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Nova Indústria Brasil: após um ano, a construção da neoindustrialização no Ceará
Reportagem Especial

Nova Indústria Brasil: após um ano, a construção da neoindustrialização no Ceará

Programa federal gera expansão de investimentos para o setor industrial. BNB já aplicou mais de R$ 3,85 bilhões em projetos de energia, agro e infraestrutura no Estado. Em todo o País, recursos para o programa saltaram para R$ 506,7 bilhões previstos até 2026 e para R$ 3,4 trilhões até 2033

Nova Indústria Brasil: após um ano, a construção da neoindustrialização no Ceará

Programa federal gera expansão de investimentos para o setor industrial. BNB já aplicou mais de R$ 3,85 bilhões em projetos de energia, agro e infraestrutura no Estado. Em todo o País, recursos para o programa saltaram para R$ 506,7 bilhões previstos até 2026 e para R$ 3,4 trilhões até 2033
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País de industrialização tardia em relação às metrópoles europeias, o Brasil se reinventa após o setor industrial perder espaço na economia.

Em 1985, a indústria de transformação representava 36% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e chegou a 2021 com apenas 11%. Entre 2013 e 2019, o País perdeu quase 30 mil fábricas e 1,4 milhão de empregos. Mas o setor mostra melhora, já que em 2023 subiu a representação para 25,5%.

Nesta retomada, o investimento para domínio de áreas como a de radares, satélites, foguetes, infraestrutura, agronegócio, saúde e energias renováveis é o que se desenha para o que é chamado de neoindustrialização.

Somente por meio do Banco do Nordeste (BNB), em cerca de um ano, o Ceará recebeu mais de R$ 3,85 bilhões e a perspectiva é que o Nordeste seja uma das lideranças nacionais dessa nova indústria.

Nova Indústria Brasil prevê investimento em infraestrutura e, no Ceará, uma das empresas que tomou crédito foi a Ambiental Ceará, para obras de saneamento(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Nova Indústria Brasil prevê investimento em infraestrutura e, no Ceará, uma das empresas que tomou crédito foi a Ambiental Ceará, para obras de saneamento

O papel do programa Nova Indústria Brasil (NIB) se sobressai. Após um ano de atuação, a expansão de investimentos já gera frutos com o avanço do PIB do setor.

Em relação aos aportes previstos, tanto União quanto o setor privado têm se mobilizado. Em todo País, os recursos para a NIB saltaram de R$ 300 bilhões para R$ 506,7 bilhões previstos até 2026, consolidando-se como pilar da política industrial sustentável.

Ao todo, a NIB tem previstos R$ 3,4 trilhões em investimentos públicos e privados até 2033, nos segmentos da agroindústria, automotivo, bioeconomia e energia renovável, construção, indústria da saúde, papel e celulose, siderurgia e defesa, aero e nuclear.

Os eixos de atuação do Nova Indústria Brasil (NIB)

O setor de infraestrutura é um dos contemplados neste plano. No Estado, a Ambiental Ceará, subsidiária da Aegea e parceira da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) no objetivo de levar saneamento básico a 90% da população até 2033, foi uma das empresas que tomaram a maior quantidade de recursos junto ao BNB.

Foram R$ 1,3 bilhão garantidos para obras em 24 cidades onde a empresa atua, nas regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri.

Uma das comunidades beneficiadas é a de Alto Alegre I, em Maracanaú (Região Metropolitana de Fortaleza). Considerada área de risco por órgãos de segurança pública, há décadas sofria com enchentes nos períodos de chuva e pela falta de saneamento e, a partir das obras, será beneficiada com esgotamento sanitário.

Obras da Ambiental Ceará em Maracanaú (cidade da Região Metropolitana de Fortaleza)(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Obras da Ambiental Ceará em Maracanaú (cidade da Região Metropolitana de Fortaleza)

O CEO da Ambiental Ceará, André Facó, destaca que o setor de saneamento é um dos que mais mobilizam outros segmentos da indústria de construção. Por contrato, o aporte até 2040 deve ser de R$ 19 bilhões, quando prevê que 95% dos cearenses tenham esgoto tratado.

