O Vale do Jaguaribe pode ver a economia saltar até 50% nos próximos cinco anos com o investimento no agronegócio, segundo projetou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Limoeiro do Norte, Ederson Castro Pimpão.
Ele destacou ainda que o poder de consumo da região, que tem também Russas e Morada Nova, soma R$ 5 bilhões e tende a crescer com a maior participação do agro.
“Isso nos leva a crer que estamos vivendo numa das regiões mais ricas do Ceará e essa riqueza não há dúvida que tem origem na nossa agropecuária. A nossa região é privilegiada, temos aqui diversos setores pujantes”, declarou durante o seminário Água Innovation, que ocorreu nos últimos dois dias no Instituto Federal do Ceará (IFCE) de Limoeiro e debateu a produção de leite, banana e camarão.
Mas o poder do agro na região, como destaca Luís Felipe Santiago, presidente da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi, estende-se para outras culturas. “Quem diria que Limoeiro do Norte seria maior exportador de banana para Europa, produtor de sementes de soja e maior produtor de pitaya do Nordeste. Hoje, é”, citou.
Pimpão conta ainda que, em Limoeiro, a fatia do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) chega a 26%, perdendo para serviços, mas o salário chega a ser, em média, R$ 300 acima das outras profissões. Mas o Vale do Jaguaribe tem desafios para ampliar essa fatia visada pelo secretário.
Alvo de grandes produtores e detentor de áreas férteis para diversas vertentes do agronegócio, o Vale do Jaguaribe vive um momento de crescimento nas cadeias produtivas de leite, banana e camarão.
Mas precisa investir em profissionalização para avançar, segundo atestaram especialistas ouvidos pelo O POVO.
O trabalho para atingir este objetivo mira construir uma visão de futuro para os setores e os desafios envolvem inovação, mão de obra qualificada, associativismo, acesso ao crédito e a mercados, segundo lista Carlos Matos, CEO da Salto Empresarial e organizador do seminário Água Innovation, que O POVO acompanhou ontem, 23.
Ele conta que os itens foram apontados após reunião com a cadeia produtiva de bananas e se estendem para as demais, que tiveram os desafios debatidos nos últimos dois dias pelos componentes da cadeia produtiva do agronegócio no Ceará.
“É preciso organizar a produção. Nós saímos daqui com reuniões marcadas para fazer o produtor entender que ele precisa mudar, inovar, porque está perdendo dinheiro se não fizer. Criamos um grupo de trabalho para isso”, contou.
Os planos envolvem a plantação de mil hectares de banana e a criação de 5 mil vacas tecnificadas na região. As metas foram estabelecidas ao término do evento, que ocorrem há oito anos no Ceará e teve no Vale do Jaguaribe o primeiro seminário regional.
“Nós não podemos de maneira alguma parar. Vamos trabalhar com o pé no chão, mas com visão de futuro. O que acontece no mundo e eventualmente vai se debruçar sobre nós?”, acrescentou Geraldo Eugênio, professor da Universidade Federal de Pernambuco, citando a biologia aplicada na agricultura, o registro individual de dados de cada planta para acompanhar a produção, uso de novos materiais e as tecnologias mais adequadas.
Os especialistas também apontaram a associação entre pequenos e grandes produtores como essencial no trabalho de desenvolvimento do Vale do Jaguaribe como polo produtor.
A presença de gigantes do setor, como o Sítio Barreiras e a Alvoar Lácteos, na região é valorizada como estímulo e visibilidade à produção local, segundo Carlos Matos, mas os pequenos produtores precisam ter melhorias para fazer com que o Vale do Jaguaribe seja reconhecido.
A ideia é fazer com que a qualidade do leite, das bananas e dos camarões sejam “de primeira qualidade”, a partir da capacitação da mão de obra e novas técnicas. Para isso, ressaltam, é preciso aplicar técnicas de governança para melhorar os negócios.
Nesta perspectiva, Fabrício Régis, diretor comercial do Sítio Barreiras, disse entender que o mercado precisa caminhar junto e que a empresa mira deixar como marca uma qualidade em todos os parceiros, e não apenas na produção própria.
"O que eu conquistei com a banana me deixou apto a trabalhar o canal de vendas para quem tem goiaba ou outra fruta. A qualidade baixa deprecia essa marca”, falou, referindo-se à banana.
O entendimento da empresa é trabalhar a fruta como commodity. Isso implica que todas as marcas de bananas são encaradas como uma só pelo consumidor no supermercado e quanto melhor qualidade todos os produtores tiverem, melhor preço em conjunto o setor terá.
No trabalho associado, os especialistas viram a necessidade de formação de novos componentes da cadeia, como novos laticínios, como forma de promover a competitividade e a ajuda mútua em todas as etapas da produção.