O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que não irá adiar o prazo de 1º de agosto para impor novas tarifas sobre seus parceiros comerciais. A medida impactará, inclusive, o Brasil, que possui a maior taxa, de 50%.
As declarações do presidente americano ocorreram durante uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com quem firmou acordo para reduzir tarifas de 30% para 15% para o bloco econômico.
A informação sobre o prazo já tinha sido reiterada pelo secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. Em entrevista à emissora conservadora americana Fox News, Lutnick disse que as tarifas entrarão em vigor no dia 1° de agosto, mas que Trump está disposto a negociar, mesmo depois do prazo.
"Com certeza não haverá mais prorrogações, não haverá mais (período de) carência. As tarifas estão programadas para o dia 1º de agosto. Colocaremos a Alfândega para começar a coletar o dinheiro", disse.
Lutnick afirmou que o presidente Donald Trump estará aberto a "negociar e conversar com as grandes economias". Ele, no entanto, ponderou que tais conversas podem esbarrar em dificuldades. "Obviamente, após 1º de agosto, as pessoas ainda poderão falar com o presidente Trump. Ele está sempre disposto a ouvir. Até lá, acho que o presidente vai falar com muitas pessoas. Se elas podem fazê-lo feliz, é outra questão", acrescentou.
Além da União Europeia, apenas cinco países firmaram acordos comerciais com Washington depois do primeiro anúncio das tarifas em abril: Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão.
As tarifas acordadas por esses países superam a taxa de 10% que os Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas ainda assim estão muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou se os governos não chegassem a um acordo que pôs fim ao que ele considera como práticas desleais.
No caso do Brasil, as negociações estão travadas. No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras.
No documento, ele disse ter adotado a medida sob a justificativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, estaria sofrendo perseguição política.
Os Estados Unidos também iniciaram uma investigação interna contra práticas comerciais do Brasil que consideram supostamente "desleais". Entre elas, o Pix. Também revogou os vistos do ministro Alexandre de Moraes, seus familiares e "aliados na Corte".
Na última sexta-feira, dia 25, Lula afirmou que está aberto a negociar com Trump e disse que o presidente dos Estados Unidos foi induzido a acreditar "em uma mentira". O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, Comércio e Serviço, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lideram as iniciativas para uma solução diplomática com o país norte-americano.
Também foi criado um comitê para discutir as taxações com o setor produtivo brasileiro. Na quinta-feira, dia 24, Alckmin disse ter conversado com Lutnick.
Uma das propostas oferecidas passa por dobrar a relação bilateral com os EUA nos próximos cinco anos. "O Brasil nunca saiu da mesa de negociação", afirmou, avaliando que é uma "injustiça" a aplicação desse patamar sobre os produtos brasileiros.
Empresários estão preocupados com a possibilidade do Brasil retaliar os Estados Unidos adotando sobretarifas aos produtos americanos. Um dos principais pleitos dos setores - o adiamento da cobrança por 90 dias -, no entanto, perdeu força com as declarações do presidente americano dadas ontem (Com Agência Estado e Agência Brasil)
Leia mais em Política, página 13; e em Economia, página 19
Plano do Ceará para reduzir danos do tarifaço será anunciado após aval do Governo Federal
O governador do Ceará, Elamno de Freitas (PT), informou que deve anunciar as medidas de mitigação do impacto do tarifaço dos Estados Unidos à economia cearense somente após reunião com o Governo Federal.
A agenda com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, está prevista para ocorrer amanhã de manhã, em Brasília. Além dele, está confirmada a presença de uma comitiva de empresários cearenses formada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante; o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira; André Luiz, Grendene; Marcelo Matos, Aeris Energy; Paulo Gonçalves, do setor de pescados; Erick Torres e Jorge Oliveira, ambos da ArcelorMittal; Felipe Gurgel, Durametal; e Carlos Rubens, do setor de rochas ornamentais.