"O saneamento tem uma transversalidade enorme. Primeiro, gerando empregos de forma direta, nas obras e operações subsequentes, mas também em diversas indústrias que fornecem materiais e equipamentos necessários. Há uma cadeia de suprimentos bastante extensa", afirma.

O executivo destaca o papel positivo da oferta de linhas de financiamento com condições diferenciadas e o efeito em toda a cadeia econômica e social.

"Além de viabilizar as obras, essas linhas de crédito movimentam toda uma cadeia de outras indústrias. E o investimento em infraestrutura e saneamento não apenas gera empregos diretos e indiretos, mas também impacta a saúde e a educação."

Imagem da chuva em Fortaleza. Menino enfrenta as águas em rua alagada vestindo apenas um shorts de fardamento escolar(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Imagem da chuva em Fortaleza. Menino enfrenta as águas em rua alagada vestindo apenas um shorts de fardamento escolar

Os efeitos do avanço no aporte de recursos na produção já são sentidos na economia. Segundo o Boletim Macro Regional do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a indústria cearense foi a segunda que mais cresceu em 2024, atrás do Amazonas, com alta de 8,3%.

Esse avanço é mais de três vezes superior à média Nordeste (2,3%) e acima da brasileira, de 3,1%.

Nacionalmente, a produção avançou graças aos segmentos automotivo e de linha branca, com aumento de 23,8% na operação de eletrodomésticos, como fogões e geladeiras.

Lançamento da Nova Indústria Brasil gerou promessa de investimentos de R$ 300 bilhões até 2026. Em 2025, esse montante foi atualizado para R$ 500 bilhões.(Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR Lançamento da Nova Indústria Brasil gerou promessa de investimentos de R$ 300 bilhões até 2026. Em 2025, esse montante foi atualizado para R$ 500 bilhões.

Ainda pensando no Nordeste, a avaliação é que o potencial com energias renováveis deve ser um diferencial, a partir do foco na atualização do parque industrial, na inovação e tecnologia, na mobilidade verde (mobilidade e logística sustentável de baixo carbono) e na exportação.

A Missão 5 da NIB foca em atração de investimentos para as cadeias produtivas de novas fontes de energia, como o hidrogênio de baixo carbono. Somente em projetos já confirmados, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) calcula R$ 380,1 bilhões em investimentos nos próximos anos e ressalta que o Nordeste tem grande potencial de desenvolvimento neste setor.

"A NIB tem uma preocupação central que não seja uma transição por transição, mas uma transição com o desenvolvimento das cadeias produtivas no Brasil", disse em nota a pasta chefiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

 

 

CNI: Avanço da indústria é notável, mas existem desafios

A avaliação do setor industrial sobre o impacto do programa NIB é positiva. Baseados nos dados de crescimento de 2024, que marcam o terceiro ano seguido de PIB com alta de pelo menos 3%, os efeitos do programa devem consolidar esse avanço.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, destaca que, além do ano de 2024 ter o melhor resultado de PIB da sequência, alta de 3,5%, sua composição é fruto de expressiva aceleração das atividades relacionadas ao ciclo econômico interno, como a indústria de transformação e o investimento.

Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que 20 dos 25 setores cresceram em 2024, num resultado geral que ficou acima das expectativas do fim de 2023.

Diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi(Foto: CNI/Divulgação)
Foto: CNI/Divulgação Diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi

"Essa alta da indústria, mais intensa e disseminada, é fator especialmente positivo da composição do PIB em 2024, pois o setor produz forte encadeamento positivo na cadeia produtiva, além de pagar salários mais elevados e realizar mais investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento", diz.

Neste sentido, a CNI projeta alta de 7,3% do investimento, ritmo bem acima da expectativa para o crescimento do PIB. Esse desempenho irá aumentar a taxa de investimento (a razão entre o investimento e o PIB) de 16,4% para 17,3%.

