Logo O POVO+
Bastidores, perfil e e ideia de jogo: o que Palermo pode entregar no Fortaleza
Esportes

Bastidores, perfil e e ideia de jogo: o que Palermo pode entregar no Fortaleza

O treinador argentino, ídolo e maior artilheiro do Boca Juniors como jogador, chega ao Pici com uma difícil missão de salvar o Leão do rebaixamento à Série B
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Martín Palermo, novo técnico do Fortaleza (Foto: DANIEL DUARTE / AFP)
Foto: DANIEL DUARTE / AFP Martín Palermo, novo técnico do Fortaleza

O Fortaleza foi na contramão do que seria um movimento óbvio — buscar um nome no cenário nacional para tentar reverter a difícil situação do time na Série A — e apostou novamente em um técnico argentino, decisão que, inevitavelmente, é associada ao sucesso recente de Juan Pablo Vojvoda. Mas, na prática, Palermo tem um perfil diferente dos dois comandantes que estiveram à frente do Leão em 2025.

Nos bastidores da negociação com o ex-jogador e ídolo do Boca Juniors-ARG, o departamento de futebol do Leão agiu de forma sigilosa e, principalmente, rápida e objetiva. As conversas com Palermo se desenrolaram durante a quarta-feira passada, e o desfecho positivo não demorou a acontecer. A escolha pelo treinador foi fundamentada em dez pilares.

Segundo a coluna de Fernando Graziani, foram eles: quebra de padrão, para fugir do óbvio; acompanhamento prévio, já que Palermo vinha sendo monitorado anteriormente; receptividade nas conversas; aval do Centro de Inteligência do Fortaleza (Cifec); reunião em vídeo produtiva; convicção no “olho no olho”; aceitação do desafio por parte do argentino; integração com a comissão fixa do clube; identificação com o elenco, que conta com vários conterrâneos.

Palermo, em nenhum momento das tratativas, titubeou quanto ao desafio proposto. Internamente, os dirigentes tricolores viram no treinador uma pessoa capaz de chacoalhar o elenco, elevar o ânimo e, claro, organizar taticamente a equipe. Desde o princípio, após a demissão de Renato Paiva, o Fortaleza havia traçado como prioridade ter um comandante que conseguisse tornar o time mais sólido na defesa, com modelo de jogo reativo.

Maior artilheiro da história do Boca Juniors, Martín Palermo passou pela pressão de grandes torcidas, títulos relevantes e provações pela seleção nacional enquanto jogador — chegou a ser, inclusive, parceiro de Maradona dentro de campo. Como técnico, soma dois trabalhos de maior destaque, o principal protagonizado na temporada passada, no Olimpia, quando se consagrou campeão paraguaio.

Além do Olimpia, também se destacou no Platense, onde levou o clube a uma final nacional após 80 anos. No currículo, conta ainda com passagens pelo Unión Española-CHI — time que comandou por mais tempo na carreira, em 88 jogos —, Curicó Unido-CHI, Pachuca-MEX, Aldosivi-ARG, Arsenal de Sarandí-ARG e Godoy Cruz-ARG.

Taticamente, o histórico positivo de Palermo é conseguir montar boas defesas, que normalmente se protegem com duas linhas de quatro jogadores e buscam transições rápidas e efetivas. Por vezes, situa seu time entre os melhores ataques da liga que disputa, mesmo com poucas chances criadas. No Fortaleza, terá a missão de potencializar os atacantes, que vivem seca de gols.

Fora da sua formação favorita, o 4-4-2, já organizou equipes no esquema 4-1-4-1, como vinha trabalhando no Olimpia nesta temporada, até ser desligado do clube após uma sequência negativa e uma goleada sofrida para o Vélez Sarsfield, por 4 a 0, pela Copa Libertadores. Em resumo, Palermo prioriza a compactação defensiva, não é adepto de grande posse de bola e busca, em seus times, transições rápidas e eficiência nas poucas chances criadas.

Palermo é a última cartada do Fortaleza para tentar escapar do rebaixamento. Por aqui, o argentino precisará, além de todos os desafios, conseguir algo inédito na história do Brasileirão desde que passou a ter 20 clubes, em 2006: livrar um time da Série B tendo apenas 15 pontos em 21 jogos — cenário atual do Leão, vice-lanterna do torneio. (Com Rangel Diniz / Especial para O POVO)

O que você achou desse conteúdo?