No último sábado, dia 26, antes da reunião com o secretariado, Elmano garantiu que, além de um levantamento de possíveis prejuízos que o tarifaço poderá ocasionar à economia local, pretende apresentar um plano estadual de contingenciamento para conter danos. Mas, como parte dele, precisa do aval do governo federal para ser implementado, ele faz segredo. "Nós só podemos falar publicamente com elas (as medidas) devidamente negociadas com os empresários, e parte delas tem a ver com negociações com o Governo Federal", disse o governador.
Dentre estas medidas em estudo, conforme adiantou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, ao O POVO, seria, justamente, a liberação de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), referentes à Lei Kandir.
A Lei Kandir (nº 87/1996) isenta as exportações de produtos primários e semielaborados do ICMS. Essa isenção, que visa estimular as exportações brasileiras, gera controvérsia desde quando nasceu, nos anos 1990, pois estados exportadores, como o Ceará, alegam perda de arrecadação.
Na tentativa de reparar os estados exportadores, que deixam de arrecadar ICMS devido à isenção, a própria Lei Kandir estabeleceu mecanismos de compensação financeira, por meio de repasses da União aos estados.
O problema é que esses repasses são negociados anualmente e, quando liberados, muitas vezes, não o são com as devidas correções financeiras. De acordo com o secretário da fazenda, Fabrízio Gomes, o Ceará tem hoje R$ 1 bilhão em créditos de ICMS retidos. O montante contempla todos os setores sujeitos à isenção de ICMS, inclusive, o de exportação. "O governo federal repassa muito pouco ou não repassa", queixou-se o governador Elmano, acrescentando que essa questão se arrasta por várias gestões do Executivo federal, desde o surgimento da lei.
Logo após o anúncio do tarifaço, o governo cearense vem se reunindo com setores exportadores para, juntos, traçarem uma estratégia. Isso porque, entre os possíveis impactos na economia local, a tarifa pode tornar os produtos cearenses menos competitivos no mercado americano, levando a uma redução nas exportações.
Dados do Observatório da Indústria do Ceará mostram que, no primeiro semestre de 2025, o Estado exportou cerca de US$ 556,7 milhões aos Estados Unidos, o segundo maior volume já registrado na série histórica iniciada em 1997. Atualmente, mais da metade das exportações cearenses (51,9%) tem os EUA como destino, percentual que coloca o Ceará como líder nacional em participação proporcional no comércio bilateral. No conjunto do Brasil, os Estados Unidos respondem, por exemplo, por apenas 12,1% das exportações totais.
A diminuição das exportações, por sua vez, pode resultar em perda de empregos nos setores afetados. E a incerteza gerada pelas tarifas pode afetar os investimentos no estado, tanto nacionais quanto estrangeiros.
Elmano não esconde a preocupação, mas destaca que, nesse momento, o importante é o governo e o setor exportador manterem-se unidos.
“Tive uma boa reunião com os empresários e acho que o elemento central é nós estamos muito unidos. Nós temos absoluta preocupação com os empregos que isso representa, temos preocupação com o pescado que está em contêineres, estamos também discutindo da mesma maneira com castanha de caju, com cera de Carnaúba”, comentou, elencando os principais produtos da pauta de exportação cearense.
O secretário-chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, informou que a discussão sobre os efeitos do tarifaço na economia cearense está sendo feita de forma mais macro, para que as medidas que sejam tomadas possam beneficiar os setores mais atingidos.
“Esse estudo está sendo feito pela Secretaria da Fazenda. E está sendo feito minuciosamente, até porque essas medidas vieram de uma vez; pegou todo mundo de surpresa”, comentou.
“Ninguém imaginava que partisse uma medida meio ‘amalucada’ do presidente americano. Nem se sabe ainda de que forma é que isso efetivamente vai se dar”, acrescentou Chagas.
