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Nordeste tem maior crescimento da renda média do País em 12 anos
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Nordeste tem maior crescimento da renda média do País em 12 anos

Patamar alcançado, no entanto, continua sendo o mais baixo entre as regiões brasileiras, segundo atesta estudo da Fundação Getulio Vargas
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Valor, no entanto, continua sendo o mais baixo entre as regiões do País (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Valor, no entanto, continua sendo o mais baixo entre as regiões do País

A renda média dos trabalhadores da região Nordeste obteve o maior crescimento do Brasil entre 2012 e 2024 ao alcançar uma alta de 26,7%, segundo aponta o Boletim Macro Regional do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Na prática, a evolução observada foi de R$ 1.041 (2012) para R$ 1.319 (2024), de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua utilizada pelos pesquisadores do Ibre/FGV.

O comparativo demonstra ainda que, há 12 anos, a renda média do trabalhador nordestino era 61% da renda média brasileira e, mesmo com o avanço expressivo neste tempo, o percentual avançou para 65% da renda média nacional em 2024.

Nos dois casos, o valor é o menor do País, uma vez que a renda média do Norte saiu de R$ 1.145 (2012) para R$ 2.020 (2024), a do Sul saiu de R$ 2.053 (2012) para R$ 2.449 (2024), a do Centro-Oeste foi de R$ 1.982 (2012) para R$ 2.331 (2024) e a do Sudeste, de R$ 2.063 (2012) para R$ 2.381 (2024).

O que influenciou o aumento da renda média?

Isadora Osterno, coordenadora do estudo, explica que vários indicadores observados pelos pesquisadores explicam o avanço da renda média no Nordeste, especialmente o mercado de trabalho.

O tipo de trabalho ofertado na região neste período de 12 anos e a escolaridade das pessoas empregadas ajudam a entender a alta observada, de acordo com ela. Assim como o ritmo dos setores produtivos que obtiveram ganhos até a pandemia, pelo menor.

Já em 2025, cita o estudo, a taxa de desocupação entre os estados nordestinos atingiu um percentual de 9,8% da população apta ao trabalho. "Desde 2015, a região Nordeste não registrava uma taxa de desocupação de 1º trimestre abaixo de 10%. Esse resultado reflete a dinâmica recente de mercado de trabalho no Brasil, com uma tendência de redução da desocupação no pós-pandemia", detalha o estudo.

"Melhorou para todo mundo. Todas as regiões melhoraram a renda. Então, são fatores estruturais que precisam mudar", defende, afirmando que os avanços no pós-pandemia no Nordeste não foram generalizados.

Mais políticas públicas e investimentos

Isadora destaca que é preciso "uma mudança estrutural a partir de um plano de investimento para a Região" e "estratégias de longo e/ou médio prazo para fazer com que (o Nordeste) saia desse platô" de desenvolvimento e consiga elevar a renda a patamares melhores.

"Da forma que a gente analisa os números, fica aquela coisa: no ano que foi bom, no próximo ano talvez não seja tão bom ainda, porque a base é alta. É como se a gente estivesse sempre no mesmo nível", explica sobre os comparativos.

Nesta perspectiva, a pesquisadora observa que a atividade econômica da Região obteve desempenho menor que a do Brasil no primeiro trimestre, trazendo um exemplo prático das comparações. A explicação, diz, está no peso do agronegócio para o país enquanto a economia dos estados nordestinos ainda tem no setor de serviços o principal componente.

Estratégias

Para ela, é preciso investir em serviços voltados à tecnologia, cujos investimentos são mais robustos, exigem melhor formação educacional e também pagam melhor. Da mesma forma, ele defende uma indústria mais competitiva, de melhor tecnologia e salários para dar maior sustentação a esse avanço.

"São fatores estruturais que tem que mudar. Talvez a composição produtiva, abrir o Nordeste para o mundo, aumentando o fluxo de comércio exterior e indústrias que consigam entregar produtos com alto valor agregado", cita.

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