Atualizada em 11/03/2021
Grandes jogadores marcam o nome nas páginas dos jornais, mas são poucos os que sobem a ponto de imprimir o nome na lista dos melhores de um ano. Tal ranking ficou ainda mais limitado a partir do final dos anos 2000. Foi então que um português e um argentino tomaram o mundo da bola de assalto, tanto em conquistas coletivas ou individuais. No esporte coletivo, peça isolada não faz a engrenagem girar só, porém, com foras de série tais quais os dois, fatalmente vitórias e conquistas se acumulam. A hegemonia é tanta — eles ficaram com os prêmios de melhor do mundo da Fifa e da revista France Football em 11 dos últimos 13 anos — que parecia eterna.
Neste período, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo proporcionaram verdadeiro espetáculo. Argentino e português travaram batalhas anuais pelo trono de melhor jogador do planeta. O primeiro ficou com 6, o segundo com 5. Cada um com seu estilo. De um lado, um camisa 10 capaz de deixar companheiros de frente para o gol, driblar adversários e marcar golaços num estilo de puro talento. Do outro, o camisa 7 que soube se reinventar com o avançar de idade e foi de driblador veloz a máquina de gols, dominante em todos os fundamentos numa forma apurada em muitos e muitos treinos.
Ser decisivo em competições importantes é fundamental para consolidar a carreira de um jogador. Na Liga dos Campeões, principal competição entre clubes do mundo, os craques possuem vasto currículo de grandes atuações, títulos e gols. Cristiano Ronaldo é o maior artilheiro, com 135 gols. O vice é Messi, com 120, e dois anos de idade a menos.
A temporada 2020/2021 representou quebra. Pela primeira vez desde a temporada 2004/05, as quartas de final da Champions League não tiveram qualquer um destes craques. A Juventus, de Cristiano Ronaldo, caiu nas oitavas de final, derrubados pela zebra Porto. O Barcelona, de Lionel Messi, parou também nas oitavas, com direito a uma impiedosa goleada sofrida por 4 a 1 diante do PSG no jogo de ida, em pleno Camp Nou. O empate na volta por 1 a 1 até teve desempenho aceitável do Barça, que de nada adiantou para reverter.
A queda precoce é emblemática naquilo que se desenha como possível início do fim da supremacia de mais de uma década. Parece que, enfim, o pai tempo cobra passagem: Cristiano Ronaldo tem 36 anos, Messi, 33 - completa 34 em junho. Parece ser humanos, depois de tudo.
Para o jornalista Bruno Formiga, da TNT Sports Brasil, os supercraques não vão deixar imediatamente de ser decisivos, mas o abismo entre eles e as demais estrelas do futebol tende a diminuir. "O domínio dos craques no futebol mundial está perto do fim, muito por conta da idade também", argumenta.
Colunista do UOL, Julio Gomes acrescenta que a queda do futebol apresentando por Juventus e Barcelona deve ser levada em consideração para medir o suposto ocaso da supremacia. "O domínio foi longo, talvez nunca antes visto no futebol, mas está chegando ao fim. Os times estão piores, até porque eles já não conseguem fazer os companheiros jogarem melhor".
A pandemia não pode ser descartada como fator, já que a temporada anterior teve de ser paralisada por três meses, e atual tem um calendário de muitos jogos e poucas datas, lembra o jornalista Gustavo Hofman, dos canais Disney. "(A pandemia) Acabou ocasionando resultados inesperados. Uns times voltaram melhor (da parada) e outros não. Juventus e Barcelona, por exemplo, voltaram jogando bem pior".