Ele citou o aço como exemplo de incerteza das medidas anunciadas por Trump. “Ele já é tributado em 50%, não só aqui do Brasil, mas do mundo, lá nos Estados Unidos. Então já não se sabe se eles vão aumentar além dos 50, a 50% em cima dos 50 que já existem”.
O governo cearense se reuniu na sexta-feira, 25, com representantes da ArcelorMittal Pecém. A empresa produz diversos tipos de aço para exportação, mais da metade para os EUA, e gera mais de 20 mil empregos no Ceará, entre diretos e indiretos.
Chagas explicou que o impacto do tarifaço em cada um dos setores estão sendo fechados pelo secretário Fabrício, e devem ser levados para a reunião com o vice-presidente. “A gente vai ter essa reunião com o vice-presidente da República para entender inclusive como é que está essa negociação do governo federal com o governo americano”, finalizou.
Macro
O titular da Casa Civil, Chagas Vieira, informou que a discussão sobre os efeitos do tarifaço na economia cearense está sendo feita de forma mais macro, para que as medidas que sejam tomadas possam beneficiar os setores mais atingidos
Acordo com UE prevê compras de energia e investimentos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegaram a um acordo aduaneiro, ontem, em Turnberry, na Escócia, após uma reunião relâmpago.
Trump explicou os detalhes: tarifas alfandegárias de 15% para produtos europeus importados, por um lado, e o compromisso da União Europeia de destinar 750 bilhões de dólares (R$ 4,18 trilhões) em compras de energia e 600 bilhões de dólares (R$ 5,54 trilhões) em investimentos adicionais nos EUA, por outro.
Von der Leyen esclareceu, por sua vez, que o setor aeronáutico e outras áreas estratégicas serão isentas de tarifas. Além disso, disse que as importantes compras de energia que a Europa farão nos Estados Unidos servirão para substituir os suprimentos da Rússia.
O acordo, detalhes completos ainda são desconhecidos, ainda deverá ser validado pelos Estados-membros da UE. Seus embaixadores, que viajaram para Groenlândia na manhã de domingo, foram informados sobre as últimas negociações e se reuniram novamente para essa validação.
Até ao regresso de Trump ao poder, os Estados Unidos aplicaram à Europa uma tarifa média de 4,8%. Com os 10% adicionais, as tarifas para as exportações da UE chegaram quase aos 15% agora acordados. (AFP)
Quais países já fecharam acordos tarifários com Trump?
Neste domingo, 27, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, firmou um acordo com a União Europeia e passará a cobrar uma tarifa de 15% sobre as exportações do bloco. O desfecho da negociação ocorreu após uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O pacto sela a estratégia do governo americano de renegociar seus acordos de taxação para tentar reduzir o déficit comercial dos EUA. E a sombra de tarifas gigantescas forçou diferentes países a tentarem acordos mais leves - o Brasil, no entanto, deve encarar a taxa mais alta, de 50%.
A menos de 5 dias para o início do tarifaço, veja os países que já conseguiram negociar com os EUA.
União Europeia
A nova tarifa, de 15%, representa uma diminuição significativa em relação aos 30% que estavam sendo praticados anteriormente. Segundo Trump, o acordo foi selado após um anúncio de que o bloco europeu concordou em gastar US$ 750 bilhões do setor de energia e investir US$ 600 bilhões nos Estados Unidos.
O acordo irá "reequilibrar, e possibilitar o comércio para ambos os lados", disse Ursula von der Leyen.
Japão
Na terça-feira, 22, o presidente dos Estados Unidos comunicou um acordo com o Japão para reduzir a alíquota tarifária de 25%, imposta no começo de julho, para 15%. Em contrapartida, o país asiático se compromete a investir US$ 550 bilhões nos EUA, além de abrir seu mercado a produtos agrícolas e automotivos americanos.
O aço e o alumínio japonês foram excluídos do documento e permanecem com a tarifa anterior, de 25%. A divulgação ocorreu em publicação em sua rede, a Truth Social. Posteriormente, em evento na Casa Branca, Trump disse que o acordo com o Japão "pode ser o maior da história" e criará centenas de milhares de empregos.
