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PIB do Brasil cresceu 1,4% no 1º trimestre e registra 5ª maior alta mundial
Economia

PIB do Brasil cresceu 1,4% no 1º trimestre e registra 5ª maior alta mundial

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em valores correntes, ou seja, sem a correção da inflação, o PIB somou R$ 3 trilhões
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COM expectativa de safra recorde de soja, a agropecuária se destacou no crescimento do PIB do trimestre (Foto: Wenderson Araujo/Trilux)
Foto: Wenderson Araujo/Trilux COM expectativa de safra recorde de soja, a agropecuária se destacou no crescimento do PIB do trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, apresentou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre do ano passado, colocando o Brasil no quinto maior crescimento mundial dentre os 49 resultados divulgados de outros países para igual período.

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, sendo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 30, e o ranking global faz parte de balanço analisado por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, agência classificadora de risco de crédito de origem brasileira.

O especialista mostra que houve um salto na economia de 33 países, conforme cálculo feito com base no valor corrente do PIB e nas projeções do Fundo Monetário Internacional. Além da falta de avanços em dois (Finlândia e Romênia com 0%) e retração em 14.

Assim, o Brasil passa em taxa de crescimento real de Estados Unidos (38º lugar e queda de 0,2%), China (+1,2% e 7º), Alemanha (+0,4% e 25º), França (+0,1% e 33º) e Reino Unido (+0,7% e 18º), que são as dez maiores economias do mundo.

Na lista da Austin, antes do País vêm o destaque Irlanda, com 3,2% de salto, seguida de Islândia (2,7%), Hong Kong (1,9%) e Taiwan (1,8%).

Com 1,4% no primeiro trimestre do ano, o Brasil fica acima da média geral das nações observadas pela empresa, de 0,5%, e ainda supera a média de avanço dos países do Brics (1,3%), da área do euro (0,3%) e do G7 (0,2%), que são justamente os sete países mais ricos do planeta.

Em outra organização da agência classificadora de risco, que considera os valores correntes dos países, o Brasil fica em 10º lugar, ultrapassando nações como Rússia, Espanha, Coreia do Sul, Austrália e México.

Veja a taxa de crescimento real dos países no 1º trimestre de 2025

Na visão de Alex Agostini, o Brasil conseguiu se destacar bem no ranking de taxa de crescimento, sobretudo de resultados advindos boa por parte do agronegócio, que foi o grande destaque, mas no consumo por parte das famílias houve crescimento de 1%. Importante, segundo ele, pois este avanço das famílias representa dois terços da formação do PIB pela ótica da demanda.

O especialista avalia também como destaque a alta nos investimentos, mas concentrada na parte de serviço de utilidade pública (gás, energia, água) e na indústria extrativa mineral, com aportes “muito fortes em máquinas e equipamentos”.

Para ele, indústria ficou dentro do esperado, mas com uma queda, principalmente pela construção civil, que já começa a sofrer com a taxa de juros.

“A Austin projeta para o segundo trimestre uma alta de apenas 0,2%. Para o ano, por enquanto, a gente mantém uma expectativa de uma alta de 1,8%. Desacelera em relação ao ano passado, mas cresce de forma até vigorosa, porque a base de comparação é muito alta. Ou seja, por um lado os indicadores são muito positivos, por outro lado, isso coloca mais uma preocupação por parte do Banco Central, que é tentar desacelerar a economia para trazer a taxa de inflação para um nível mais civilizado”, destrinchou. 

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Safra recorde puxou o resultado da economia

Segundo o apresentado pelo IBGE, em valores correntes, ou seja, sem a correção da inflação, o PIB do Brasil somou R$ 3 trilhões no trimestre, sendo R$ 2,6 trilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 431,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Nesse recorte, o destaque se deu para a agropecuária, que, com expectativa de safra recorde de soja, registrou uma alta de 12,2% na produção, chegando a R$ 233,9 bilhões.

Conforme a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, esse crescimento ocorre, pois o setor está “sendo favorecido pelas condições climáticas favoráveis e conta com uma baixa base de comparação do ano passado”.

Diante do resultado, José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, observa uma economia “bastante resiliente” no primeiro trimestre e cita como causas a forte retomada do agro, por meio da safra recorde, após performance ruim em todo 2024.

“A resiliência da economia brasileira sob juros altamente restritivos, no entanto, tem forte relação com a postura fiscal do governo. A despeito de gastos do governo terem permanecido virtualmente estáveis, o esforço do estímulo ao crédito e medidas ex-orçamento neste primeiro trimestre é notório”, frisa.

