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Produtos agrícolas do Ceará ocupam só 20% dos supermercados, diz Federação
Economia

Produtos agrícolas do Ceará ocupam só 20% dos supermercados, diz Federação

Para promover a produção local e engajar o consumidor em uma campanha de valorização regional, Acesu e Faec querem identificar, nas prateleiras, os produtos feitos no Ceará.
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A PRESIDENTE da Acesu, Cláudia Novais, considera uma ideia factível identificar os produtos feitos no Ceará, mas diz que ainda não há nada formalizado (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS A PRESIDENTE da Acesu, Cláudia Novais, considera uma ideia factível identificar os produtos feitos no Ceará, mas diz que ainda não há nada formalizado

Somente 20% dos produtos agrícolas expostos nas gôndolas e prateleiras dos supermercados cearenses vêm de produtores locais. A estimativa é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira. Isso acontece, segundo ele, porque “falta um pouco de bairrismo nosso”. 

Amílcar defende uma ampla campanha para que “cearenses comprem de cearenses”, como forma de ajudar a manter os empregos dos agricultores atingidos pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Ele sugere que esses alimentos produzidos no Ceará recebam uma identificação do tipo “feitos no Ceará”. Assim, na hora da compra, o consumidor poderá optar por eles.

A presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Cláudia Novais, explica que a menor oferta, nos pontos de venda, de produtos locais, em comparação aos vindos de outros estados, decorre do fato de o Ceará não produzir a totalidade de frutas, legumes e verduras consumidas internamente. Por isso, segundo ela, é comum o consumo de alimentos agrícolas produzidos em outros estados.

“Também questões como custos logísticos, economia de escala de grandes produtores, sazonalidade da safra local e acordos comerciais interestaduais influenciam essa dinâmica”, aponta Cláudia. “O preço pode ser um fator importante, especialmente se produtos de fora chegarem ao varejo com custos mais competitivos”, destaca.

A presidente da Acesu considera uma ideia factível identificar os produtos feitos no Ceará. E a entidade, que possui mais de 350 associados, já vinha estudando essa possibilidade, inclusive, com o apoio da Faec.

“Neste sentido, a Acesu pode sugerir aos associados a adoção de uma sinalização clara para produtos produzidos no Ceará. Como entidade, a Acesu pode apresentar essa proposta como uma medida que reúne benefícios simbólicos e estratégicos: promover a produção local e engajar o consumidor em uma campanha de valorização regional”, destaca Cláudia.

A líder classista considera que o atual cenário acelerou estes estudos e discussões com recentes reuniões com o poder público e iniciativa privada, a fim de minimizar os impactos da taxação excepcional pelo governo americano. Mas, segundo ela, ainda não há decisões formalizadas.

Conforme o analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, o Ceará já registra, neste segundo semestre, uma grande oferta de alimentos agrícolas cultivados por produtores locais. Ele diz que isso decorre da safra boa. E isso já se reflete na queda dos preços de frutas, verduras e legumes.

Odálio informa que grande parte da produção cearense vem do agronegócio por ter mais volume de oferta. “Mas a agricultura familiar tem a sua participação em ascensão, principalmente no Maciço do Baturité”, aponta Girão.

A região da Ibiapaba, que abrange os municípios de Viçosa, Ibiapina e Ubajara, é a maior produtora de hortaliças do Estado. “Com destaque para tomate, pimentão, repolho, pepino, pimenta, abacate, maracujá e batata-doce”, informa o analista da Ceasa.

Boa parte das frutas vem do Baixo Jaguaribe, que compreende municípios como Limoeiro do Norte, Quixeré, Russas e Jaguaruana. O município de Quixeré, por exemplo, é o segundo maior produtor de melão do Brasil. Limoeiro é destaque na produção de banana e mamão. Mas na região também se produz arroz, limão, milho e sorgo.

Odálio considera ainda cedo para avaliar o impacto do tarifaço na oferta de produtos no mercado interno. Os grandes indicadores para isso, segundo ele, seriam melão, melancia, abacaxi e banana, produtos exportados para outros países pelo Porto do Pecém. “Esses produtos ainda não apontaram no mercado interno com grandes volumes”, justificou.

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Exportação

Na tentativa de inserir os produtos que seriam exportados para o mercado norte-americano no mercado interno, empresários do setor de supermercados se reuniram com o secretário-chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, na quinta-feira, 7, no Palácio da Abolição, em Fortaleza.

A presidente da Acesu, Cláudia Novaes, se colocou à disposição para colaborar e atuar no que for possível.
De acordo com ela,
o segmento no
Ceará se prepara
para priorizar produtos locais

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