Logo O POVO+
Mais de 50 casos de Covid-19 em jogadores do futebol cearense nas Séries A a D
Esportes

Mais de 50 casos de Covid-19 em jogadores do futebol cearense nas Séries A a D

Depois de alguns casos registrados na retomada dos treinos, Ceará e Fortaleza só voltaram a ter jogadores contaminados em novembro. Na Série C, Ferroviário passou em branco, mas na Série D, Floresta e Guarany de Sobral tiveram casos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Derley, do Fortaleza, foi o caso de Covid-19 mais recente no futebol cearense (Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)
Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO Derley, do Fortaleza, foi o caso de Covid-19 mais recente no futebol cearense

Em meados de setembro, quando O POVO publicou reportagem mostrando que se discutia, nos bastidores do futebol brasileiro, possível volta de público aos estádios de futebol em percentuais reduzidos, dirigentes do futebol cearense defenderam que o Estado podia ser vanguardista na liberação.

A afirmação, à época, se apoiava na tendência de queda do número de contaminados na sociedade e também no sucesso dos protocolos utilizados pelos clubes, tanto para treinos quanto para jogos. Da reta final da Copa do Nordeste até outubro, nenhum jogador de Ceará, Fortaleza e Ferroviário havia sido contaminado pelo novo coronavírus, contrariando, inclusive, onda que se espalhava pelos clubes do Sudeste.

Em novembro, porém, essa realidade mudou. Casos de jogadores contaminados pela Covid-19 começaram a surgir nos dois maiores clubes da Capital. Até aqui, o Ceará teve cinco contaminados (Brock, Vina, Lacerda, André Luiz e Saulo Mineiro), enquanto o Fortaleza já chega a oito (Osvaldo, Yuri César, Paulão, Gabriel Dias, Marlon — que não faz mais parte do elencoWellington PaulistaRomarinho e, mais recentemente, Derley). Os dois também tiveram casos de dirigentes positivados.

Para o médico Gustavo Pires, chefe do departamento médico do Ceará, os casos que surgiram recentemente no clube são reflexos de um relaxamento social geral quanto às medidas para se evitar o contágio.

“A gente chegava nas cidades e os aeroportos ainda (estavam) bem vazios e a própria sociedade estava em fase de transição (no início do Campeonato Brasileiro, em agosto), mas as coisas foram (se) flexibilizando normalmente e você não tem como manter as mesmas regras, embora a gente sempre esteja reforçando as condições de isolamento social, trabalho com estafe reduzido, uso de máscara enquanto não estiver em treinamento e todas as outras medidas de comportamento individual. (Essas medidas) estão sempre sendo reforçadas pela nossa equipe. O fato é que o aumento de casos agora não é só no futebol. Isso coincide com nossa Cidade, com nosso Estado", argumenta.

Craque do Ceará, Vina desfalcou o time por três jogos no Brasileirão
Craque do Ceará, Vina desfalcou o time por três jogos no Brasileirão (Foto: Aurelio Alves)

A explicação de Gustavo Pires converge com estudo feito pela CBF e divulgado em 20 de novembro, no qual afirma não haver evidência de contaminação dos atletas durante a realização de partidas. Ou seja, o problema seria dentro de cada clube. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o coordenador médico da CBF, Jorge Pagura, disse que os casos no futebol refletiam o que acontecia na sociedade. "Cabe a cada clube se policiar, orientar seus jogadores, comissão técnica”.

Além de reforçar diariamente as medidas do protocolo, o Ceará vem adotando medidas para garantir que não haja um “super-espalhador”. Uma delas tem a ver com as viagens. "Quando o Ceará viaja e faz conexão em São Paulo ou Rio de Janeiro, você chega lá e parece que não tem pandemia, tamanho é o número de pessoas que circulam no desembarque (...) A gente tá pagando para fazer desembarque por uma área que não cruze com muitas pessoas, a gente está reforçando a questão do acesso restrito aos hotéis", garante.

O médico do Vovô disse ainda que todos os jogadores do clube que foram contaminados tiveram sintomas leves ou ficaram assintomáticos e, ao voltar do período de isolamento, fizeram novos testes para Covid-19 e cardíacos. Além disso, quando novo caso aparece, o colega de contato mais próximo (com quem divide quarto na concentração) também é submetido a exames e geralmente tem dado negativo.

O POVO tentou ouvir o departamento médico do Fortaleza sobre o assunto, via assessoria de imprensa, mas obteve como resposta que o clube não falaria sobre essa questão no momento.

Problemas na Série D

Os casos de contaminação nos clubes cearenses em meio ao Campeonato Brasileiro vieram mais à tona quando apareceram nos dois times da Série A, que naturalmente possuem mais visibilidade. Entretanto, equipes como Floresta e Guarany de Sobral, participantes da Série D, tiveram 8 e 11 contaminados, respectivamente, até aqui.

Na Série C, o Ferroviário registrou casos apenas antes de estrear na competição, mas, segundo a assessoria do clube, isso foi fruto da reformulação do elenco. Foram 9 casos positivos, sendo que alguns já chegaram no Elzir Cabral com o vírus e contaminaram outros. Durante a disputa, somente dois funcionários testaram positivo para o vírus.

Quanto às contaminações antes das competições, o médico do Ceará destacou que aconteceram na fase de pré-treino (trabalhos remotos), ou seja, não havia protocolo de isolamento. Depois que todos se apresentaram para início da preparação conjunta, novos casos só foram registrados recentemente, em novembro, ressalta Gustavo Pires.

Atletas do futebol cearense que tiveram Covid-19

Jogadores contaminados em meio ao Campeonato Brasileiro: 32

Ceará: 5
Fortaleza: 8
Ferroviário: 0
Floresta: 8
Guarany de Sobrasl: 11

Jogadores contaminados previamente (fases de treinos): 23

Ceará: 11
Fortaleza: 2
Ferroviário: 9
Floresta: 0
Guarany-S: 0

Total de atletas contaminados (dos clubes cearenses participantes do Campeonato Brasileiro): 55

O que você achou desse conteúdo?