Ele cita ações como o novo consignado CLT, o anúncio do Faixa 4 do MCMV, a liberação do saque-aniversário do FGTS, novas linhas de crédito para a troca de motocicletas e reformas de residências, o novo desenho do Auxílio-gás e o programa Pé-de-meia como alguns exemplos dos incentivos à população. 

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, apenas alerta que sem equilíbrio fiscal e sem ambiente de confiança, o Brasil seguirá crescendo abaixo do seu potencial. “Para o mercado, o dado é positivo, mas não muda o cenário de cautela.” 

Em relação aos serviços, por mais que o indicador tenha registrado resultados próximos à estabilidade (-0,1%), a categoria tem peso de aproximadamente 70% na economia do País.

“O grande destaque nos serviços […] foi a atividade Serviços de Informação e Comunicação, especialmente devido ao aumento de Internet e desenvolvimento de sistemas. Essa atividade cresceu mais de 38% desde a pandemia”, destaca Rebeca. 

Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, destaca, inclusive, o avanço modesto de apenas 0,3% no setor, que concentra grande parte da atividade empresarial.

“Indica haver espaço para melhorar a eficiência e a produtividade das empresas. Para sustentar o crescimento nos próximos trimestres, é fundamental investir em tecnologia, qualificação de profissionais e inovação nos modelos de negócios. Esses dados reforçam a necessidade de um ambiente de negócios mais competitivo e preparado para os desafios de médio e longo prazo”, complementa.

Já João Kepler, CEO da Equity Group, chama atenção para o avanço de 3% em serviços de informação e comunicação, indicando que a economia digital está ganhando tração. “Para empreendedores e investidores, isso reforça a importância de olhar para setores que combinam tecnologia, produtividade e escalabilidade.”

Considerando a taxa de investimento, ela foi de 17,8% do PIB, acima dos 16,7% do primeiro trimestre de 2024. Enquanto a taxa de poupança foi de 16,3%, superando os 15,5% do mesmo trimestre de 2024.

Agora, no que concerne ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram variação positiva de 2,9% ao

Desempenho dos indicadores no período:

  • Agropecuária: 12,2% (R$ 233,9 bilhões)
  • Formação Bruta de Capital Fixo: 3,1% (R$ 536,5 bilhões)
  • Consumo das Famílias: 1% (R$ 1,9 trilhão)
  • Serviços: 0,3% (R$ 1,8 trilhão)
  • Consumo do Governo: 0,1% (517,3 bilhões)
  • Indústria: - 0,1% (R$ 590,3 bilhões)

País avançou na comparação com o primeiro trimestre de 2024

Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, o PIB brasileiro teve alta de 2,9%, décima sétima taxa positiva consecutiva. A agropecuária também foi destaque, com crescimento de 10,2%. 

Esse resultado do setor, conforme a coordenadora do IBGE, se deu, principalmente, pelo atuação de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre e pela produtividade. 

No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em maio pelo IBGE, entre os produtos com safra no 1º trimestre e crescimento na estimativa de produção anual, destacam-se: soja (13,3%), milho (11,8%), arroz (12,2%) e fumo (25,2%).

Na mesma comparação, a indústria cresceu 2,4% e o valor adicionado dos serviços cresceu 2,1%. Já, no que concerne ao acumulado de 12 meses, a economia brasileira cresceu 3,5%.

Contudo, Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto, observa que a manutenção de juros elevados pode limitar o crescimento nos próximos trimestres, especialmente se não houver avanços significativos na confiança dos investidores e na redução das incertezas fiscais.

Com Agência Brasil

Moody's muda perspectiva para rating do Brasil de positiva para estável

A agência de avaliação de risco de crédito Moody's mudou a perspectiva para o rating do Brasil de positiva para estável, argumentando que a alteração reflete uma redução dos riscos de crédito positivos diante de uma deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida.

Os ratings de emissor de longo prazo em moeda local e estrangeira e os ratings de títulos seniores sem garantia foram mantidos em Ba1. Para a Moody's, a mudança da perspectiva reverbera ainda um progresso mais lento do que o esperado no enfrentamento da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal, apesar da adesão às metas de para o resultado primário.

"A capacidade do governo de reduzir substancialmente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o peso da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos dos empréstimos", pontuou no relatório.

Após o anúncio, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso com a melhoria dos resultados fiscais e o avanço nas reformas estruturais - agendas consideradas essenciais para assegurar o crescimento econômico de longo prazo e o equilíbrio das contas públicas. (Agência Estado)

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