O Ceará pode atrair investimentos acima de R$ 1 bilhão nos próximos dois anos nos ramos da pecuária, da agricultura e do pescado, conforme a estimativa do secretário-executivo do agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Sílvio Carlos.
Esses números estão atrelados a uma série de compradores de diversos países, por exemplo, Espanha, Estados Unidos, México, Chile e Polônia, além de outros estados como Mato Grosso e São Paulo.
Somente um dos projetos, formado por brasileiros e espanhóis, tem uma estimativa de investir R$ 600 milhões para o cultivo do mirtilo. Também cita outras culturas com alto valor agregado como o avocado, que possui americanos motivados.
"Tomate, que aí tem investidor nacional interessado. Tem culturas como açaí, cacau, pitaia, acerola orgânica, maracujá, que tem um mercado interno muito forte [...] Na pecuária também a gente tem feito bastante trabalho. Inclusive, estamos com um projeto focado no mercado árabe para criação de ovino e caprino."
Os resultados fazem parte da articulação promovida pelo governo em feiras internacionais e nacionais. Nesse sentido, explica haver um trabalho de apresentar a localização estratégica, a infraestrutura portuária, qualidade da luz solar e as tecnologias trabalhadas no Estado.
"O que a gente busca nessas feiras é apresentar o Ceará. Porque, por exemplo, algumas culturas produzidas na Europa, e têm uma demanda grande, estão ficando cada vez mais difíceis por diversos motivos: mão de obra, infraestrutura, urbanização. Então, esses países e até outros investidores começam a procurar lugares com potencial produtivo."
Outro ponto falado pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, durante a PEC Nordeste, é que o setor tem como meta dobrar o valor exportado nos próximos cinco anos.
"Tem uma demanda muito grande, e estamos cooperando com a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e com o Ministério da Agricultura para trabalharmos em parceria, para a gente tentar dobrar as exportações, que hoje está na casa dos US$ 520 milhões."
Além disso, explicou que a expansão serve para diversos produtos, desde castanha de caju até a cera de carnaúba, e os mercados mais buscados são o Oriente Médio e a China. No entanto, afirma que, para isso, é necessário a cooperação com o governo. "Nós precisamos de áreas para plantar", diz.
Uma das demandas do setor é a questão dos perímetros irrigados, gerenciados principalmente pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs).
Em vista disso, o secretário-executivo do agronegócio, Sílvio Carlos, explica que existe uma área ociosa, que não foi ocupada em sua totalidade, e por isso, estão tentando atrair investidores para uma modificação e modernização desses locais não só na infraestrutura, mas também na gestão.
"Hoje nós temos aproximadamente 29 mil hectares ociosos nos perímetros irrigados. Se a gente observar, que toda a área irrigada que nós temos no Estado é por volta de 100 mil hectares, então nós podemos aumentar aí, só nos perímetros, 30% da área irrigada. Se a gente for colocar isso em números, em termos de valores brutos da produção, pode chegar em torno R$ 1,5 bilhão ou até mais."
Assim, reforçou o interesse do Governo do Ceará continuar buscando essa mudança, porque tem condições de produzir frutas e culturas de alto valor agregado. "Mas também são passos, não é da noite pro dia. A gente tem que fazer algumas ações e contar com o apoio do governo federal também, porque as estruturas são deles."
Ainda citou o fato de que o principal fruto exportado é o melão, mas também há o destaque para a melancia e a manga. Sobre mercados, o principal destino continua sendo a Europa, especialmente devido a parceria com o Porto De Roterdã, na Holanda.