de Tancagem do Pecém estiver pronto, o do Mucuripe será desativado. Para onde irá esse combustível? Estamos prontos, Vibra, Ipiranga", diz.
O executivo ainda apresentou os planos futuros da empresa, em duas fases. Na primeira, a ser iniciada em 2026, prevê movimentar 1,44 milhão de toneladas e o equivalente a 1,2 mil contêineres por ano.
Já a segunda fase envolve o movimento de 4,53 milhões de toneladas, 7 mil contêineres e 10 milhões de litros de granéis líquidos (o que devem ser combustíveis).
O avanço do projeto é visto de forma positiva por investidores como o empresário Amarílio Macêdo, CEO J. Macêdo CAP, do Grupo J. Macêdo.
Ele destaca que já soube que uma grande empresa nacional de grãos, que hoje exporta pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, percebeu que seria mais lucrativo exportar pelo Pecém.
"Qualquer coisa que tenha sinergia com o que já fazemos, nós vamos avaliar e, se for viável, investir. Mas esse é um negócio muito novo, e precisamos primeiro entender sua lógica, conhecer os detalhes e identificar as oportunidades", aponta.
Dentre os participantes da comitiva que esteve em Quixeramobim para participar das reuniões promovidas pela Value, esteve o secretário do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Tabuleiro do Norte, Caê Pessoa.
Ele destaca que o município de se tornar uma retroárea do porto seco de Quixeramobim e quer viabilizar Tabuleiro do Norte como um fornecedor de serviços, aproveitando a vocação do município nas áreas de metalurgia e metalmecânica.
Conhecida como a "Cidade dos Caminhoneiros", o planejamento envolveria a oferta de suporte para o funcionamento das máquinas e caminhões de empresas parcerias do porto seco.
"Teremos mais de 300 caminhões bitrem circulando na malha viária com destino ao porto seco, ou seja, nossa ideia de expansão econômica através dessa vocação local é viável e oportuniza a formação de um polo multissetorial a partir da estrutura inaugurada pelo Governo do Estado em 2021, mas que até agora está sem funcionamento", ressalta.
Projeto da ferrovia está com 73% das obras concluídas
A comitiva de empresários realizou visita técnica às obras da ferrovia no município. Conforme o diretor comercial da Transnordestina Logística (TLSA), Alex Trevisan, o projeto está atualmente 73% concluído.
O trecho da Transnordestina até o município de Acopiara (a 350 km de Fortaleza) já está concluído e aguarda a liberação de licenças operacionais junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), para início da operação consorciada.
A expectativa é de que esse trâmite seja concluído entre três e quatro meses. "Vislumbramos ter neste prazo a liberação para poder operacionalizar esse trecho. A previsão de entrega da obra é agosto de 2027, mas poderemos iniciar antes com trechos entre o Piauí e o Ceará e, dependendo do caso, completar o trecho com uma perna rodoviária", explica.
Sobre as contratações dos três trechos restantes da Transnordestina, Trevisan espera que até agosto o processo seja confirmado.