Na avaliação de Rafael, isso cria as bases produtivas que possibilitam manter um ritmo de crescimento econômico mais acelerado nos próximos anos.

No entanto, existem desafios importantes. O principal no momento é a taxa de juros, que penaliza pesadamente os investimentos, indo em direção contrária aos objetivos da NIB.

"O Banco Central persiste em uma única ferramenta de política monetária - a elevação dos juros -, no enfrentamento de expectativas de inflação e não considera os efeitos dos juros e a taxa de câmbio na própria inflação", acrescenta.

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília(Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

Ainda assim, o diretor da CNI avalia positivamente uma política industrial brasileira transversal com destaque a três áreas estratégicas.

As cadeias agroindustriais, saúde e defesa e soberania nacionais casam estrategicamente com o foco transversal. Outros segmentos enfatizados e beneficiados são a bioeconomia e a descarbonização, a transformação digital e a infraestrutura.

Ele frisa que a elaboração de políticas específicas em setores estratégicos para o desenvolvimento produtivo e tecnológico promove maior resiliência das cadeias produtivas e permite a adaptação a tendências emergentes, como a transição para uma economia de baixo carbono, que representa enorme janela de oportunidade para o Brasil.

A junção das diversas fontes de recursos - da NIB, do Plano de Transformação Ecológica (PTE) e do próprio Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - unida às aplicações de empresas devem gerar investimento de R$ 2,3 trilhões a serem executados nos próximos cinco anos.

"Portanto, sim, devemos esperar expansão de segmentos estratégicos e emergentes, como já estamos assistindo, com aceleração do crescimento da indústria de transformação, e melhor desempenho de atividades mais sofisticadas e complexas", analisa.

As fases da industrialização brasileira



A desindustrialização “precoce” do Brasil e o papel do Ceará na nova indústria

A reflexão em torno do processo de desindustrialização da economia brasileira, observada mais fortemente na década passada, é considerada exótico e diferente do que já tinha sido notado em outros países.

Na avaliação de Lauro Chaves Neto, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e PhD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, a desindustrialização brasileira foi precoce ocorrendo antes mesmo de atingir seu auge.

"Normalmente, países só se desindustrializam quando atingem um nível superior de desenvolvimento, transferindo parte da produção para polos de menor custo e se especializando em tecnologia".

Brasil define caminhos para neoindustrialização(Foto: )
Foto: Brasil define caminhos para neoindustrialização

Ainda segundo Lauro, a partir desse cenário, o Brasil passou a enfrentar uma perda de dinamismo da economia e, além disso, muitos setores industriais brasileiros não estão inseridos nas cadeias globais de valor, o que perpetua nossa baixa produtividade.

"Recuperar a industrialização é essencial para retomar o dinamismo econômico. Porém, não podemos trabalhar com uma visão dos anos 1950 ou 1960, baseada em substituição de importações. A neoindustrialização foca em identificar onde o Brasil pode se inserir nas cadeias globais de valor de forma competitiva", avalia.

Neste ponto, cadeias econômicas estratégias se sobressaem. Biotecnologia, energias renováveis, economia da saúde e economia do mar são alguns exemplos tirados a partir de vantagens competitivas do Brasil em relação a outros países.

Para Lauro, um olhar diferenciado em relação aos incentivos é necessário, pois avalia que não é possível financiar e incentivar todos os setores e que atualmente o nível de oferta de subsídios no Sul e Sudeste é "muito elevado".

Mesmo assim, é preciso evoluir no volume de investimentos, que atualmente está estagnado em menos de 17% do PIB, sendo que o necessário seria evoluir para algo próximo de 25% do PIB.

A partir desse ponto, avalia que a parceria entre governos, universidades e a iniciativa privada é fundamental para desenvolvimento da indústria e da pesquisa para aumento de produtividade. Lauro avalia que o Ceará é um exemplo desse diálogo, a partir do trabalho do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante.

