A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) já realizou, até o momento, 22 descartes de suspeitas de gripe aviária em granjas de aves de subsistência do Estado, segundo nota divulgada ao O POVO pelo órgão.
Conforme o comunicado, das notificações atendidas, em 13 a agência identificou sintomas nos animais. Nestas foram coletadas amostras que, após passarem por testes no laboratório oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), apresentaram resultados negativos.
Além disso, também estão sendo realizadas análises acerca da existência de um foco da doença em Salitre, município distante 572,7 km de Fortaleza. Entretanto, a Adagri ainda aguarda o parecer destes exames.
Para o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis, esse cenário demonstra que, neste momento, “não adianta aumentar o estresse”, pois ainda não foram identificados casos no Estado e está havendo uma vigilância “ótima” pela Adagri, além das precauções que estão sendo tomadas pelos criadores.
João Jorge Reis acrescenta que a preocupação agora é com a economia, devido à redução das exportações.
Após a descoberta de dois focos da doença no Rio Grande do Sul, os países União Europeia (UE), China, Argentina, Uruguai e Chile suspenderam a importação de carne de frango oriunda do Brasil.
O presidente da Aceav destaca que, no Ceará, o setor é de grande relevância, contribuindo para a segurança alimentar da população e gerando emprego e renda. Segundo ele, a produção atinge cerca de dois milhões de ovos por dia e oito milhões de quilos de frango por semana no Estado.
Já no Brasil, conforme os dados da Estatística da Produção Pecuária realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2025, foram abatidas 1,63 bilhão de cabeças de frango. Montante que representou um aumento 2,3% em relação à igual período de 2024.
Enquanto a produção de ovos de galinha, nesse mesmo recorte temporal, foi de 1,16 bilhão de dúzias, sendo 5,6% a mais do que o registrado nos primeiros três meses do ano passado.
A Adagri, por meio de nota, também recomendou que os criadores tomassem “medidas rigorosas para evitar a entrada da doença em suas propriedades”.
Dentre elas, a aquisição de aves apenas em locais registrados na agência, a garantia de que o transporte dos animais seja acompanhado da Guia de Trânsito Animal (GTA) e a adoção de práticas de biosseguridade.
Em relação aos consumidores, a entidade ressalta não haver a necessidade de preocupação, já que a Influenza Aviária “não é transmitida pelo consumo de carne de frango ou ovos”.
Assim, os riscos de contágio para seres humanos é considerado baixo, até mesmo para os indivíduos que possuem contato direto com as aves doentes.
Com Beatriz Cavalcante e Gabriela Almeida
Convocação para realização da Prova Prática, Prova de Aptidão Física e Avaliação de Aptidão Psicológica
Exportações avícolas estão suspensas para 17 destinos
As exportações de produtos avícolas de todo o território brasileiro estão suspensas para 17 destinos, informou o secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Marcel Moreira, em coletiva de imprensa realizada na noite de ontem.
Está suspensa temporariamente a exportação de produtos avícolas brasileiros para China, União Europeia, Rússia, Peru, Canadá, África do Sul, Chile, Argentina, Uruguai, México, Coreia do Sul, República Dominicana, Bolívia, Marrocos, Paquistão, Malásia e Sri Lanka, conforme levantamento do Ministério da Agricultura.
As suspensões ocorrem após a confirmação de um caso de gripe aviária em granja comercial no Rio Grande do Sul na última sexta-feira, dia 16.
A lista inclui os países que suspenderam as importações de produtos avícolas do Brasil e para os quais o Brasil interrompeu a certificação das exportações conforme prevê o acordo sanitário estabelecido com cada país.
O secretário informou que o Brasil parou de certificar exportações de todo o território brasileiro para China, União Europeia, África do Sul, Rússia, Peru, República Dominicana, Bolívia, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka, conforme preveem os protocolos sanitários acordados entre o Brasil e estes países.
