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Há 25 anos, Ceará era vice-campeão da Copa do Brasil em decisão cheia de polêmicas
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Há 25 anos, Ceará era vice-campeão da Copa do Brasil em decisão cheia de polêmicas

No dia 10 de agosto de 1994, Alvinegro perdia a final do torneio para o Grêmio, em jogo marcado por pênalti não assinalado
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Lance do fatídico Grêmio x Ceará, pelas finais da Copa do Brasil (Foto: Guaracy Andrade/ AP / O POVO.doc)
Foto: Guaracy Andrade/ AP / O POVO.doc Lance do fatídico Grêmio x Ceará, pelas finais da Copa do Brasil

Futebol é esporte de memórias, sejam felizes ou triste. Há 25 anos, no dia 10 de agosto de 1994, o Ceará perdia por 1 a 0 para o Grêmio na volta da final Copa do Brasil daquele ano, no estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS). Como a ida havia sido empate em 0 a 0 no Castelão, o Alvinegro saía, portanto, com o vice-campeonato do torneio.

Mas o gosto amargo para o torcedor do Vovô permanece até os hoje, já que o time poderia ter sido campeão, caso um pênalti sobre Sérgio Alves fosse marcado e posteriormente convertido. Por reclamação, o atacante alvinegro acabou expulso, junto ao defensor Vitor Hugo, dando motivos para a arbitragem de Oscar Roberto Godói ser questionada desde então.

"Se ele não marcou foi porque não quis. No meu ponto de vista foi pênalti, não restam dúvidas", declara Sérgio Alves ao O POVO, revelando ainda um encontro com Godói oito anos depois. "Encontrei ele em 2002, quando estava (jogando) no Guarani-SP. Fui convidado para um programa que ele fazia e ele continuava falando que não foi pênalti. Se tivesse ao menos falado 'eu acho que não foi, mas pode ter sido', tudo bem. Mas nem isso. Ele garante que não foi", fala o ex-atacante e ídolo do Ceará.

O POVO tentou entrou em contato com Godói para ouvir a versão do ex-árbitro, mas o paulista se recusou a falar sobre o assunto, mesmo passados 25 anos. Os auxiliares daquele dia, Mauro Garcia Detófoli e Edmundo Lima Filho, ambos de São Paulo, também foram procurados.

Sobre o assunto, quem falou foi ex-árbitro e atual presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Cearense de Futebol (FCF), Paulo Silvio, que garantiu ter sido pênalti. Ele ainda explicou motivos para Godói não ter assinalado a penalidade máxima.

Lance do fatídico Grêmio x Ceará, pelas finais da Copa do Brasil
Lance do fatídico Grêmio x Ceará, pelas finais da Copa do Brasil

"Eu e o Brasil achamos (que foi pênalti), inclusive os torcedores do Grêmio. Foi um lance muito rápido e na hora o Sérgio Alves é parado de forma faltosa. Godói estava muito longe e por isso acabou não tendo convicção para marcar o pênalti. Teve a deficiência técnica, por não ter visto o lance direito, e a física, por não conseguir acompanhar. Não acho que foi por desonestidade, e sim por deficiência mesmo", declara Paulo.

Coordenador de Esportes da rádio O POVO CBN, Sérgio Ponte estava no Estádio Olímpico naquele dia. Ele exalta a persistência do Ceará frente ao Grêmio, além de lembrar que, por conta de barulhos nos arredores do hotel onde estava hospedado a delegação alvinegra, os atletas tiveram dificuldades para dormir. Testemunha ocular da partida, o jornalista demostra insatisfação com o resultado.

"(Pênalti) Verdadeiro absurdo. Jogo foi numa quarta-feira à tarde. Ceará não conseguiu dormir, estávamos no mesmo hotel. Uma algazarra, bagunça. Mas o Ceará entrou em campo num estádio Olímpico lotado. Lutou, lutou e lutou, e no final aquele pênalti absurdo não dado pelo Godói. Foi o maior escândalo já acontecido em jogos da Copa do Brasil. Ele ficou conhecido como o árbitro que garfou o Ceará. Uma tarde para a gente esquecer", relata Sérgio Ponte, que cobriu o jogo pela extinta TV Manchete.

Com pênalti ou sem pênalti, o Ceará jogou de igual para igual com o Grêmio. Naquele jogo, o Alvinegro tinha como objetivo não sofrer gol nos primeiros 15 minutos, e, depois, sair em contra-ataques para matar o confronto. Isso porque os donos da casa iriam com tudo nos minutos iniciais. E isso não só foi confirmado como se provou estratégia certeira para os anfitriões. Logo aos três minutos de jogo, o atacante Nildo abriu o placar em cabeçada, após se antecipar à defesa numa cobrança de escanteio.

Depois daí, veio a luta do visitante, relatada por Sérgio Ponte. O Alvinegro pressionou, principalmente no segundo tempo, rumo ao empate. Após o lance decisivo aos 31 minutos da etapa final e com dois a menos, o Vovô não conseguiu mostrar a mesma força de antes. O empate não veio e o Grêmio foi campeão no papel. Para os torcedores e jogadores do Ceará, porém, a taça deveria estar até hoje em Porangabuçu.

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