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Ceará terá novo linhão operando em 2028 e mira outro leilão para março
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Economia

Ceará terá novo linhão operando em 2028 e mira outro leilão para março

Com antecipação, novo linhão operará entre 12 e 18 meses antes do prazo, e governo mira leilões estratégicos em março de 2026
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ENTRE os projetos que serão beneficiados com a obra está o data center do TikTok no Ceará, uma parceria com as empresas Casa dos Ventos e Omnia (Foto: carlos Gibaja/Governo do Ceará)
Foto: carlos Gibaja/Governo do Ceará ENTRE os projetos que serão beneficiados com a obra está o data center do TikTok no Ceará, uma parceria com as empresas Casa dos Ventos e Omnia

O Ceará está prestes a superar um de seus principais gargalos para o desenvolvimento econômico: a capacidade insuficiente de transmissão de energia. Em um movimento que garante segurança energética para projetos bilionários, como usinas de hidrogênio verde e grandes data centers, o Estado viu um investimento maciço em linhas de transmissão ser anunciado, com a operadora Axia Energia (ex-Eletrobras) se comprometendo a antecipar o cronograma de entrega.

O investimento total da Axia é de R$ 3,6 bilhões. O projeto visa a construção de quase 1.500 quilômetros de novas linhas de transmissão, uma dimensão comparável à distância de ida e volta entre Fortaleza e Juazeiro do Norte. A iniciativa atravessará 23 municípios do estado do Ceará e promete gerar mais de 2.000 empregos nos próximos dois anos, com a maior parte da mão de obra sendo local.

As informações foram dadas ontem durante coletiva de imprensa no Palácio da Abolição, sede do governo cearense, pelo governador Elmano de Freitas (PT) e pelo vice-presidente executivo de Engenharia e Projetos de Transmissão da Axia Energia, Robson Campos. Na ocasião, foi anunciado o início das obras dos Lotes 03 e 05 da linha de transmissão do Leilão 01/2024 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Antecipação de 18 meses garante cronograma

Segundo Elmano de Freitas, a rapidez na execução é um fator crucial para a coordenação dos cronogramas de grandes indústrias que se instalarão no Ceará. A obra de transmissão está prevista para começar em janeiro de 2026, e a Axia projeta uma antecipação de 12 a 18 meses em relação ao prazo final estipulado pela Aneel, que é o final de 2029.

Elmano de Freitas afirma que essa aceleração é vital para o desenvolvimento econômico, pois permite que projetos que iniciarão a produção em 2029, 2030 ou 2031 tenham a garantia de fornecimento de energia. O investimento, pontua, é resultado de uma decisão política do governo federal de retomar os leilões para reforço e construção de novas linhas de transmissão, após um hiato de seis anos no Brasil.

“Teremos a construção de milhares de quilômetros de reforço nas linhas de transmissão no Ceará, o que permitirá ampliar a capacidade de envio de energia no nosso estado”, explica Elmano. “É o primeiro passo para garantir o fornecimento de energia de boa qualidade para as empresas que vierem se instalar no Ceará”, completa.

De acordo com o vice-presidente da Axia Energia, Robson Campos, esse também é um investimento estratégico para a empresa. “Chegamos agora, com esse investimento, para tornar a transmissão de energia do Ceará mais robusta, mais confiável e de melhor qualidade”, afirma.

Segundo a Axia Energia, a ação deve gerar cerca de 2.400 empregos diretos nas regiões cearenses, sendo aproximadamente 1.500 vagas no Lote 03 e cerca de 900 no Lote 05. “A geração de empregos também não é um número pouco importante. São mais de 2 mil oportunidades nos próximos anos, já que a obra vai se estender por 2026, 2027 e, eventualmente, 2028. Serão vários anos com forte demanda por mão de obra”, destaca Robson.

Segurança para investimentos bilionários

O governador Elmano de Freitas diz que o principal objetivo do reforço da transmissão é viabilizar o crescente polo de energia renovável e a nova economia de alto consumo do Ceará. Historicamente, o Nordeste brasileiro sempre foi consumidor de energia, mas se transformou em uma região com excedente de produção (junto com Piauí e Rio Grande do Norte), embora carecendo de infraestrutura para escoar esse volume. A construção civil de linhas de transmissão concentrou-se historicamente no Sudeste, onde o parque industrial brasileiro estava sediado.