Porto do Pecém tem atraído os projetos de hidrogênio verde no Ceará(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Porto do Pecém tem atraído os projetos de hidrogênio verde no Ceará

Localmente, o entendimento é de que áreas como energias renováveis, agricultura irrigada, economia do mar e economia da saúde estão avançando.

Assim como as perspectivas positivas em torno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, criando uma infraestrutura exportadora importante, que irá contar com o hub de hidrogênio verde. "Fortalecerá nossa posição internacional e pode atrair investimentos significativos".

Além disso, destaca Lauro, a transformação digital e tecnológica está sendo aplicada à indústria tradicional do Ceará, como construção civil, mineração, moda - o que inclui as cadeias têxtil, vestuário, calçados e couro.

 

 

O processo de neoindustrialização da economia será liderado pelo Nordeste

Dos seis eixos de atuação da Nova Indústria Brasil (NIB), o Banco do Nordeste (BNB) atua com a concessão de crédito por meio de três. Em toda área de atuação já foram aplicados quase R$ 24 bilhões.

A partir desse volume, o diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire, avalia que o Nordeste deve liderar o desenvolvimento industrial nas vertentes relacionadas às energias renováveis.

A principal linha de crédito para as aplicações ligadas à NIB é o Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE). A maior parte dos recursos já liberados vai para as indústrias ligadas à Missão 5 da NIB.

O papel do Banco do Nordeste no Nova Indústria Brasil

São projetos ligados à bioeconomia, à descarbonização e à transição e segurança energéticas. Foram mais de R$ 11,9 bilhões aplicados em pouco mais de um ano.

Em seguida vêm os projetos ligados à Missão 3, de infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis. Aqui, são R$ 10,1 bilhões em recursos. Ainda há aplicações ligadas à Missão 1, para cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para segurança alimentar, nutricional e energética, com aporte de R$ 1,57 bilhão.

"Estamos bastante alinhados com a ideia de ter um plano que retome o papel da indústria na economia do País. O Brasil sofreu um processo significativo de desindustrialização. No Nordeste, esse movimento gera uma oportunidade histórica", avalia.

Segundo o executivo do BNB, existem áreas com grande potencial competitivo, por isso a instituição está progressivamente reservando mais recursos para o setor. Em 2025, em torno de 12% do FNE, cerca de R$ 5 bilhões, terão essa finalidade - o maior volume da história do banco.

Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB(Foto: divulgação)
Foto: divulgação Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB

Entre os estados com maior potencial competitivo, ele destaca o Ceará com ativos importantes como o Porto do Pecém ligado à Zona de Processamento de Exportações (ZPE), além da chegada da ferrovia Transnordestina, melhorando a infraestrutura para receber novos investimentos privados.

A agroindústria é outro setor que deve ter grande influência na Região, especialmente em polos como o Oeste da Bahia, Sul do Piauí e Maranhão, com alto potencial no processamento de grãos, além da produção de etanol de milho e biocombustíveis.

Outro segmento apontado é a indústria automobilística elétrica, com projetos da Stellantis, em Pernambuco, da BYD, na Bahia, e um polo automobilístico multimarcas, no Ceará.

Em energia, Freire destaca a geração e o armazenamento de energia, com exemplo de marcas em expansão, como Baterias Moura, no que pode evoluir com as células para veículos elétricos. Mas o principal deve ser mesmo a produção de hidrogênio e biometanol.

"Acreditamos que o Nordeste será uma das locomotivas do crescimento brasileiro nos próximos anos, crescendo mais rápido que a média nacional. O setor industrial terá papel importante neste processo. Vivemos um momento propício para a economia nordestina, com aumento de emprego e renda e estamos captando mais recursos para complementar o FNE, que é insuficiente para atender tamanha demanda de projetos", aponta.

 

 

Oferta de crédito por meio de bancos de fomento superou previsão inicial do Governo Federal, diz ABDE

Após um ano de implementação do programa NIB, o volume de recursos a serem implementados até 2026 saltou quase 70%. Inicialmente, a soma era de R$ 300 bilhões e agora o montante chega a R$ 506,7 bilhões.