Indonésia
Também na terça-feira, a Casa Branca confirmou um acordo comercial com a Indonésia que prevê a "eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos americanos", enquanto os EUA vão reduzir a tarifa de 32% para 19% para os produtos do país entrarem no mercado americano.
A Indonésia também se comprometeu a comprar cerca de US$ 15 bilhões em produtos dos EUA nos próximos dois anos e eliminar algumas barreiras técnicas e sanitárias que limitavam a entrada de produtos americanos.
Filipinas
O acordo firmado entre os governo americano e as Filipinas determina que produtos oriundos do país do sudeste asiático sejam taxados em 19%, o que está abaixo da média de 25% a 50% que foi imposta a países sem acordo. Por outro lado, produtos norte-americanos exportados às Filipinas terão isenção total de tarifa e os dois países reforçaram um compromisso de cooperação militar.
Vietnã
O governo americano determinou uma tarifa de 20% sobre produtos vietnamitas importados, abaixo dos 46% anunciados anteriormente, e uma taxa de 40% aos produtos que passam pelo Vietnã, mas são originários de outros países. Além disso, o Vietnã concederá aos EUA acesso total aos seus mercados comerciais e não vai taxar exportações de produtos americanos.
Reino Unido
O primeiro acordo tarifário do segundo mandato de Donald Trump foi com o Reino Unido. Anunciado em 8 de maio, ele determina uma taxação base de 10% dos EUA sobre produtos britânicos e uma isenção total de tarifas para componentes e produtos aeroespaciais britânicos dentro da cota acordada. Em troca, a Grã-Bretanha reduziu a tarifa média sobre bens americanos de 5,1% para cerca de 1,8% e existirá simplificação aduaneira para as exportações americanas.
Trégua com a China
Os Estados Unidos e a China firmaram uma trégua tarifária, que deve ser prorrogada por mais 90 dias. A trégua foi firmada depois que Trump anunciou o aumento das tarifas de produtos chineses para um mínimo de 145%, o que paralisou parte do comércio entre os países. A expectativa é que os países voltem a se reunir na próxima semana.
Durante a trégua, Washington impôs uma tarifa-base contra os produtos chineses em 30%, no lugar dos 145%. Já o país asiático colocou taxas de 10% sobre os produtos americanos até novo acordo ser fechado.
Acordos em negociação
O presidente Donald Trump disse que a maioria dos acordos, "se não todos", será concluída até agosto. Muitos países ainda não conseguiram chegar a um desfecho, mas vários deles estão em negociações com os EUA.
No início de julho, a Bloomberg noticiou que os Estados Unidos estão trabalhando em um acordo com a Índia que pode reduzir as tarifas propostas para menos de 20%. Em contrapartida, a Índia reduziria tarifas sobre produtos agrícolas oriundos dos EUA.
O gabinete presidencial da Coreia do Sul disse que entregará um pacote comercial "mutuamente aceitável" na próxima semana. Segundo o anúncio, a proposta incluirá uma cooperação na construção naval e uma tentativa na redução das tarifas de 25% que o país enfrenta atualmente.
Alinhada ideologicamente com os EUA, a Argentina ainda não formalizou um acordo, mas tenta reverter a imposição de tarifas sobre importação siderúrgica do país. Segundo o jornal Clarin, o governo argentino trabalha com a expectativa de ter tarifa zero sobre 80% do comércio bilateral.
O ministro de comércio da Malásia, Anwar Ibrahim, afirmou que está em negociações para reduzir as tarifas para abaixo de 20%. Atualmente, uma delegação comercial do Taiwan está em Washington para tentar um acordo tarifário. E o Bangladesh encomendou 25 aviões da Boeing como um esforço para acalmar as tensões comerciais e evitar um aumento de 35% nas tarifas.
E o Brasil?