Entre os projetos que serão beneficiados com a obra está o data center do TikTok no Ceará, uma parceria com as empresas Casa dos Ventos e Omnia. O empreendimento contará com mais de R$ 200 bilhões em investimento privado, representando o maior aporte já destinado a um projeto do tipo no Brasil e o primeiro da plataforma na América Latina.

A chegada de data centers e a possibilidade do hidrogênio verde (H2V) mudam radicalmente essa dinâmica. O Ceará, que produz cerca de 1,5 GW de energia, precisa garantir que 1 GW chegue, por exemplo, apenas para o data center do TikTok que será instalado no Porto do Pecém.

“Investidores de projetos de data center de R$ 8 bilhões e usinas de H2V de R$ 5 bilhões não confirmariam seus investimentos sem a segurança de que a energia necessária será transmitida e estará pronta na data de operação (seja 2028, 2029 ou 2031)”, comenta Elmano.

O reforço no sistema é, portanto, segundo o governador, decisivo para garantir a investidores que o fornecimento de energia será seguro. Além disso, acrescenta Elmano, o reforço da rede é essencial para a interiorização de projetos de data centers menores, que dependem de segurança e transmissão estáveis 24 horas por dia, 7 dias por semana.

“Aqui representa superar um gargalo no Ceará relacionado às linhas de transmissão; gerar emprego e oportunidade para o nosso povo; e viabilizar projetos como o de hidrogênio verde, data centers e empresas que estão se instalando ou que ainda vão se instalar no Ceará”, detalha o governador Elmano de Freitas.

Olhando para março de 2026 e a estratégia de baterias

Segundo Elmano de Freitas, com a infraestrutura atual em curso, o Ceará já mira os próximos passos para consolidar sua rede energética. Ele informa que o Governo do Estado solicitou formalmente ao Ministério de Minas e Energia a realização de mais leilões para Março de 2026.

Ele pontua que a estratégia central do estado agora é buscar soluções para a capacidade de armazenamento (baterias). O Ceará, com uma abundância de energia eólica e solar, possui um excesso de geração renovável concentrado entre 10 e 14 horas. Para que essa energia não seja desperdiçada (fenômeno conhecido como curtailment ou corte de geração), é necessário estruturar a capacidade de guardar o excedente.

O armazenamento permite que a energia renovável produzida durante o pico solar possa ser usada em horários de maior consumo, onde a produção eólica e solar é menor. Esta é uma solicitação estratégica prioritária.

A Axia, responsável pelo atual investimento, já confirmou que estudará ativamente e participará de todos os leilões de transmissão e geração renovável que serão promovidos.

“É fundamental compreender que nosso sistema é interligado. Quando se reforça uma linha de transmissão, todo o sistema é beneficiado com maior capacidade de transporte de energia. Isso é decisivo para garantirmos, a quem deseja investir no Ceará, um fornecimento seguro e de qualidade”, afirma o governador.

Atualmente, dez projetos empresariais estão autorizados para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Somados, esses investimentos podem chegar a R$ 571 bilhões, o maior volume já autorizado para uma única ZPE desde a criação do modelo no país. A expectativa, segundo o governo cearense, é de gerar mais de 30 mil empregos diretos.

Cronograma

O cronograma federal inclui a previsão de leilões de reserva de capacidade em março de 2026, leilões de armazenamento (baterias) no primeiro semestre, e outro leilão de transmissão em outubro. Este engajamento, segundo o governo cearense, reforça o compromisso de estruturar o sistema cearense para dar conta da alta demanda e do desenvolvimento econômico projetado.

Atualmente, dez projetos empresariais estão autorizados para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Somados, esses investimentos podem chegar a R$ 571 bilhões, o maior volume já autorizado para uma única ZPE desde a criação do modelo no país. A expectativa é de gerar mais de 30 mil empregos diretos.

Lotes

O Lote 03, localizado integralmente no Ceará, representa um avanço decisivo para reforçar o sistema elétrico do Estado e ampliar a capacidade de integração da geração renovável, incluindo novos projetos eólicos e solares.

Serão 304 km de linhas de transmissão em 500 kV — destinadas a transportar energia por longas distâncias, conectando grandes centros de carga — e em 230 kV, voltadas à distribuição em áreas urbanas e regiões de alta demanda. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 1 bilhão.

