O projeto de usinas termelétricas e um terminal de gás natural liquefeito avaliado em R$ 7,6 bilhões e de propriedade da americana Ceiba Energy no Ceará foi comprado pela Eneva, empresa controlada pelo BTG Pactual. O processo está em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) desde o início de maio e tem o valor da operação mantido em sigilo.
AO O POVO, a Eneva afirmou que está no chamado "período de silêncio", devido à proximidade da divulgação do balanço financeiro do último trimestre. Já a Ceiba informou que "não irá se pronunciar sobre o tema".
Este projeto é o segundo da Ceiba no Ceará. O primeiro, a usina termelétrica Portocem, foi cancelado devido à insegurança no fornecimento de gás natural após o cancelamento do contrato com a Shell. Logo em seguida, a empresa - via a Jandaia Energia - assumiu o compromisso de manter ativos no Estado.
Com a venda, a Eneva deve incorporar a Jandaia no Ceará, uma vez que o projeto está em estágio inicial. Segundo a empresa detalha, o projeto envolve duas fases. A primeira diz respeito a "uma usina termelétrica com até 1.705 megawatts (MW) composta por turbinas a gás operando em ciclo simples".
Já a segunda fase será para construção de "uma ou mais usinas termoelétricas, com potência de até 725 MW, podendo utilizar a tecnologia de turbinas a gás em ciclo simples, ciclos combinados ou motores a gás natural".
As usinas têm a Área 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará como local de instalação e a subestação Pecém II, de 500 quilovolts (KV), como ponto de conexão no Sistema Interligado Nacional. Para isso, ainda é previsto a construção de uma linha de transmissão de 6 quilômetros.
O fornecimento de gás natural, insumo usado pelas usinas na geração de energia elétrica, tem no projeto "uma Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação (FSRU) que será afretada pela Jandaia Energia e que ficará permanentemente atracada no Porto do Pecém."
A compra do projeto cujo investimento é estimado em R$ 7,6 bilhões torna a presença da Eneva no Ceará mais duradoura. Em 2023, a empresa hibernou a Termofortaleza um ano após comprar o ativo da Enel Brasil por R$ 489,7 milhões em um cenário de fornecimento de gás natural incerto no Estado.
Com isso, manteve apenas as operações da usina fotovoltaica de Tauá - pioneira no País no tipo de geração - e da termelétrica Pecém II. Mas a térmica movida a carvão tem o ano de 2027 como o limite da atividade - imposto por lei para usinas no tipo em todo o Brasil.
No País, além do Ceará, a Eneva é apontada como principal empresa de gás natural, com ativos nos estados de Amazonas, Bahia, Espírito Santo e Maranhão.
Mesmo com toda a presença no País na geração de energia a gás natural, a Eneva avaliou como estratégica a compra do projeto no Ceará e uma nova regra do leilão de geração de potência previsto para 2025 pode ser a explicação.
As diretrizes colocadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) relacionam o valor pago pela energia ao início e término do funcionamento das usinas. Por isso, as subsidiárias da empresa entraram com um pedido de segurança diretamente no Supremo Tribunal de Justiça para derrubar a medida.
Um novo projeto ainda em construção, como é o da Ceiba Energy no Ceará, pode dar chances de maior competitividade à Eneva no leilão mesmo que o STJ decida a favor do MME.