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Mulheres impulsionam a transformação e o futuro do agro, indica pesquisa
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Mulheres impulsionam a transformação e o futuro do agro, indica pesquisa

| Protagonismo | Levantamento da Bayer e da Quiddity revela como mulheres vêm liderando mudanças no campo com inovação, sustentabilidade e novas formas de liderança
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Divulgação da pesquisa
Foto: Divulgação/Bayer Divulgação da pesquisa "produtoras rurais e a inovação no campo" realizada pela consultoria Quiddity em parceria com a Bayer

A mulher do agronegócio tem se consolidado como protagonista na transformação do setor, impulsionando práticas sustentáveis, inovação tecnológica e novas formas de liderança. É o que mostra uma pesquisa realizada pela consultoria Quiddity em parceria com a Bayer, apresentada na quinta-feira, 17, em São Paulo.

O estudo ouviu 90 produtores rurais, homens e mulheres em igual proporção, de diferentes regiões, tipos de atividades e tamanhos de propriedade.

De acordo com os dados, 93% dos entrevistados concordam que a mulher tem papel de influência cada vez mais relevante no setor, enquanto 96% reconhecem o esforço delas em buscar capacitação para conquistar espaço.

Ainda assim, 39% afirmam que a liderança feminina não é encarada com naturalidade, indicando que há espaço para ampliar e naturalizar essa presença.

A sócia-diretora da Quiddity, Rebeca Gharibian, que apresentou os resultados, avaliou o papel de transformação da mulher no agro.

“Aquelas que estão na vanguarda desse lugar de destaque são pessoas que tiveram que ter muita coragem para abrir os próprios espaços”, analisou em entrevista ao O POVO. Para ela, as redes de apoio e o compartilhamento de experiências fortalecem a presença feminina. “É na troca que a gente também aprende, vai ganhando confiança e experiência”, desenvolve Gharibian.

Durante a palestra, sócia-diretora da Quiddity ressaltou que 73% dos entrevistados concordam que homens e mulheres têm "olhares que se complementam" no agro. "Não é sobre divisão, é sobre como a gente constrói isso junto”, resumiu.

Busca por conhecimento

O levantamento também revelou que 82% das entrevistadas buscam cursos e capacitações na área para aprender ou se manter atualizada, enquanto 78% investem em capacitação com o objetivo de ganhar mais preparo no dia a dia.

Outro destaque deste tópico é que 73% delas procuraram essas formações para se posicionar com mais segurança nas conversas e decisões, e 62% para argumentar melhor e conseguir levar as próprias ideais adiante.

Sustentabilidade, inovação e novas tecnologias aparecem como os temas mais procurados por elas em cursos e capacitações, reflexo dessa uma busca por protagonismo.

Para Daniela Barros, diretora de Comunicação da divisão agrícola da Bayer, esse investimento na mulher é também uma forma de olhar para o futuro do setor. “A mulher do agro transforma o agro”, ressaltou durante a apresentação dos dados.

Liderança

Ao O POVO, Daniela complementou: “Quando a gente valoriza o trabalho da mulher no agro, nós estamos também valorizando essa transformação que precisa acontecer quando olhamos para sustentabilidade e inovação. É fundamental que a mulher esteja cada vez mais ocupando posições de liderança, e elas estão e estão querendo dar visibilidade a essa voz”.

A diretora do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, Marina Menin, também compartilhou sua trajetória como exemplo da mudança em curso, relembrando os desafios de ocupar esse lugar de destaque.

“Quando entrei na companhia há 11 anos, eu tinha pouca referência feminina em posição de liderança. Hoje, ver esse movimento acontecendo é inspirador”, exemplificou. A executiva chamou atenção para a falta de naturalidade na aceitação da liderança feminina e defendeu que o avanço depende de visibilidade e cooperação.

“Se a busca pelo conhecimento está acontecendo, a mulher está se preparando, o que falta é o fortalecimento próprio, de desbloquear essas possibilidades, de se ver em outros lugares”, avaliou em entrevista ao O POVO.

Para Marina, cada mulher que conquista um espaço tem o papel de puxar outras com ela. Como resumiu Daniela Barros, a mulher do agro é criativa, questionadora, propositiva e atenta aos detalhes.

"Essas características trazem também um cuidado que elas têm não só com a natureza, mas com questões ambientais. Olhar para isso é importante não apenas por uma questão de equidade de gênero, de inclusão, mas também de futuro, para o avanço e prosperidade do setor”.

Como foi feita a pesquisa?

A pesquisa “produtoras rurais e a inovação no campo” foi realizada entre junho e outubro deste ano e conduzida em duas etapas: uma fase qualitativa, com entrevistas em profundidade com mulheres à frente da gestão de propriedades rurais em diferentes regiões do País; e uma fase quantitativa, com aplicação de questionário a 90 produtores rurais, sendo metade homens, metade mulheres.

Embora os participantes não soubessem que o estudo havia sido encomendado pela Bayer, a empresa foi citada espontaneamente por 76% dos entrevistados como a que mais apoia mulheres no agro.

Reconhecimento esse que Daniela atribui a programas como o Conexão Mulheres e o Prêmio Mulheres do Agro. O primeiro, conforme relata, já impactou mais de 15 mil mulheres diretamente, com ações voltadas à capacitação técnica, liderança e mentoria.

“O programa promove eventos, workshops e treinamentos que ajudam nessa rede de apoio tão importante, onde elas se conectam, trocam ideias e histórias". Já o prêmio dá visibilidade ao reconhecer histórias femininas que transformam o setor, além de disseminar boas práticas agrícolas.

"Os cases que vão para a premiação são de pessoas que olham essas questões socioambientais. Essa também é uma forma da gente divulgar não só o trabalho da mulher do agro, mas o quanto o nosso setor é sustentável".

*A jornalista viajou a São Paulo a convite da Bayer

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Lucivanda Fernandes
Lucivanda Fernandes

Rosas da Ibiapaba, do Ceará, leva Prêmio Mulheres do Agro

A Serra da Ibiapaba floresceu diante do Brasil. Pela primeira vez, uma cearense venceu o Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Lucivanda Fernandes Siqueira é CEO da Fazenda Santo Expedito, em Ubajara, a 323 quilômetros de Fortaleza.

Ela conquistou o primeiro lugar na categoria Pequena Propriedade da 8ª edição da premiação, celebrada na última quarta-feira, 22, durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), em São Paulo.

"Ainda tem muita gente que não acredita que tem rosa no Ceará. O Ceará é lindo e a Ibiapaba, que é onde está a minha força, é fantástica. Ubajara é a cereja do Estado", considera a produtora rural que transformou o negócio da família em um ecossistema de inovação.

Lucivanda está à frente de uma fazenda que produz mais de 12 milhões de hastes de rosas de corte por ano, cultivadas com reuso de água da chuva e controle biológico de pragas. Ela também diversificou a produção com pitaia, turismo de experiência e a linha de produtos "Aromas da Fazenda", que usa resíduos florais para criar sabonetes e difusores.

"Minha entrada no agronegócio tem quase 10 anos. Eu casei com um floricultor e lá ele me deixou desenvolver, apoiou, e eu tive que estudar muito, conhecer na prática o que era a cultura da rosa", contou Lucivanda ao O POVO.

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