Lote 3:

LT 500 kV Morada Nova – Pacatuba
LT 230 kV Alex (Tabuleiro do Norte) – Morada Nova
LT 230 kV Banabuiú – Morada Nova
LT 230 kV Morada Nova – Russas II Seccionamentos em LTs existentes
SE 500 kV em Morada Nova

Ampliação da SE 500 kV Pacatuba existente

Já o Lote 05 formará um megacinturão de transmissão que atravessará os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e trechos do Piauí. O corredor estratégico, em 500 kV, será vital para fortalecer o Sistema Interligado Nacional (SIN), viabilizar novas usinas e reduzir riscos sistêmicos. Serão 1.116 quilômetros de linhas de transmissão, com investimento total de R$ 2,6 bilhões.

Lote 5:

LT 230 kV Chapada III (Caldeirão Grande do Piauí) – Crato II
LT 230 kV Abaiara – Milagres
LT 230 kV Araticum (Mauriti) – Milagres
LT 230 kV Crato II – Abaiara
LT 230 kV Milagres – Crato II

De acordo com o cronograma regulatório definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conclusão das obras está prevista para junho de 2029, no caso do Lote 03, e até dezembro de 2029, para o Lote 05.

Mais notícias de Economia

Ceará busca prorrogar ajuda contra o "tarifaço" para garantir competitividade de exportadores

Segundo o governador Elmano de Freitas (P), o governo do Ceará está empenhado em estender o suporte ao setor industrial afetado pelo aumento de tarifas impostas pelos EUA, conhecido como "tarifaço".

Em reconhecimento aos desafios persistentes para manter a competitividade, o governador disse que vai buscar aprovação na Assembleia Legislativa (Alece) para ampliar o prazo da lei. O objetivo, segundo ele, é garantir que o Estado possa continuar colaborando com as empresas cearenses.

Elmano destaca que o governo do Estado já prestou assistência significativa, ajudando empresas com mais de R$ 6 milhões para que pudessem atravessar as dificuldades iniciais do tarifaço.

Embora a maioria dos problemas tenha sido resolvida para produtos como água de coco e castanha, Elmano explica que a dificuldade ainda não foi superada em sua totalidade para setores cruciais. A persistência da crise é sentida, especificamente, pontua, nas áreas de siderurgia e pescado.

A continuidade da colaboração é vista como essencial para que as empresas cearenses mantenham seus negócios e preservem o acesso a mercados de boa qualidade, como o mercado de consumo de pescado, que se destaca por oferecer o melhor preço. Este suporte direto ao setor industrial é vital para sustentar o padrão de crescimento do Ceará, segundo o governador.

Segundo Elmano, o diálogo contínuo com o setor industrial, representado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), também é essencial para manter o padrão de crescimento do Ceará, que tem sido praticamente o dobro da média nacional.

Axia pretende disputar novos leilões de 2026

Segundo Elmano de Freitas, com a infraestrutura atual em curso, o Ceará já mira os próximos passos para consolidar sua rede energética. Ele informa que o Governo do Estado solicitou formalmente ao Ministério de Minas e Energia a realização de mais leilões para março de 2026.

Ele pontua que a estratégia central agora é buscar soluções para a capacidade de armazenamento (baterias). O Ceará, com uma abundância de energia eólica e solar, possui um excesso de geração renovável concentrado entre 10 e 14 horas.

Para que essa energia não seja desperdiçada (fenômeno conhecido como curtailment ou corte de geração), é necessário estruturar a capacidade de guardar o excedente.

O armazenamento permite que a energia renovável produzida durante o pico solar possa ser usada em horários de maior consumo, onde a produção eólica e solar é menor.

A Axia, responsável pelo atual investimento, já confirmou que estudará ativamente e participará de todos os leilões de transmissão e geração renovável que serão promovidos.

O cronograma federal inclui a previsão de leilões de reserva de capacidade em março de 2026, leilões de armazenamento (baterias) no primeiro semestre, e outro leilão de transmissão em outubro.

Este engajamento, segundo o governo cearense, reforça o compromisso de estruturar o sistema cearense para dar conta da alta demanda e do desenvolvimento econômico projetado.

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