O Ceará contou com 39 projetos na etapa final da chamada feita pelo Nova Indústria Brasil (NIB). Os selecionados somam um total de R$ 26,4 bilhões em investimento. Ao todo, foram 189 propostas do Nordeste aceitas, o que resulta em R$ 113 bilhões em aportes.
Entre as empresas em operação no território cearense, parte delas tem atuação no Complexo do Pecém. O POVO conferiu a lista das contempladas, na qual estão Aeris Energy, Apodi, ArcelorMittal Pecém, Brisanet, Casa dos Ventos, Companhia de Gás do Ceará (Cegás), E-ESolar, Energo, Fênix Data Center (Aquiraz e Praia do Futuro), Fortescue, Grendene, Nossa Fruta, Qair Brasil, Total Energies, Unilink e Voltalia.
A lista foi apresentada durante a Assembleia Geral dos Governadores e Governadoras do Nordeste em Teresina (PI), na tarde desta segunda-feira, 1º. Na ocasião, estiveram reunidos os representantes do Consórcio Nordeste, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e das instituições financeiras que participam da chamada pública.
Previsto, inicialmente, em R$ 10 bilhões, o desembolso da chamada pública revelado hoje supera em mais de 11 vezes esta projeção inicial.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, ainda destacou que 73% das propostas foram feitas por micro e pequenas, e médias empresas nordestinas.
"A resposta do Nordeste à chamada da Nova Indústria Brasil é uma prova inquestionável do potencial de inovação e do empreendedorismo da região. Com esta chamada, estamos garantindo que o desenvolvimento sustentável e a neoindustrialização cheguem na ponta, alcançando os que estão mais perto das necessidades e das oportunidades locais", afirmou em nota.
Na análise dos dados, notou-se ainda que "32% foram projetos em consórcio com outras empresas e 77% envolveram a cooperação com instituições de ciência e tecnologia."
Os organizadores da chamada pública ainda afirmaram que as "empresas não aprovadas também serão procuradas para avaliação de oportunidades."
Com foco em inovação e desenvolvimento sustentável, a chamada pública da NIB estabeleceu cinco áreas estratégicas ao lançar o edital e alocaram os projetos da seguinte forma:
"O BNDES aumentou em 32% os recursos para a região e essa chamada é um marco para o Nordeste, vai significar um salto de desenvolvimento e de oportunidades", afirmou Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Juntamente com o BNDES, financiam a iniciativa o Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (Caixa) e o Banco do Nordeste (BNB). Além deles, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com apoio técnico da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), completam a lista de organizadores da chamada.
A formulação de um guia para investimentos a partir da elaboração de Planos de Suporte Conjunto (PSC) será a próxima etapa pela qual os projetos selecionados serão submetidos.
"O objetivo do PSC é servir como um guia, ajudando às empresas a recorrerem às linhas e instituições mais adequadas a cada proposta. Serão ofertadas as linhas mais benéficas dentre os instrumentos de crédito, não reembolsável e subvenção", dizem os organizadores.
Com calendário adiantado, eles dizem que a meta é terminar esta nova etapa ainda em dezembro de 2025. Ao término do PSC, as empresas devem submeter as propostas aos financiadores para "análise, aprovação e contratação".
"As propostas selecionadas seguirão o fluxo usual de tramitação de operações no âmbito das instituições financeiras que participam da Chamada, o que inclui análise técnica, financeira e jurídica dos projetos. As instituições parceiras oferecerão diferentes modalidades de apoio, como crédito, subvenção econômica não reembolsável e participação societária", acrescenta o comunicado de divulgação das propostas.
A chamada tem caráter inédito ao reunir, pela primeira vez, bancos públicos federais (Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste), Finep, Sudene e o Consórcio Nordeste em uma única ação articulada.
A integração permite que políticas de crédito, inovação e desenvolvimento territorial operem de forma coordenada — algo incomum até então. O movimento marca também a reativação do CORIFF, comitê responsável por integrar financiamentos federais no Nordeste e que volta a atuar após anos sem avanços concretos.
Durante o lançamento, o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, destacou que a região ainda carece de territorialização das políticas públicas, defendendo uma governança mais integrada entre estados, União e instituições financeiras.
Ele enfatizou que o novo modelo fortalece o protagonismo do Nordeste na formulação das próprias estratégias de desenvolvimento econômico.
O governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, afirmou que a iniciativa pode acelerar a competitividade regional, ao combinar crédito direcionado com planejamento público.
Segundo Rafael, quando há coordenação entre União, estados e bancos, o Nordeste demonstra “capacidade produtiva, tecnológica e inovadora muito maior do que a média nacional”, com efeitos diretos sobre geração de empregos e dinamização da economia local.
O edital também especifica a amplitude dos investimentos financiáveis, que incluem desde a compra de máquinas e equipamentos até modernização industrial, eficiência energética, inovação tecnológica, desenvolvimento de produtos, certificações, infraestrutura produtiva e capital de giro associado.
A lista reforça o foco da chamada em elevar produtividade e estimular a renovação das cadeias industriais da região. O percentual de MPMEs aptas ao enquadramento é de 74%, dado atualizado pelas instituições organizadoras.
O processo se integra ao Plano de Sustentação Competitiva (PSC), que prevê etapas como diagnóstico empresarial, identificação das necessidades de investimento e definição de instrumentos financeiros adequados.
O PSC tem como objetivo central impulsionar a competitividade das empresas nordestinas, com prazos e acompanhamento técnico previstos para orientar o acesso ao crédito.
A iniciativa está alinhada às diretrizes da Nova Indústria Brasil (NIB), que prioriza inovação, reindustrialização e sustentabilidade como eixos de transformação econômica. A chamada é considerada pelos órgãos participantes como um passo concreto na implementação dessas estratégias no Nordeste.
Mesmo as empresas que não forem selecionadas nesta etapa serão contatadas individualmente pelas equipes técnicas. A intenção é garantir que todos os empreendimentos interessados recebam orientação e sejam encaminhados para alternativas de financiamento, evitando que potenciais projetos produtivos fiquem sem atendimento. (Colaborou Mariah Salvatore).