Na quinta-feira, 24, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, revelou ter conversado com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. Escalado para liderar essas negociações, Alckmin disse que uma das propostas passa por dobrar a relação bilateral com os EUA nos próximos cinco anos.
Empresários estão preocupados com a possibilidade do Brasil retaliar os Estados Unidos adotando sobretarifas aos produtos americanos. A expectativa do setor é que as negociações sejam feitas com cautela e que, à princípio, o governo consiga pelo menos um adiamento das tarifas para depois do 1º de agosto. Assim, teriam mais tempo para negociações. Este cenário, no entanto, perdeu força neste domingo, quando Trump repetiu que não haveria novas negociações com outros países até o início do próximo mês.
Entenda o impacto do tarifaço
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, anunciou uma medida tarifária que impactará significativamente as exportações brasileiras. A partir de 1º de agosto de 2025, os produtos brasileiros estarão sujeitos a uma tarifa de 50% sobre o valor de entrada nos EUA.
Setores Mais Afetados no Brasil:
- Petróleo e Derivados: US$ 7,5 bilhões exportados (18,3% do total vendido aos EUA)
- Ferro e Aço: US$ 5,3 bilhões (13,2%)
- Aeronaves e Equipamentos: US$ 2,7 bilhões (6,7%)
Esses setores juntos respondem por cerca de 38% das exportações brasileiras para os EUA, o que demonstra o potencial bilionário de prejuízo com a aplicação da nova tarifa. A medida pode afetar bilhões de dólares em exportações e comprometer a competitividade de empresas nacionais no mercado externo.
Impacto na Economia Brasileira
A tarifa pode causar efeitos negativos em série na balança comercial, no emprego industrial e na inflação. Economistas alertam para o risco de desaceleração econômica e aumento da cotação do dólar, o que eleva os preços das importações e pressiona a inflação.
Resposta do Governo Brasileiro:
Desde que foi anunciado o tarifaço ao Brasil, o governo brasileiro montou um Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, para adoção de medidas de proteção da economia brasileira.
O grupo, criado por meio do decreto de regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25), é liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Desde então, já foram ouvidos representantes de diversos setores e empresas não apenas no Brasil, mas também nos EUA para que estas também possam ajudar a exercer pressão na negociação. Entretanto, não houve avanços com o governo americano.
Também está sendo desenhado um plano de contingência para mitigar impactos na economia brasileira. Dentre as medidas, está a cração de linhas de crédito para cerca de 10.000 empresas afetadas.
Controvérsia sobre a Justificativa
A justificativa para a medida é questionada por especialistas, pois os EUA são superavitários na relação comercial com o Brasil, contrariando a alegação de déficit comercial feita por Trump. Isso sugere que a tarifa tem caráter mais protecionista e político do que técnico ou econômico
Possíveis impactos na economia cearense
A aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025 pode ter impactos significativos na economia do Ceará. Isso porque os Estados Unidos é o principal parceiro comercial do Estado, representando quase 48% de todas as exportações de produtos em 2025.
Só neste ano, as exportações cearenses para o país chegaram a um valor de mais de US$ 366,8 milhões, conforme dados do Observatório da Indústria do Ceará. Dentre os principais produtos exportados estão: aço (US$ 262,3 milhões); peixes (US$ 19,1 milhões) e calçados (US$ 13,9 milhões).
Os maiores efeitos seriam tanto nas exportações quanto nos empregos, com destaque para: aço, mineral (pedras e granitos), pescado, castanha de caju, cera de carnaúba e pás eólicas.
Impactos econômicos possíveis no Ceará:
- Redução das Exportações: A tarifa de 50% pode tornar os produtos cearenses menos competitivos no mercado americano, levando a uma redução nas exportações.
- Perda de Empregos: A diminuição das exportações pode resultar em perda de empregos nos setores afetados.
- Investimentos: A incerteza gerada pelas tarifas pode afetar os investimentos no estado, tanto nacionais quanto estrangeiros.