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Banco do Nordeste terá US$ 500 mi do Bird para financiar projetos de descarbonização
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Economia

Banco do Nordeste terá US$ 500 mi do Bird para financiar projetos de descarbonização

|EXCLUSIVO| Recursos miram financiamento de energias renováveis, hidrogênio verde e derivados, além da infraestrutura de suporte, como subestações e transmissão
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Píer 2 do Porto do Pecém é alvo de recursos do Bird para a movimentação de H2V (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Píer 2 do Porto do Pecém é alvo de recursos do Bird para a movimentação de H2V

O Banco do Nordeste espera a liberação de US$ 500 milhões do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) voltados exclusivamente para projetos que miram a descarbonização.

A expectativa, revelou ao O POVO Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB, é ter os recursos disponíveis na segunda metade de 2026.

A meta de atender somente propostas que miram a descarbonização, de acordo com ele, é relacionada à linha responsável pelo desembolso do montante no Bird. Mas complementa recursos do BNB em um objetivo buscado pela instituição nos últimos anos.

“Já operamos recursos concedidos por parceiros multilaterais e, enquanto o recurso do Bird não é liberado, nós temos FNE, Fundo Clima, além de recursos para inovação via BNDES e Finep”, afirmou durante o H2 Latam Summit, realizado na semana passada na Federação das Indústrias do Estado do Ceará pela GIZ (sigla em alemão da Agência Alemã de Cooperação Internacional).

No trâmite que exige a aprovação para que aportes internacionais sejam operados pela instituição brasileira, o Banco conta com a aprovação pela Comissão de Financiamento Externo (Cofiex) e resta, apenas, a chancela do Senado Federal para os dólares chegarem aos cofres do BNB, segundo explicou o diretor de Planejamento.

Projetos-alvo dos recursos

“Essa linha, inclusive, está muito voltada para o hidrogênio verde. Nós temos recursos em caixa e estamos captando recursos internacionais, como este, para atender essa demanda de hidrogênio que acreditamos que deve chegar entre 2027 e 2030, com maior força”, afirmou Freire.

Mas o financiamento para energias renováveis e também a infraestrutura que dá suporte ao H2V e às usinas eólicas e solares, como subestações e transmissão, também estão enquadradas na linha de recursos do Bird, de acordo com ele.

A instituição internacional, inclusive, é a financiadora do Porto do Pecém nas obras que vão transformar o píer 2 na área de movimentação exclusiva de H2V e derivados, como amônia e SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação).

Neste contexto, o Ceará continua como o principal polo de produção futura de H2V e derivados em um cenário no qual o Brasil está na “pole position”, como classificou o diretor nacional da GIZ no Brasil, Jochen Quinten, em entrevista ao O POVO.

Hoje, sete pré-contratos para futuras usinas estão assinados e dois deles devem confirmar investimentos bilionários na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará até o próximo ano.

Hidrogênio segue forte no Nordeste

Perguntado como o Banco do Nordeste tem encarado às críticas sobre a viabilidade econômica do hidrogênio verde - uma vez que a instituição é a principal financiadora de projetos que miram o desenvolvimento da Região -, o diretor de Planejamento do BNB disse que “visualiza o hidrogênio como uma alternativa, não de imediato, para a descarbonização do mundo” e que segue forte em projetos pelo Nordeste.

“Sabemos que no cenário internacional, sobretudo com o contexto político dos Estados Unidos, teve alguma retração nas perspectivas de crescimento, mas observamos alguns avanços na Europa e acho que no Brasil, por enquanto, a gente segue naquela toada de que esse mercado vai engrenar aqui na Região”, comentou.

Os alemães presentes ao H2 Latam Summit, do qual Freire participou, confirmaram a visão do diretor. Nas falas durante o evento, representantes do governo alemão confirmaram o interesse de compra da produção do H2V brasileiro e ressaltaram o Ceará, especialmente pela parceria entre os portos de Pecém, Roterdã e Duisport, que viabiliza o corredor verde internacional entre Brasil, Países Baixos e Alemanha.

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A matéria foi atualizada em 13/10 para uma correção: os recursos que serão operados pelo BNB são do Bird e não como estava antes.

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