Nesse recorte, obtido a partir de levantamento da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), representante do Sistema Nacional de Fomento, é notável a entrada de novos parceiros na operacionalização do programa. Destaque para as instituições de fomento.

O quanto as instituições de fomento já aplicaram na Nova Indústria Brasil

Inicialmente, o montante de recursos seria gerido apenas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Agora, outras instituições importantes aderiram à NIB e contribuem com alto volume de aplicações de recursos.

São exemplos desse movimento Banco do Brasil (R$ 101,0 bilhões), Caixa Econômica Federal (R$ 63,0 bilhões), Banco do Nordeste (R$ 23,6 bilhões) e Banco da Amazônia (R$ 14,4 bilhões), além do aumento da participação da Finep, que passou a gerir R$ 51,6 bilhões.

Atualmente, mais de 500 linhas de crédito geridas por instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs) estão alinhadas às diretrizes da NIB.

A ABDE estima, ainda, que as instituições financeiras subnacionais (agências de fomento e bancos de desenvolvimento) podem contribuir com a NIB com cerca de, pelo menos, R$ 1 bilhão proveniente de recursos próprios, distribuídos em áreas estratégicas como cadeias agroindustriais sustentáveis, infraestrutura urbana, transformação digital e bioeconomia.

Celso Pansera, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e da Finep, entende que o fortalecimento da cadeia industrial deve proporcionar a agregação de valor, especialmente em áreas essenciais.

Ainda segundo Pansera, o mercado global enfrenta desafios, como bloqueios comerciais e guerras, sendo necessário encontrar soluções.

"O Brasil sempre foi forte no mercado de commodities "produtos básicos globais não industrializados, ou seja, matérias-primas" , mas precisamos agregar valor à nossa produção para nos tornarmos mais competitivos. A ideia é fazer com que a economia brasileira se torne mais independente em áreas essenciais, como saúde, energia e defesa, e transformar nossa produção agrícola em produtos industrializados", frisa.

Celso Pansera, presidente da Finep e da ABDE(Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará)
Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará Celso Pansera, presidente da Finep e da ABDE

Principal financiador da NIB, o BNDES aprovou R$ 171 bilhões em recursos para 133,5 mil projetos via programa Mais Produção, até o fim de novembro de 2024.

Desse total, 73,4% (R$ 125,5 bilhões) foram direcionados a iniciativas de aumento da produtividade, enquanto 17,5% (R$ 29,9 bilhões) foram para o setor de exportações. Os desembolsos para inovação e BNDES verde representaram 6,7% (R$ 11,4 bilhões) e 2,4% (R$ 4,1 bilhões), respectivamente.

As liberações de recursos do BNDES para o Nordeste dentre o todo foi de R$ 13,2 bilhões em 11,4 mil projetos produtivos da indústria. Mais de 11,2 mil foram ações de aumento de produtividade, com mais de R$ 12,7 bilhões. Mas há outros R$ 130,5 milhões em 154 projetos de inovação.

Já a Caixa Econômica Federal prevê direcionar R$ 63 bilhões para projetos via NIB.

O presidente da Finep insiste que a relevância do eixo de produtividade da NIB tem atraído muitos projetos empresariais pelo foco em melhorar a qualidade e a dinâmica da operação.

"Saltamos 40 posições no ranking mundial de economias mais industrializadas em apenas dois anos. O desemprego caiu e a indústria cresceu 3,13%. Nosso plano é que esse crescimento se consolide até 2033", pontua.

Sobre o Nordeste, entende que deve liderar esse processo de neoindustrialização com projetos promissores em energia, inteligência artificial e motores.

"Com a proximidade geográfica com a Europa, a Região tem grande potencial para exportação de produtos de descarbonização, como a amônia verde".

"Oie :) Aqui é Samuel Pimentel, repórter de Economia do O POVO e apresentador do programa de educação financeira Dei Valor. Qualquer comentário ou sugestão é só falar comigo. Quer curtir mais conteúdos? Vem navegar no OP+"

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