Já México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Argentina, Uruguai e Malásia comunicaram a suspensão das importações de produtos avícolas de todo o País, segundo Moreira.
Há ainda mercados para os quais estão restritas as exportações de produtos avícolas do Rio Grande do Sul. É o caso do Reino Unido, Cuba e Bahrein. O Japão, por sua vez, suspendeu as compras de carne de frango e derivados de Montenegro (RS), onde o foco da doença foi detectado. Já Cingapura, Filipinas, Timor Leste, Mianmar, Paraguai e Vanuatu comunicaram a suspensão de compras de frango do raio de 10 km do foco de gripe aviária de alta patogenicidade.
Os Estados Unidos, principal mercado de ovos do Brasil, não deixarão de importar ovos do País, apenas material genético do Rio Grande do Sul, afirmou Moreira. "Há restrições em menor grau ou maior grau para todos os 165 países que exportamos produtos avícolas. Até amanhã finalizaremos a lista de restrições de mercados em virtude da gripe aviária", afirmou Moreira.
O governo brasileiro já está negociando com países importadores de produtos avícolas a flexibilização das suspensões das compras de carne de frango e derivados do Brasil. As negociações já estão em andamento a fim de minimizar os impactos do primeiro foco de gripe aviária em plantel comercial no País sobre a balança comercial do agronegócio brasileiro. "Buscamos que a África do Sul reconheça a regionalização da restrição sobre frango brasileiro", disse Moreira.
Na manhã de ontem, autoridades do governo brasileiro dialogaram com autoridades da África do Sul e de Cuba para discutir a regionalização. O Brasil pleiteia a redução das restrições da África do Sul para produtos provenientes do Rio Grande do Sul e para Cuba de um raio de 10 km do foco onde a doença foi detectada. (Agência Estado)
Fávaro acredita que não haverá impacto relevante nos preços de frango e ovos
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, avaliou que não haverá "impacto relevante" da gripe aviária nos preços da carne de frango e ovos, considerando a queda na suspensão temporária da exportação para diversos países. "Pode haver excesso de oferta em 10 a 15 dias de carne de frango, mas vemos estabilidade", declarou.
A expectativa é de que hoje seja concluída a desinfecção da granja em Montenegro (RS), único caso confirmado em granja comercial no País. Os colaboradores da granja estão isolados e sendo monitorados. Ele reforçou que o Brasil pode declarar o fim da emergência zoossanitária da gripe aviária após 28 dias, se não houver notificação de outro caso.
Ele falou que no caso da Doença de Newcastle (DNC), enfermidade contagiosa que acomete aves silvestres e comerciais, os preços de carne de frango e ovos não caíram muito. O caso ocorreu na Inglaterra.
"Mantemos confiança de segurar IAAP dentro do raio do foco onde foi detectado", mencionou o ministro. "Deve haver estabilidade em preços de carne de frango e ovos, porque 70% já ficam no mercado doméstico", frisou.
O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, disse hoje que há 538 propriedades no raio de 10 km do foco de onde se declarou a emergência de gripe aviária, em Montenegro (RS). Metade dessas propriedades foi visitada, segundo ele.
Cerca de 17 mil aves morreram ou foram sacrificadas em uma granja comercial em Montenegro (RS) e 30 milhões de ovos férteis da granja comercial já foram rastreados. Ainda pelo balanço apresentado, 70 mil aves de granja comercial foram descartadas. Os ovos férteis de granja com foco estão sendo destruídos no Paraná e em Minas Gerais.
O Ministério reforçou a segurança do sistema de proteção brasileiro. Foram feitas mais de 2.500 investigações de suspeitas do caso desde maio de 2023. "Após 28 dias de conclusão do foco, Brasil comunica à OMSA [Organização Mundial da Saúde Animal] que caso de IAAP foi encerrado", declarou Carlos Goulart. Ele também disse que a reabertura de mercados não está vinculada ao reconhecimento do status livre de gripe aviária.(Agência Estado)