Um estudo publicado na revista Geoscience Frontiers aponta que o depósito de Lagoa do Riacho, localizado no município de Ocara (CE), apresentou a maior concentração média de cobalto entre os depósitos de manganês paleoproterozóicos analisados no Brasil.
O trabalho é assinado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pode contribuir para o mapeamento de fontes alternativas do mineral, considerado essencial para a fabricação de baterias utilizadas em veículos elétricos.
A pesquisa utilizou a técnica estatística de Análise de Componentes Principais (PCA) para identificar padrões geoquímicos associados ao enriquecimento de cobalto em oito depósitos com formação estimada entre 2,2 bilhões e 1,6 bilhão de anos atrás. Foram avaliadas cinco áreas no Brasil — incluindo os estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Amapá e Pará — e três na África, nos territórios do Congo, Gabão e Gana.
Entre os locais brasileiros, o depósito de Lagoa do Riacho, no interior cearense, apresentou os resultados mais expressivos em relação às concentrações médias do minério. “O depósito mostrou concentrações que merecem atenção do ponto de vista exploratório”, afirma o professor Felipe Holanda dos Santos, do Departamento de Geologia da UFC e um dos responsáveis pelo estudo.
O cobalto é atualmente classificado como “mineral crítico”, por ser considerado estratégico para a economia — especialmente na transição energética —, mas com risco elevado de escassez. No Brasil, o mineral é extraído como subproduto da mineração de níquel, cuja atividade está paralisada desde 2016, em razão da baixa cotação do metal no mercado internacional.
Diante desse cenário, o estudo propõe que o cobalto possa ser extraído como subproduto da mineração de manganês em depósitos antigos. “Além de aproveitar depósitos já existentes, essa rota evita a dependência da mineração de níquel e de fontes externas”, destaca Evilarde Carvalho Uchôa Filho, doutorando em Geologia pela UFC e também autor da pesquisa.
O modelo proposto pelos pesquisadores considera ainda aspectos da formação geológica dos depósitos.
Segundo os autores, o cobalto teria sido concentrado junto ao manganês por ação de cianobactérias em ambientes marinhos primitivos, durante a oxigenação precoce dos oceanos. Posteriormente, as rochas migraram para o continente, e o minério ficou preservado em formações de carbonatos e silicatos de manganês.
Com apoio da Society of Economic Geologists (SEG) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisa foi iniciada em 2021 e contou com a participação de instituições como a Unicamp, o Instituto Federal do Piauí (IFPI) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
O trabalho foi destaque na Agência UFC, veículo de divulgação científica da universidade. A publicação contextualiza o crescimento global do mercado de veículos elétricos: segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 17 milhões de unidades foram vendidas em 2024 — alta de 25% em relação a 2023. No Brasil, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) registrou aumento de 89% nos emplacamentos de modelos eletrificados no mesmo período.
(com informações da Agência UFC)
Pesquisa
Com apoio da Society of Economic Geologists (SEG) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisa foi iniciada em 2021 e contou com a participação de instituições como a Unicamp, o Instituto Federal do Piauí (IFPI) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB)